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Estado de Minas DIA DO TRABALHO

'Meios de comunicação permitem proximidade espiritual', diz bispo em missa

Impedidos de ocupar a Praça da Cemig, em Contagem, ponto de encontro tradicional para a homilia de 1º de Maio, devido ao coronavírus, fiéis puderam acompanhar a celebração em casa pela televisão e internet


postado em 01/05/2020 11:33 / atualizado em 01/05/2020 13:10

Tradicional Missa do Trabalhador, em Contagem, foi transmitida pela TV e internet(foto: Thais Milani/Arquidiocese de BH/Divulgação)
Tradicional Missa do Trabalhador, em Contagem, foi transmitida pela TV e internet (foto: Thais Milani/Arquidiocese de BH/Divulgação)

Em 2020, a tradicional missa dedicada ao 1º de maio em Contagem, na Grande BH, ganhou um formato diferente por conta da pandemia do coronavírus. Em sua 44ª edição, a missa do trabalhador deixou a Praça da Cemig, na cidade, e foi transmitida ao vivo pela televisão e redes sociais.

A missa é celebrada com a coordenação da Arquidiocese de Belo Horizonte, por meio da Região Episcopal Nossa Senhora Aparecida (Rensa). A homilia foi presidida pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de BH, Dom Vicente de Paula Ferreira, ao lado do padre Jean Aguiar, vigário episcopal da região epsicopal Nossa Senhora Aparecida, e o padre Joel Maria dos Santos, vigário episcopal para ação pastoral da Arquidiocese de BH.

O dia lembra São José Operário, quando milhares de trabalhadores pedem a intercessão do santo, protetor dos operários, e agradecem por graças obtidas, em um momento de fé e comunhão. Marido de Maria, mãe de Jesus, São José era carpinteiro. Com a data, a Igreja pede a todos que reconheçam a dignidade do trabalho, solicitando que também o trabalhador seja respeitado como colaborador de Deus na obra da criação.

"Apesar do distanciamento físico, agradecemos a Deus por termos os meios de comunicação que permitem a proximidade espiritual", disse o bispo Dom Vicente de Paula Ferreira, que celebrou a missa (foto: Thais Milani/Arquidiocese de BH/Divulgação)

Todos os anos, a missa reúne cerca de 5 mil pessoas na praça, que levam as carteiras de trabalho para serem abençoadas, mas nesta sexta-feira teve que ser acompanhada à distância. A missa aconteceu na sede da Cúria Regional Nossa Senhora Aparecida, no Bairro Cidade Industrial, em Contagem, e foi assistida presencialmente apenas por colaborades da instituição.

"Hoje seria um dia com muitas pessoas reunidas nessa festa, mas por causa do isolamento nos fazemos poucos e estamos unidos pelos meios de comunicação. Apesar do distanciamento físico, agradecemos a Deus por termos os meios de comunicação que permitem a proximidade espiritual. Uma forma de fazer com que a mensagem, em memória a São José Operário, chegue ao coração das pessoas e comunidades", disse Dom Vicente. "Deus criou sua obra e a deixa aberta para que os homens colaborem e continuem aperfeiçoando essa obra. E seu filho, Jesus, se colocou na fila dos trabalhadores, lembrando seu pai adotivo, São José, carpinteiro", acrescentou.

Dom Vicente fez questão de pontuar o trabalho como uma graça que dignifica o homem e que não existe drama maior que ser privado do trabalho. Ele lembrou a desigualdade social no Brasil, que abre um fosso entre poucos que detêm muito e muitos que quase nada têm. "Como comemorar essa data no contexto da pandemia? Só no Brasil, são 40 milhões de pessoas na informalidade, 13 milhões de desempregados, 4 milhões de desalentados, essas últimas pessoas que não têm mais força para procurar um emprego. Vemos a exclusão social, a injustiça, sérias desigualdades, e até o trabalho escravo. Poucas pessoas concentram muita coisa e muitos irmãos estão na pobreza. É um abismo", ressaltou, criticando a lógica do lucro.

A homilia foi presidida pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de BH, Dom Vicente de Paula Ferreira, ao lado dos padres Jean Aguiar e Joel Maria dos Santos(foto: Thais Milani/Arquidiocese de BH/Divulgação)
A homilia foi presidida pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de BH, Dom Vicente de Paula Ferreira, ao lado dos padres Jean Aguiar e Joel Maria dos Santos (foto: Thais Milani/Arquidiocese de BH/Divulgação)

O bispo lembrou ainda os jovens, que muitas vezes não têm uma perspectiva futura de obter um bom posto no mercado formal de empregos. No 1º de maio, ele também convida a pensar sobre a realidade do trabalho. Para o religioso, é preciso ter esperança e superar desafios. Por outro lado, reforçou que a crise com o coronavírus não pode ser vencida por pessoas sozinhas.

"O vírus nos deixou no escuro, e estampa nossas vulnerabilidades. Nos mostra que todos somos irmãos. É hora de superar algo que está enraizado em nossa cultura - o egoísmo. Só passaremos por tudo isso se nos dermos as mãos. No planeta estamos todos interligados, é nossa casa comum", declarou. Para Dom Vicente, ao fim da pandemia, a volta ao normal deve chegar, no entando, dentro de um novo conceito do que se chama normal. "Precisamos dar novos passos, mais parecidos com a vontade de Deus. Se mantivermos o mesmo estilo de vida a Terra não vai mais dar conta de nós."

Entre leituras do evangelho, hinos de louvor e as explanações dos celebrantes, foram lembrados todos os trabalhadores, desempregados e desalentados, como é de costume nesse dia, mas agora também estão nas preces, devido ao coronavírus, agentes de saúde, empregados de serviços essenciais, agentes de segurança, além de autoridades eclesiais, sociais e políticas.

Na missa, também foram mencionados os trabalhadores que se encontram em impossibilidade de trabalhar por conta da quarentena, entretanto uma realidade até melhor de quem não tem sequer uma ocupação. "A pandemia coloca muito em xeque. Não tem mais espaço para a arrogância de quem considera que sabe tudo, que tudo controla", disse Dom Vicente, que também falou da importância da solidariedade em momentos como esse. "Rezamos para que nunca falte trabalho digno e salário justo. A solidariedade é um remédio para um mundo novo, justo e fraterno. E, se alguém se sentir isolado, nos procure."

Os internautas que acompanharam a celebração em tempo real enviaram mensagens durante a missa. Entre pedidos de oração e outros apelos, a comunidade religiosa compareceu, ainda que não tão de perto. Entre as declarações, Fabiana Pitangui escreveu, na lista de comentários do YouTube: "Gostaria de pedir uma oração pelo meu emprego, que eu continue empregada. Por causa dessa pandemia estou em casa. Que Deus abençoe para que as pessoas não percam seus empregos, para que isso passe rápido. E que, quando passar, que sejam abertas mais portas para quem precisa trabalhar."

O carpinteiro São José Operário é patrono dos trabalhadores(foto: Thais Milani/Arquidiocese de BH/Divulgação)
O carpinteiro São José Operário é patrono dos trabalhadores (foto: Thais Milani/Arquidiocese de BH/Divulgação)

Juliana Mara Correa declarou: "São José rogai por nós! Por todos os trabalhadores e principalmente pelas pessoas que estão desempregadas." Em outra mensagem, Lucilia da Silva Souza desejou: "Que Deus abra as portas do trabalho para nossos irmãos." Josinea Prates considerou sábias e tocantes as palavras de Dom Vicente. "Não podemos sair dessa pandemia com os velhos hábitos. Que o bom Jesus nos liberte de todo egoísmo e nos ajude a cuidar da casa comum. São José nos proteja", postou.

Ao fim da missa, padre Jean leu mensagem enviada por Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). "O momento é de união de esforços, públicos e privados, para que ninguém seja deixado para trás. Saiba que você não está sozinho", consta em um trecho do depoimento de Dom Walmor.

Carteiras de trabalho foram abençoadas, como é tradição(foto: Thais Milani/Arquidiocese de BH/Divulgação)
Carteiras de trabalho foram abençoadas, como é tradição (foto: Thais Milani/Arquidiocese de BH/Divulgação)

Depois, como já é costume, carteiras de trabalho foram colocadas à frente do bispo Vicente para a benção, e o religioso disse para que também os fiéis em casa portassem a carteira ou outros símbolos que remetessem ao trabalho para serem abençoados.


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