O mundo está caminhando para um período de "grande ruptura sem nenhuma liderança" após a pandemia, disse ele à BBC.
A divisão entre as duas superpotências vai exacerbar isso, alertou.
O professor da Universidade de Columbia culpou o governo dos EUA pelas hostilidades entre os dois países.
"Os EUA são uma força de divisão, não de cooperação", afirmou à BBC.
"É uma potência que tenta criar uma nova guerra fria com a China. Se isso prosperar - se esse tipo de abordagem for usado, não voltaremos ao normal; na verdade, entraremos em uma controvérsia maior e em um maior perigo de fato."
As tensões crescem
Os comentários de Sachs ocorrem quando as tensões entre os EUA e a China continuam a crescer em várias frentes - não apenas no comércio.
Nesta semana, o presidente Trump assinou legislação autorizando sanções dos EUA contra autoridades chinesas responsáveis %u200B%u200Bpela repressão aos muçulmanos na província de Xinjiang.
E, em entrevista ao Wall Street Journal, Trump disse acreditar que a China pode ter incentivado a propagação internacional do vírus como uma maneira de desestabilizar as economias concorrentes.
O governo Trump também tem como alvo empresas chinesas, em particular a gigante chinesa de telecomunicações Huawei, que Washington diz estar sendo usada para ajudar Pequim a espionar seus clientes. A China nega isso, assim como a Huawei.
Mas a posição dura do presidente Trump sobre a China e a Huawei pode ter sido parte de uma manobra política para ser reeleito - pelo menos de acordo com um novo livro do ex-conselheiro de Segurança Nacional John Bolton.
Sachs concorda que atingir a Huawei nunca foi simplesmente uma preocupação de segurança.
"Os EUA ficaram para trás em relação ao 5G, que é uma parte crítica da nova economia digital. E a Huawei estava ganhando uma participação cada vez maior dos mercados globais. Os EUA inventaram, na minha opinião, a visão de que a Huawei é uma ameaça global. E se apoiaram muito nos aliados dos EUA ... para tentar romper as relações com a Huawei", disse ele.
A tensão aumenta
Os EUA não são o único país com o qual a China está em conflito.
Nesta semana, as tensões aumentaram na fronteira Índia-China, com pelo menos 20 soldados indianos mortos em alguns dos piores casos de violência que os dois lados viram em quase cinquenta anos.
E a China tem ativamente financiado projetos econômicos no Paquistão, Mianmar, Sri Lanka e Nepal - vizinhos mais próximos da Índia. Por isso, a Índia teme que Pequim esteja tentando interromper sua influência na região.
Sachs diz que a ascensão da China é preocupante para seus vizinhos na Ásia - especialmente se ela não fizer mais para mostrar que está tentando crescer de maneira pacífica e cooperativa.
"Se eu acredito que a China poderia fazer mais para aliviar medos que são muito reais? Acredito que sim", afirmou.
"A grande escolha, francamente, está nas mãos da China. Se a China for cooperativa, se envolver em diplomacia, cooperação regional e multilateralismo, em outras palavras, "soft power", porque é um país muito poderoso... Daí acho que a Ásia tem uma incrível futuro brilhante."
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