Polícia confirma morte de mais uma vítima com os sintomas da síndrome nefroneural em BH
Informação foi dada pela Polícia Civil nesta quarta-feira. Paciente estava no Hospital Mater Dei. Este é a segunda morte confirmada oficialmente. Polícia diz que casos notificados chegam a 18
postado em 15/01/2020 09:59 / atualizado em 15/01/2020 17:43
Morreu, na manhã desta quarta-feira, mais uma vítima com suspeita de síndrome nefroneural, doença investigada por suspeita de contaminação por dietilenoglicol, substância encontrada em garrafas da cerveja Belorizontina, da Backer, fabricada na capital. A informação foi confirmada pela Polícia Civil. A vítima é Antônio Márcio Quintão de Freitas, de 77 anos, como apurou a reportagem do Estado de Minas.
Segundo a instituição, o paciente estava internado no Hospital Mater Dei, em Belo Horizonte. O corpo será encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML). A polícia afirma que trata-se da segunda vítima confirmada oficialmente. A morte de uma mulher em Pompéu, no Centro-Oeste de Minas, foi notificada pela prefeitura local, mas ainda não foi contabilizada.
Paciente estava internado no Mater Dei, segundo a Polícia Civil. Corpo será examinado no IML (foto: Divulgação/Rede Mater Dei de Saúde)
No Mater Dei, ainda há outro paciente internado em estado grave, no Centro de Terapia Intensivo (CTI). É um homem que bebeu a cerveja Belorizontina. A instituição não divulga o nome do paciente.
De acordo com a médica infectologista e Coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar da Rede Mater Dei de Saúde, Silvana de Barros, o quadro clínico do homem é delicado. "O tratamento de intoxicação é sempre complexo, estamos fazendo o máximo", afirmou a médica.
Hoje, a Polícia Civil também informou que que o número de casos notificados subiu para 18, mas não informou qual a origem do último. Do total, quatro deram positivo para contaminação pelo dietilenoglicol. Das duas mortes, apenas a primeira teve a confirmação da presença da substância no sangue da vítima. O de Antônio ainda depende de exames.
"Tão logo nós ficamos sabendo de mais uma vida que se perdeu em virtude da intoxicação nós demos início a todos os procedimentos para que a perícia seja realizada dentro dos mais altos padrões. Nós, inclusive, fizemos um protocolo específico para atender estes casos, que estão sendo tratados de forma muito séria, muito técnica”, explicou o diretor do IML, José Roberto de Rezende Costa, em entrevista no início da tarde desta quarta-feira.
Diretor do IMl de BH falou sobre o caso na tarde desta quarta (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Segundo ele, o corpo do paciente deve ser liberado para os familiares ainda hoje para os procedimentos funerários. Questionado sobre o prazo para a liberação do laudo definitivo sobre a causa da morte, Costa informou que o procedimento leva cerca de 15 ou 30 dias. “Como se trata de um caso de alta complexidade, pode haver a necessidade da gente pedir uma dilação deste caso, mas a gente acredita que neste prazo, ou até mesmo um pouco antes, a gente consiga uma determinação da causa mortis”, pontuou.
Análises feitas pela própria Backer atestaram a presença da substância em garrafas da Belorizontina, uma das 22 marcas da cervejaria.
O dietilenoglicol é usado no processo de resfriamento de cerveja. Mas a Backer garante nunca que usou o produto.
O tanque em que os lotes contaminados foram produzidos está lacrado. Não se sabe, como admitiu Paula Lebbos, se pode haver problemas em algum dos outros 69 tanques. Por isso, segundo a diretora, serão analisadas todas as etapas do processo de produção.
Agentes da Polícia Civil de Minas e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) voltaram ontem à fábrica da cervejaria, no Bairro Olhos D'Água, na Região Oeste de BH, para dar sequência às perícias iniciadas na semana passada.
Enquanto isso, a Vigilância Sanitária da capital continua recebendo garrafas de Belorizontina de consumidores. Ontem, foram 385. Com 183 da véspera, total chegoua 568.