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Estado de Minas VALE DO RIO DOCE

Depois de quase 500 dias internada, Dona Terezinha está em casa

Ela ficou 487 dias no hospital em Governador Valadares, com doença respiratória grave. Não contraiu a COVID-19 e comemorou a sua alta dizendo que quer esquecer de tudo


26/08/2020 16:09 - atualizado 26/08/2020 16:58

Um papagaio estampado na fronha do travesseiro de Dona Terezinha, supre a ausência de Cocota, que não pode entrar no quarto(foto: Lucinete Silva / Álbum de Família)
Um papagaio estampado na fronha do travesseiro de Dona Terezinha, supre a ausência de Cocota, que não pode entrar no quarto (foto: Lucinete Silva / Álbum de Família)
A história de vida de Terezinha da Silva, uma senhora de 82 anos de idade, moradora do Bairro São Paulo, em Governador Valadares, teve muitos capítulos emocionantes. E continua, a cada dia, causando emoções. Nesta quarta-feira ela fez pose de celebridade para a filha Lucinete Alexandre, logo após o banho matinal. “Já falamos pra ela que, agora, ela é celebridade, sempre procurada pela imprensa”, disse a filha, feliz por ver a boa recuperação da mãe, que ficou internada no Hospital Unimed de Governador Valadares durante quase 500 dias.

Foram exatos 487 dias internada, tratando de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), que causa nos pacientes sérias dificuldades para respirar. Nesse período, muitas dificuldades e angústias se apresentaram para ela e sua família. Embora não tenha sido infectada pelo novo coronavírus, Terezinha viveu momentos de apreensão, junto com sua família e as equipes de saúde do hospital. Afinal, ela jamais poderia ter contato com o vírus. “Essa era a maior preocupação nossa. E de todos lá do hospital”, disse Lucinete.

A preocupação continua. As visitas dos familiares são controladas com rigor. “Todo mundo está querendo ver e rever a bisavó, avó e mãe de todos, mas a gente só deixa entrar no quarto um ou dois de cada vez”, disse Lucinete, que barrou a entrada de dois membros da casa: Suzy, uma cadelinha da raça pinscher, e o papagaio Cocota.

Mas a algazarra de Suzy e Cocota é ouvida em toda a casa e isso deixa Dona Terezinha feliz. Suzy deu piruetas quando viu a chegada de Dona Terezinha, dias atrás, logo depois da alta hospitalar.

A voz de Dona Terezinha está fraca, mas ela conversa com a família e a enfermeira, que está sempre por perto para que sua recuperação seja a melhor possível. “O que passou, passou, são águas passadas”, como ela mesma diz, sempre. E não quer se lembrar dos maus momentos, apenas das amizades feitas durante o tempo em que esteve no hospital. 
 

Novas amizades 

Andreia Pedrosa, assistente social da Unimed, é uma das amizades conquistadas durante o longo período de internação. “Quando eu chegava ao quarto dela e dizia ‘tô aqui, Dona Terezinha’, eu via que ela ficava feliz e tranquila”, comenta Andreia, lembrando que o tratamento dos pacientes exige algo mais que o medicamento. “Bom dia, boa tarde, estou aqui, são coisas que fazem a diferença”, disse.

Quando Dona Terezinha deixou o hospital, a emoção todos foi grande. Andreia conta que a história dessa paciente com tanto tempo de internação comoveu por muitos motivos. “A gente que está ali, no dia a dia, passa a conhecer os problemas, as angústias, as situações difíceis enfrentadas pela família. Então, para todos foi uma alegria enorme e a certeza de que a gente faz a diferença.”

Em casa, Dona Terezinha está feliz, cercada de carinho. Quem não pode entrar para vê-la sempre pergunta por ela, que, nesses 82 anos de vida, conquistou muitos amigos, a maioria clientes de seu restaurante, conhecido por servir “frango no bafo”, um frango assado diferente, feito em uma churrasqueira que fica na calçada e atrai a clientela pelo cheiro.

O restaurante fica próximo ao Parque de Exposições da União Ruralista Rio Doce, que promove anualmente a Exposição Agropecuária. “Muitas pessoas conhecem a minha mãe lá da exposição. Durante muitos anos ela montou o restaurante lá dentro, e sempre atendeu a todos de uma forma muito gentil”, relembra Lucinete.

A emoção continua


Assim como Dona Terezinha, mas sem o longo período de internação a que ela foi submetida, outros pacientes deixaram na terça-feira o hospital sob forte emoção. Todos eles eram pacientes da UTI COVID-19. Carlos Vidal, 60 anos, Javany Morais, 48 anos, e Maria das Graças, 69 anos, ficaram internados pro quase dois meses. Os três superaram a doença com o esforço próprio e dos profissionais de saúde.

Carlos não imaginava que lutaria contra algo invisível: o novo coronavírus. Foi lutando durante 53 dias internado, sendo 38 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que o ele venceu o vírus. No mesmo dia, Javany Morais, de 48 anos, passou pela emoção de ir para casa, recuperado da COVID-19. Foi com o punho erguido, em sinal de vitória, que ele deixou o hospital,

Maria das Graças, 59 anos, ficou exatos 59 dias em tratamento, sendo 50 longos dias na UTI. Portadora de Fibromialgia (síndrome que provoca dores no corpo), ela derrotou a maior ameaça de sua vida. O dia de sua alta marcará também a história dos seus três filhos, como a data que a matriarca sobreviveu ao COVID-19.


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