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Estado de Minas CORONAVÍRUS

Família de homem que morreu em Divinópolis nega COVID-19 como causa

Prefeitura recua e registra caso como suspeito. Pai contesta informações da Secretaria de Saúde e do Hospital São João de Deus


postado em 14/04/2020 15:29 / atualizado em 14/04/2020 16:31

O hospital mantém a informação de que familiares relataram que o paciente apresentou sintomas da Covid-19 (foto: Divulgação/CSSJD)
O hospital mantém a informação de que familiares relataram que o paciente apresentou sintomas da Covid-19 (foto: Divulgação/CSSJD)
A família de Wanderson Araújo, de 45 anos, que morreu no último sábado (11) no Complexo de Saúde São João de Deus, em Divinópolis, Região Centro-Oeste, contesta que a morte tenha sido causada pela COVID-19. Com o laudo em mãos, o pai, Geraldo Magela Araújo, de 71 anos, afirma que o filho morreu de insuficiência respiratória aguda. O atestado de óbito aponta que ele era hipertenso e tinha diabetes.

A confirmação da morte por coronavírus a partir de atestado clínico foi divulgada no sábado pela Secretaria Municipal de Saúde (Semusa). Nesta segunda-feira (13), o município voltou atrás, e o caso foi lançado no sistema como “suspeito”. O material para exame laboratorial do paciente não foi colhido e, até o momento, a indicação é de que nenhum procedimento confirmatório será realizado.

Divulgação/CSSJD(foto: A confirmação da morte por coronavírus, a partir de atestado clínico, foi divulgada no mesmo dia pela Secretaria Municipal de Saúde (Semusa))
Divulgação/CSSJD (foto: A confirmação da morte por coronavírus, a partir de atestado clínico, foi divulgada no mesmo dia pela Secretaria Municipal de Saúde (Semusa))
A causa da morte não é a única contestação da família. O pai do paciente disse que em nenhum momento os familiares procuraram o hospital relatando que ele havia apresentado sintomas para o vírus. “A única coisa que ele teve de sintoma, antes de acontecer o problema de coronavírus no mundo, é falta de ar. Não teve nada. Nem dor de cabeça, garganta inflamada, nem tosse, nem febre”, conta o pai.

Wanderson passou mal na noite de sexta-feira (10). “Ele ligou sozinho para a ambulância porque a falta de ar estava aumentando”, relembra Geraldo. Diferentemente do informado pelo São João de Deus, ele morava com o pai e a irmã no Bairro São Roque. Quando a equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou, o paciente ainda estava consciente. “Ele foi andando sozinho até a ambulância”, conta. Só após entrar no veículo, o estado de saúde se agravou, segundo o pai. Geraldo acompanhou o filho, já inconsciente, até o hospital.

Enquanto Wanderson era atendido, ele preencheu os formulários e aguardou do lado externo da recepção. “Eles me chamaram, vieram as enfermeiras, o médico e me falaram: infelizmente, ele não aguentou”, relata. A informação repassada a ele era de que o filho havia sofrido parada respiratória e que a pressão chegou a 20 por 4. “Eles me falaram que não tinha nada de coronavírus”, afirma.


O velório


O corpo foi liberado para o Serviço Municipal de Luto. Por volta das 10h do sábado (11), o velório foi iniciado na comunidade rural de Amadeu Lacerda. “Eles me deram o prazo de seis horas para velar, porque ele estava muito inchado”, disse. A família não recebeu nenhuma orientação para se precaver devido à suspeita de COVID-19. Mesmo assim, no local havia álcool em gel.

Devido às condições do corpo, a família resolveu realizar o sepultamento antes. O velório, conta o pai, durou cerca de quatro horas. “Só quando estávamos acabando de sepultar que chegou o pessoal para limpar o local”, diz. Segundo ele, o caixão não foi lacrado totalmente. A janelinha da parte de cima ficou aberta durante todo o tempo e em nenhum momento houve interrupção da cerimônia de despedida.

Geraldo nega também que os dados das pessoas presentes tenham sido registrados por autoridades, como foi informado pela Semusa. Ele disse que foi chamado a voltar ao hospital após o sepultamento e que lá ele foi orientado a ficar em isolamento por 14 dias por precaução. “Com o laudo médico na mão, tirei xerox. Falei o seguinte: 'vocês estão falando que é coronavírus, mas vocês vão me dar outro laudo?'. Aí, eles falaram que o que iria valer era o primeiro”.

Aos 71 anos, com problemas de pressão, Geraldo afirma que quer apenas uma declaração confirmando a causa da morte. “Cada versão de notícia que chega eu me sinto mal”, afirma. 


Sem exame


A Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) diz ter registrado o caso como suspeito porque o hospital não recolheu o material para exame. Indicou ainda que nenhum outro procedimento deverá ser realizado para indicar a causa, como necropsia.

A partir de agora, a orientação é para que todas unidades hospitalares realizem os testes dos pacientes que morrerem com a suspeita da doença.

A Semusa afirmou que o corpo foi para o Serviço Municipal do Luto sem nenhuma observação de possibilidade para COVID-19. Somente algum tempo após a liberação é que houve o comunicado do hospital sobre a situação. A partir deste momento, o órgão afirma que o velório foi suspenso e a relação de pessoas que passaram pelo local providenciada para fins de acompanhamento pela Semusa.

A assessoria de comunicação do hospital mantém sua posição. Segundo a unidade, os profissionais do Complexo de Saúde foram informados pela família que o homem estava há uma semana apresentando febre e falta de ar. As informações teriam sido fornecidas após a liberação do corpo. Com base nelas, houve a orientação para suspensão do velório. A equipe que teve contato com o paciente foi afastada temporariamente por medida de segurança. 

Ainda segunda a assessoria, o hospital fará novo contato com a família para esclarecimento das informações.

*Amanda Quintiliano especial para o EM
 

O que é o coronavírus?

Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.

Como a COVID-19 é transmitida?

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.

Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia


Em casos graves, as vítimas apresentam:

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o coronavírus é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

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