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Estado de Minas VIDA DE PROFESSOR

Educadores que cultivam sonhos

Mestres realizados no ofício de ensinar superam as dificuldades dentro da sala de aula para multiplicar nos alunos a satisfação do exercício da profissão


11/10/2023 04:00 - atualizado 11/10/2023 07:06
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Adriano Augusto Vivas Maia
Adriano Augusto Vivas Maia acredita que a educação, por meio do esporte, ajuda os estudantes a trilharem caminhos vitoriosos (foto: TÚLIO SANTOS/EM/D.A PRESS)

 
Voz, corpo, conhecimento. Em sala de aula, quadra de esporte, palco, laboratório e onde mais houver alunos, o professor está sempre pronto para transmitir a teoria e orientar a prática, acompanhar a evolução de cada um.
 
Com suas histórias de vida e descobertas da vocação ainda bem cedo, três docentes contam, nesta reportagem dedicada aos professores, como tem sido a trajetória feita de estudo, determinação, esforço. Não é um mar de rosas, sabem de cor e salteado, mas procuram encontrar as melhores ondas, com mergulhos profundos, para chegar ao objetivo: ensinar, educar, preparar.
 

"Atuar é seduzir a plateia. Lecionar, despertar, nos estudantes, o desejo de aprender. Tudo isso é encantamento. E o mundo precisa demais dele"

Elisa Santana Atriz, escritora, cantora e professora por mais de duas décadas na PUC Minas, na capital

 
 
“Concretizo, a cada dia, um sonho, o de ser professora. E minha vontade é que meus alunos também realizem os seus”, diz, com sabedoria, a professora de história Fabíola Franca Ferreira, de BH.

DESPERTAR O POTENCIAL

“Mens sana in corpore sano”. A frase em latim, que se traduz por “mente sã, corpo são”, norteia a vida de muita gente como ideal de felicidade, e, nesta semana de homenagens aos professores, ganha ainda mais sentido como mensagem aos estudantes.
 
“Tudo o que desejo para meus alunos é que sejam felizes, de corpo e alma. A nós, docentes, cabe despertar o potencial, fazendo com que eles se descubram”, diz Adriano Augusto Vivas Maia, professor de educação física e de corpo, movimento e cultura no Colégio Santa Maria, nas unidades Pampulha e Coração Eucarístico, em Belo Horizonte.
 

%u201CA vida exige muitas lutas, muitas batalhas, mas, com a educação, podemos chegar onde quisermos%u201D

Fabiola Franca Ferreira Professora de história e mestre em tecnologia da educação, é docente no centenário Colégio Sagrado Coração de Jesus, em BH

 
 
Casado, pai de Ana Clara, de 18 anos, e professor há 25 anos, dos quais duas décadas no Santa Maria, Adriano Maia definiu sua profissão bem jovem, espelhado pelo pai, Fernando Vieira Maia, hoje com 78, então diretor de escola, e pela paixão pelos esportes.
 
“Acredito que a educação, principalmente o esporte, pode transformar a vida das pessoas. Ao longo dos anos, tenho muito retorno de ex-alunos, ainda mais quando os reencontro e ouço sua trajetória após a escola. Isso me deixa satisfeito, pois a educação física trabalha também as habilidades socioemocionais, indo além do exercício físico. 

AMBIENTE DE VALORIZAÇÃO

Professor de jovens de 10 a 17 anos (ensino fundamental 1 e 2 e ensino médio), Adriano se sente totalmente à vontade na quadra de esportes, que é, na verdade, a “sala de aula” do educador físico. Nesse espaço onde se praticam esportes, há lugar também para conversas, ponderações e valorização de alunos e alunas. Nos novos tempos, cada vez mais desafiadores, especialmente para aqueles que trabalham com adolescentes, o respeito se torna fundamental. “O professor precisa se adaptar ao mundo contemporâneo, à diversidade. As pessoas são diferentes, houve inúmeras mudanças desde que comecei minha carreira. Então, temos uma missão e várias responsabilidades, afinal, nosso maior desejo é que todos sejam felizes na vida pessoal e na escolha profissional.”
Aluna do terceiro ano do ensino médio na unidade Pampulha do Colégio Santa Maria, Maria Eduarda Goulart Silva, de 17, reforça que os tempos são realmente desafiadores, mas se sente segura pelo suporte dado pelo corpo docente e pela valorização dos estudantes.

DESEJO DESDE A INFÂNCIA

Também de Belo Horizonte, Fabíola Franca Ferreira sempre alimentou o desejo de lecionar. “Bem pequena, gostava de ‘dar aulinhas’, de chamar as colegas para brincar lá em casa, de mergulhar no universo de cadernos e livros. Lembro que, com o tempo, alfabetizei muitas crianças da minha rua, em Venda Nova”, conta a professora de história, formada na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e mestre em tecnologia da educação. “Concretizo, a cada dia, um sonho, o de ser professora. E minha vontade é que meus alunos também realizem os seus.”
 
Se o coração já batia forte pela futura profissão, referências importantes, nos ensinos fundamental e médio, indicaram a Fabíola o rumo certo. “Na escola em que estudava, tive uma professora chamada Mônica, que iluminou minha escolha. Havia pensado em estudar matemática, biologia, mas, nas aulas dela, me defini completamente. Já tenho 14 anos de formada. Valeu todo o esforço, pois, vindo da escola pública, ingressei na UFMG logo no primeiro vestibular e leciono em escolas respeitadas da capital.”
 
Fabíola Franca Ferreira viu três dos seus alunos colocarem no peito a medalha de ouro
Colhendo conquistas: Fabíola Franca Ferreira viu três dos seus alunos colocarem no peito a medalha de ouro na Olimpíada Nacional de História Brasileira (foto: LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS)

DEDICAÇÃO PREMIADA

Casada, mãe de Heloísa, de 4, e docente no centenário Colégio Sagrado Coração de Jesus, na Região Centro-Sul da capital, Fabíola participou recentemente de uma grande conquista. Três dos seus alunos conquistaram a medalha de ouro na Olimpíada Nacional de História Brasileira (ONHB), promovida anualmente pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), de São Paulo. Todos com 17 anos e alunos da terceira série do ensino médio, Stella Epiphanio Loureiro, Laura Barbosa do Amaral Leite e Eduardo Sousa Costa foram, depois, recebidos com aplausos no Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais (IHGMG), em BH.
 
Na mesma Olimpíada, alunos no Colégio São Tomás de Aquino, também sob sua orientação, fizeram bonito: “Duas equipes chegaram à final. Meu desejo é que todos se sintam estimulados para novas vitórias”, diz a professora, lembrando que houve participação de 120 mil inscritos na ONHB. “Fico feliz quando encontro ex-alunos que estão bem encaminhados, alguns deles cursando ou graduados em história”, afirma.

PURO ENCANTAMENTO

A longa jornada dedicada à arte e à educação leva Elisa Santana a uma reflexão fundamental sobre seu ofício e seu material de trabalho. “Nós, professores, somos voz, corpo, conhecimento. Em qualquer lugar que estivermos – na sala de aula, na quadra de esportes, no laboratório ou no palco de uma escola, pode ser no auditório, no anfiteatro ou num tablado –, trabalhamos com as palavras faladas, o movimento e tudo o que aprendemos em nossa formação.”
Professora por mais de duas décadas na PUC Minas, em Belo Horizonte, atriz com 40 anos de carreira, escritora e cantora, Elisa se mantém em constante. Natural de Santa Luzia, na Grande BH, e residente no Bairro Coração de Jesus, na Região Centro-Sul da capital, ela, atualmente, dá aula de teatro para um grupo de “mulheres maduras”, informalmente chamado de “As lindonas”, e dirige uma peça.
 
Na conversa com a artista, professora e mãe da bióloga Joana Santana Guimarães Moreira, é possível notar que ela inspira e transpira arte – os olhos brilham, as frases saem pausadas, as mãos abraçam o mundo. “Professor e ator são atividades diferentes, mas vejo um traço de união: o encantamento”, destaca Elisa Santana.  

Reportagem especial  

Em homenagem à Semana do Professor, o Estado de Minas publica desde domingo (8/10) série especial que mostra histórias e desafios enfrentados pelo profissional que, em muitos casos, torna-se suporte essencial às famílias de crianças e adolescentes. A primeira reportagem mostrou a situação atual da educação infantil em Janaúba, Norte de Minas, cidade marcada pelo heroísmo da educadora Helley de Abreu, que morreu tentando salvar alunos de incêndio criminoso na Creche Gente Inocente, em 5 de outubro de 2017. No segundo dia, o EM revelou a dedicação de mestres que cresceram em comunidades carentes e, formados, se dedicaram a ajudar a transformar a realidade de alunos que enfrentam condição semelhante. No terceiro, a satisfação daqueles que lecionam para jovens e adultos.   
 

 
 


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