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Estado de Minas SÍNDROME NEFRONEURAL

Casos sobem e quatro Ministérios interditam cervejaria

Já são 10 pacientes com quadro de intoxicação por susbstância encontrada em lotes da Belorizontina e no sangue de doentes. Quem tem o produto deve entregá-lo em postos


postado em 11/01/2020 04:00 / atualizado em 11/01/2020 14:06

Instalações da Backer, fabricante da cerveja ligada à síndrome: interdição foi determinada pelos ministérios da Agricultura e da Justiça(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Instalações da Backer, fabricante da cerveja ligada à síndrome: interdição foi determinada pelos ministérios da Agricultura e da Justiça (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)


Novos casos, interdição e preocupação para outros estados. A sexta-feira ficou marcada como mais um dia de tensão em torno da síndrome nefroneural que pôs a capital mineira em alerta desde o último fim de semana, em caso que começou no Bairro Buritis, na Região Oeste de Belo Horizonte, e agora se torna problema nacional. Ontem, nota divulgada pela força-tarefa criada para lidar com a situação informou que o número de pessoas que enfrentam os sintomas de grave intoxicação saltaou de oito para 10. Ao mesmo tempo, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o Ministério da Justiça e Segurança Pública determinaram a interdição da fábrica da cervejaria Backer, proprietária da marca Belorizontina (leia mais abaixo). Em garrafas com esse rótulo, mais precisamente das linhas de produção L1 1348 e L2 1348, as autoridades encontraram a substância dietilenoglicol. Quando ingerido, o composto orgânico provoca sintomas compatíveis com o quadro dos pacientes. Ele foi encontrado nas amostras de sangue de três doentes colhidas pelos hospitais onde estão internados. A companhia, no entanto, alega usar outro químico em seu processo de produção - no caso, o monoetilenoglicol, considerado de baixa toxicidade. Ontem, o bar ligado à fábrica funcionou à noite. O movimento foi reduzido.

Quem tem em casa cervejas do rótulo Belorizontina e quis saber o que fazer viveu um dia de informações desencontradas. Durante a manhã, a empresa disponibilizou um número de telefone para o consumidor agendar um horário e funcionários da companhia recolherem as garrafas do lote investigado. Já o Procon, ligado ao Ministério Público, também forneceu um contato para a população entregar as cervejas. Contudo, segundo as autoridades da força-tarefa, é necessário que o cidadão entregue as bebidas somente à vigilância sanitária de Belo Horizonte. O órgão providenciou nove pontos para coleta do produto (confira a lista no EM.COM). Eles estão espalhados pelas nove regionais da cidade e vão operar de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.  O objetivo é manter sob custódia do da administração municipal garrafas de quaisquer lotes da Belorizontina e entregá-las para perícia, caso seja necessário. Quem vive no interior do estado deve procurar os Procons municipais. Nenhuma dessas estações está disponível para comerciantes, e as autoridades ainda não indicaram como será a coleta das garrafas que estão nos bares e restaurantes.



PACIENTES Com a confirmação da presença da substância tóxica em amostras de sangue e na cerveja consumida pelos pacientes, também será definido tratamento-padrão. Segundo nota das autoridades de saúde, novo protocolo clínico para intoxicação por dietilenoglicol será divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) em breve. Até o momento, foi confirmada a presença do composto orgânico éter de glicol em três pacientes com sintomas da síndrome.

E o problema pode ultrapassar os limites do Bairro Buritis, relacionado a oito dos casos em investigação. A Secretaria de Estado de Saúde ainda não informou se os dois casos notificados ontem têm relação com o mesmo bairro. Segundo a própria cervejaria, garrafas das linhas de produção investigadas foram distribuídas para os estados de São Paulo e do Espírito Santo, além de cidades mineiras e do Distrito Federal. Em Minas, lote da bebida em que foi encontrada a substância tóxica foi transportado para a Região Centro-Oeste do estado, a Grande BH e os municípios de Tiradentes e Ouro Preto, ambos na Região Central.

A nota da força-tarefa foi emitida um dia depois da divulgação do laudo da Polícia Civil que atestou para a presença do éter de glicol em cervejas da Backer. Na quinta-feira, uma operação nas dependências da empresa terminou com a apreensão de diversos documentos e amostragens de bebidas produzidas pela companhia.

As primeiras informações sobre a doença começaram a circular em grupos de redes sociais no último domingo, principalmente entre moradores do Bairro Buritis, na Região Oeste de Belo Horizonte. Desde aquele momento, as mensagens ligavam os sintomas ao consumo da Belorizontina. Na terça, a síndrome provocou a morte de Paschoal Demartini Filho, de 55 anos, que estava internado em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira. Ele passou as festas de fim de ano com a família no Buritis e o genro dele, Luiz Felippe Teles Ribeiro, de 37, continuava internado ontem com os mesmos sintomas.

Pacientes que enfrentam a enfermidade começaram a apresentar o quadro clínico, cuja origem era um mistério até quinta-feira, em dezembro último. No início, problemas gastrointestinais (náusea e/ou vomito e/ou dor abdominal). Depois, insuficiência renal aguda de evolução rápida (em até 72 horas) somada a alterações neurológicas, como paralisia facial e descendente, borramento visual, amaurose (perda da visão parcial ou totalmente) e alteração de sensório. No início desta semana, a Secretaria de Estado da Saúde emitiu nota técnica para profissionais de saúde orientando-os a notificar casos com sintomas relacionados.

'Risco iminente à saúde pública'


Marcelo da Fonseca e Matheus Muratori

O temor que há pouco mais de uma semana tomou conta dos moradores o Buritis se tornou ontem uma questão nacional. Os ministérios da Agricultura e da Justiça determinaram, respectivamente, a interdição da fábrica da cervejaria Backer e o mapeamento para quais estados os lotes contaminados foram distribuídos. A substância dietilenoglicol, prejudicial à saúde, foi encontrada em amostras da bebida em perícia da Polícia Civil.

No início da noite de ontem, o Ministério da Agricultura citou o “risco iminente à saúde pública” para determinar a interdição da cervejaria Backer e que os produtos ainda no mercado fossem apreendidos. Auditores fiscais da pasta fazem parte da força-tarefa, junto da Polícia Civil, Vigilância Sanitária e da Secretaria da Saúde, que investiga o caso.

“Diante do risco iminente à saúde pública, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) realizou, como medida cautelar, o fechamento da Cervejaria Backer, fabricante da cerveja Belorizontina. Na mesma oportunidade, foram determinadas ações de fiscalização para a apreensão dos produtos que ainda se encontram no mercado”, diz a nota.

O ministério citou o laudo da Polícia Civil em que perícia criminal em duas amostras da cerveja Belorizontina (lotes L1 1348 e L2 1348) que foram recolhidas pelos investigadores apontaram a presença da substância dietilenoglicol. “Auditores fiscais federais agropecuários – nas especialidades farmacêutica, química e de engenharia agrônoma – prosseguem apurando as circunstâncias em que ocorreu a contaminação verificada pelas autoridades policiais nos lotes indicados”, informou o ministério da Agricultura.

Segundo a pasta, análises laboratoriais seguem sendo feitas nas amostras coletadas pela equipe de fiscalização das Superintendências Federais de Agricultura e que mais de 16 mil litros de cervejas foram apreendidas cautelarmente. A decisão da Agricultura pegou de surpresa a proprietária e representantes da Backer no início da noite de ontem.

RECALL O levantamento completo da distribuição deve ser apresentado pela Backer em até dois dias úteis ao Ministério da Justiça. Ao mesmo tempo, uma campanha de recall dos lotes contaminados deve ser colocada em prática pela cervejaria em todo o país.

De acordo com o Ministério da Justiça, a campanha da Backer deve conter informações pontuais aos consumidores, como identificação dos lotes contaminados e até ressarcimento pela compra da bebida adulterada. A ordem do ministério foi publicada em uma edição extra do Diário Oficial da União (DOU), que tratou exclusivamente do caso envolvendo a cervejaria Backer.

Outra alternativa para a Backer seria comprovar que a cerveja Belorizontina não está ligada aos recentes casos de intoxicação no Bairro Buritis, Região Oeste de Belo Horizonte, o que não deve acontecer, conforme acredita o Ministério da Justiça.
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o dietilenoglicol é um solvente orgânico altamente tóxico. A substância pode causar insuficiência renal e hepática, podendo matar quando ingerida.

POSTOS DE COLETA

Saiba onde entregar as cervejas da marca Belorizontina que você comprou

Barreiro: Av Olinto Meireles, 327 – Barreiro
Centro-Sul: Av. Augusto de Lima, 30 - 14ª andar – Centro
Leste: Rua Salinas, 1.447 – Santa Tereza
Nordeste: Rua Queluzita, 45 – Bairro São Paulo
Noroeste: Rua Peçanha, 144, 5º andar – Carlos Prates
Norte: Rua Pastor Murilo Cassete, 85 – São Bernardo
Oeste: Av. Silva Lobo, 1.280, 5º andar – Nova Granada
Pampulha: Av. Antônio Carlos, 7.596 – São Luiz
Venda Nova: Av. Vilarinho, 1.300 – 2º Piso – Parque São Pedro


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