
As chance de Biden, democrata, e Trump, republicano, conquistarem cada, 269 delegados, não são das mais altas. Mesmo assim, pode acontecer. O Congresso entra em cena para resolver a questão, mas a fórmula é ligeiramente complexa.
Os Estados Unidos têm 50 estados, que dividem os 435 assentos da Câmara dos Deputados. Se couber aos parlamentares dar os rumos à eleição presidencial, eles não votarão individualmente. Cada unidade da federação tem direito a uma manifestação — portanto, as bancadas estaduais devem entrar em consenso. Assim, localidades dominadas por democratas tendem a referendar Biden, enquanto áreas de maioria republicana escolheriam Trump.
Na eleição legislativa, os democratas mantiveram o domínio do Parlamento. Estimativa da agência noticiosa Associated Press dá, até agora, 189 cadeiras ao partido de Biden. A sigla de Trump, por outro lado, já conquistou 181.
Contudo, para saber os partidos responsáveis por ter a maioria dos congressistas de cada estado, será preciso aguardar a totalização dos votos, visto que a apuração segue ritmo diferenciado conforme as regiões do país. Nevada, por exemplo, paralisou a divulgação da contagem por cerca de 24 horas.
Eleição 'dividida'
O vice-presidente, por outro lado, seria escolhido pelos 100 senadores. Nesse caso, os votos são individuais, bastando maioria simples para a vitória. Participariam do pleito os dois vice-candidatos mais votados na eleição 'tradicional'.Se a votação indireta para presidente terminar com placar de 25 a 25, novos pleitos são realizados pelos deputados até que haja desempate. Se o imbróglio persistir até a posse, o vice assume interinamente. A Constituição dos Estados Unidos determina a participação, na eleição indireta, dos três postulantes mais votados pela população. Isso, na prática, nada significa, visto que o Congresso Nacional é controlado pelos dois partidos majoritários.
O colégio eleitoral
Estado mais populoso, a Califórnia tem 55 cadeiras no colégio eleitoral. Outro local famoso, a Flórida tem 29. Regiões menores têm menos representação: o vencedor no Alasca, por exemplo, fatura apenas três delegados. O colégio eleitoral tem grande importância na eleição estadunidense.
Em 2016, por exemplo, Hillary Clinton, do Partido Democrata, venceu Trump no voto popular. O republicano, contudo, triunfou em estados representativos, como a Flórida, e acabou levando a melhor.
O Maine é um dos estados que divide suas cadeiras no colégio eleitoral conforme o desempenho dos candidatos nas urnas. A tendência é que Joe Biden vença por lá, mas não conquistou as quatro vagas locais. Se a apuração mantiver o ritmo atual, o triunfo dará a ele três delegados; Trump ficará com o outro. O Nebraska é outro estado a adotar a modalidade proporcional de delegados.
Independentes têm desempenho irrisório
Se engana quem pensa que a eleição estadunidense é composta apenas por republicanos e democratas. Diversos partidos lançaram candidatos ao legislativo e, também, à presidência. O rapper Kanye West foi um deles. A pouca representatividade de candidaturas que fogem dos dois maiores partidos, porém, inviabiliza o êxito de nomes não-republicanos ou não-democratas.
O Partido Libertário tem Jo Jorgensen, enquanto o Partido da Solidariedade tem o professor aposentado Brian Carroll, por exemplo.
Há candidaturas que fogem drasticamente da linha política historicamente adotada pelos Estados Unidos. Gloria La Riva, que representa a extrema-esquerda pelo Partido pelo Socialismo e Libertação, defende o fim do capitalismo — e a vigência de um regime socialista —, além do fim da intervenção ianque na vida pública de países como a Venezuela.

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