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Estado de Minas CICLISMO

Atropelado em BH, bicampeão de ciclismo Ricardo Alcici manda recado aos motoristas

Ciclista de estrada foi atingido por carro na Pampulha e ainda se recupera no hospital. De lá, manda o recado: 'O compartilhamento da rua é super possível e o respeito deve estar sempre acima do egoísmo'


08/10/2020 13:21 - atualizado 08/10/2020 14:00

Atleta venceu prova do Campeonato Brasileiro de 2010 e é especializado em treinamento esportivo(foto: Reprodução da internet/Instagram/@ricardoalcici)
Atleta venceu prova do Campeonato Brasileiro de 2010 e é especializado em treinamento esportivo (foto: Reprodução da internet/Instagram/@ricardoalcici)
O bicampeão brasileiro de ciclismo de estrada e vice-presidente da Federação Mineira de Ciclismo (FMC), Ricardo Alcici Matos, de 40 anos, se recupera ainda no hospital, no Bairro Santa Efigênia, na Região Leste da capital, das fraturas após o acidente na Pampulha. Ainda do quarto, ele  chama a atenção para a conscientização dos motoristas para que outros acidentes como esse não ocorram.
"Alguns motoristas, são bem bacanas. Brincamos que também são ciclistas. Mas ainda acho que a maioria acha que ciclista deve andar na ciclovia e não é bem assim", disse.

Ricardo Alcici Matos é um ciclista de estrada. Foi bicampeão brasileiro na sua categoria, além de ter sido campeão da prova de quilômetro do Campeonato Brasileiro de 2010. Em 2012, venceu também a prova por equipes. É pós-graduado em treinamento esportivo e bem ativo nas redes sociais, divulgando conteúdos sobre treinamentos e ciclismo.

Ricardo explica que ciclistas em treinamento acima de 25km/h devem andar na pista de rolamento. "Motoristas passam buzinando como se tivéssemos atrapalhando, atrasando as pessoas, a ponto de ficarem iradas. Costumo em meio à ira e buzinas, cumprimentar e tentar passar a mensagem de que somos pessoas, pais, maridos, filhos, esposas, mães", disse. Ele sustenta que o compartilhamento da pista é possível e o respeito deve estar sempre acima do egoísmo. "O número de ciclistas aumentou demais e os novos adeptos também precisam de se preparar para esse trânsito. Seja na pista de rolamento, seja na ciclovia onde também existem muitos acidentes", acrescentou.

Aos motoristas, ele deixa um recado: "Motorista, passou pela orla ou em qualquer lugar com ciclistas, vá devagar, respeite, tenha direção defensiva. A orla e locais com ciclistas não é local de correria, de ganhar tempo, de cortar caminho e sair na frente de um ou dois carros. Essa pressa pode atrasar muito e causar grandes consequência."

Recuperação

Ele foi atropelado na madrugada de terça-feira (6), na Avenida Otacílio Negrão de Lima, no Bairro Bandeirantes, Região da Pampulha, em Belo Horizonte. "Lembro-me de uma van vindo no sentido contrário, na mão normal. Depois disso, me lembro de estar passando o telefone da minha esposa para um amigo. Algumas lembranças de dentro da ambulância onde chamei os paramédicos de anjos. Depois somente dentro do hospital realizando exames", contou Ricardo ao Estado de Minas nesta quinta-feira.



Ricardo Alcici sofreu ferimentos na clavícula, vértebras, contusão pulmonar, além de cortes e escoriações. O local do acidente foi periciado pela Polícia Civil e a bicicleta do atleta foi entregue a um conhecido.

"Hoje, estou melhor do que ontem. As dores começaram a se localizar. Ainda com um pouco de falta de ar devido à lesão no pulmão e dependo dela para ter alta. Bem provável que seja amanhã (9)", acrescentou. Ainda de acordo com ele, a princípio, são 30 dias de colete cervical, cuidados gerais e, em breve, cirurgia no joelho.

O dia do acidente

A Polícia Militar (PM) foi chamada às 5h57. Quando os militares chegaram ao local, o ciclista estava consciente e sendo levado de ambulância a um hospital particular no Bairro Santa Efigênia, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Os policiais foram até lá para ouvi-lo.

Segundo o boletim de ocorrência, ele conta que, por volta das 5h40, se encontrou com um amigo perto da Toca da Raposa e seguiram pedalando juntos. Ao passar pela rotatória entre a Avenida Otacílio Negrão de Lima e a Rua Orsi Conceição de Minas, ele não se lembra de mais nada.

Danos nos veículos evidenciavam o forte impacto da colisão. Trecho da avenida foi parcialmente interditado pela manhã(foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)
Danos nos veículos evidenciavam o forte impacto da colisão. Trecho da avenida foi parcialmente interditado pela manhã (foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)
Já o amigo que o acompanhava contou que eles seguiam no sentido Zoológico, pedalando a cerca de 55 quilômetros por hora. Ao passar pelo trecho da orla, se depararam com um Gol ultrapassando outro carro e uma van. Foi esse Gol que atingiu Matos. O outro ciclista escapou da colisão porque estava um pouco mais atrás e conseguiu passar entre os dois carros.

Inicialmente, a PM foi informada via 190 que o veículo que atingiu o ciclista estaria desgovernado. No entanto, o condutor do Gol, que tem 46 anos, disse que seguia pela orla, sentido Centro, quando viu dois veículos lentos à frente. Ele ultrapassou um deles, mas foi surpreendido pelo ciclista, que não tinha visto até então. O motorista ainda contou que tentou jogar o carro na direção do meio-fio, mas não conseguiu evitar a batida.

Ao ser questionado sobre uma possível judicialização do caso, Ricardo disse que "ainda não pensei nisso, mas acho que a minha energia deve se concentrar em propagar mais respeito, em desenvolver campanhas de conscientização de tudo que foi falado acima". Ele ainda indica que já perdoou o motorista. "Achamos que nunca as coisas vão acontecer, mas precisamos ser mais cautelosos, principalmente o de podermos atingir terceiros com nossas atitudes", finalizou.

As investigações

Na quarta-feira (7), a Polícia Civil informou que a apuração do caso será realizada pela Divisão Especializada em Prevenção e Investigação de Crimes de Trânsito (DEPICT). Segundo a instituição, o motorista do carro é habilitado, não estava com sinais de embriaguez e prestou socorro a Ricardo Alcici.

“A perícia esteve no local, e a previsão é que o laudo pericial fique pronto em 30 dias. Uma equipe da DEPICT será encaminhada ao local para verificar se há câmeras ou elementos que colaborem na apuração dos fatos”, diz a nota. A Polícia Civil também explica que para a instauração do inquérito, o ciclista ou representante legal precisa fazer uma representação criminal na divisão especializada em até seis meses. 

(Com informações de Cristiane Silva, Mariana Costa* e Ralph Assé*)

* Estágiários sob supervisão da subeditora Marta Vieira


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