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Estado de Minas

Prefeitura recorre ao improviso para evitar furtos de cabos

Solução provisória para o furto de cabos: BHTrans descola semáforos laterais e os põe ao lado dos centrais, mais altos. Até outubro, 69km de fios foram arrancados na capital


postado em 15/12/2018 06:00 / atualizado em 15/12/2018 07:41

Semáforos duplicados na Avenida Américo Vespúcio, no Bairro Aparecida, em trecho de grande ocorrência de roubos de cabeamento(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Semáforos duplicados na Avenida Américo Vespúcio, no Bairro Aparecida, em trecho de grande ocorrência de roubos de cabeamento (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)


A onda de furtos de cabos de semáforos em Belo Horizonte, que já apagou sinais luminosos em pelo menos 484 oportunidades na capital em 2018, levou a BHTrans a tomar uma medida inusitada nas duas avenidas que mais concentram o problema atualmente. Sinais posicionados em pontos mais baixos das avenidas Américo Vespúcio e Bernardo Vasconcelos, nas regiões Noroeste e Nordeste da cidade, foram retirados para ser recolocados ao lado das estruturas que já existiam no ponto central e mais alto dos cruzamentos.

Dessa forma, as interseções de locais como a Américo Vespúcio com as ruas Professor Milton Lage e José Benedito Antão e da Bernardo Vasconcelos com a Avenida Clara Nunes e com as ruas Cônego Santana e Pio XI estão com sinais duplicados, um ao lado do outro, como forma de tentar coibir o furto recorrente dos cabos, que deixa os cruzamentos às cegas. Essa situação significa, de janeiro a outubro, 69 mil metros de cabos retirados dos semáforos, média de 226 metros por dia.

Segundo a BHTrans, um sinal repete o outro e como um deles ficava mais baixo, o acesso era mais fácil, simplificando a retirada dos fios e impactando as duas estruturas, que ficavam mais susceptíveis ao desligamento. Cruzamento que também tem ficado às cegas frequentemente é o que disciplina um dos pontos de entrada e saída da mão inglesa da Avenida Silviano Brandão, esquina com a Rua Capuraque, na Floresta. Já foram sete furtos entre março e dezembro.

 A medida é provisória, segundo a BHTrans, até passar a onda de furtos. O total furtado nos 10 primeiros meses do ano é mais que o dobro dos 29 mil metros retirados dos semáforos em todo o ano passado. A média semanal, segundo a BHTrans, é de cinco a oito sinais desligados na cidade por falta de cabos. A demanda é tão grande que a empresa que presta o serviço de correção do problema não consegue reativar o controle eletrônico de cruzamentos na mesma velocidade com que os ladrões apagam as luzes vermelha, amarela e verde.

O prejuízo é grande não só para o trânsito, que demanda paciência dos motoristas para trafegar por sinais sem controle, mas também para os cofres públicos, já que os 69 mil metros de cabos furtados neste ano significam um gasto de R$ 279,5 mil.

(foto: Arte diário)
(foto: Arte diário)


Acidente


Na quinta-feira, um ônibus do Move e um carro particular bateram no cruzamento da Avenida Cristiano Machado com a Rua Dom Leme, na altura do Bairro Cidade Nova, Nordeste da cidade, deixando o tráfego lento em um dos principais corredores de BH no horário de pico da manhã. De acordo com a BHTrans, houve um furto de cabos que desligou o semáforo justamente dessa interseção, o que pode ser a explicação para a batida. Quando o motorista do carro tentou fazer um retorno no local, acabou atingido por um veículo da linha 83D (Estação São Gabriel/Centro-Direta). Não há informações sobre feridos. Após o acidente, as duas pistas do Move ficaram interditadas. No sentido bairro, a lentidão chegou à altura da Rua Monte Cristo, no Bairro Ipiranga. A BHTrans esteve no local e liberou o trânsito no sentido Centro, com os veículos passando pela pista mista. Por volta das 7h45, as pistas do Move foram liberadas em ambos os sentidos. O semáforo estava em flash.

Problema recorrente


Os apagões nos semáforos da Américo Vespúcio são recorrentes, segundo a população que tem a rotina ligada à avenida que corta bairros como Aparecida e Ermelinda, na Região Noroeste da cidade. O advogado Luiz Aurélio Rocha, de 46 anos, conta que já houve situações de conserto em um dia e novo furto dois dias depois da retomada do semáforo, o que deixou o cruzamento às escuras por mais de uma semana. “O prejuízo é grande, porque no horário de maior movimento de carros o pessoal fica sem paciência e já houve acidentes sem vítimas, com danos materiais”, diz ele. O advogado defende investimentos em tecnologia, para que a fiscalização consiga ficar mais assertiva e possa atuar de maneira prévia, antes do cometimento do crime. “Acho que as questões paliativas não são ideais. O ideal é investir em câmeras, que podem ajudar a coibir o furto. Se não coibir, isso vai acontecer constantemente”, completa.

Instrutora de uma autoescola bem próxima de uma das esquinas com semáforos duplicados na Américo Vespúcio, Erika Cristina Guimarães diz que já houve momentos em que um cruzamento ficou sem sinal e sem placas de advertência, o que causou muita confusão. “Dificulta a vida, inclusive, dos nossos alunos, que acabam ficando inseguros no cruzamento sem sinal. O problema é que todo mundo sabe quem furta, mas essas pessoas não chegam nem a dormir na cadeia e já voltam a cometer o crime”, afirma.

O problema é ainda maior na Avenida Bernardo Vasconcelos, especialmente no cruzamento com as avenidas Clara Nunes e Cachoeirinha, no Bairro Cachoeirinha. Nesse ponto, o movimento de carros para atravessar a Bernardo é grande, o que tornava inviável o local principalmente nos horários de pico durante a onda de furtos. “Eles consertavam e na semana seguinte os cabos eram furtados de novo. Como não tinha guarda de trânsito no período em que o semáforo ficava desligado, a circulação se complicava demais”, afirma o taxista Maurilio André Mendes, de 58, que trabalha em um ponto bem próximo dessa esquina. Segundo ele, a estratégia da BHTrans deu certo ao subir o semáforo repetidor, deixando as duas estruturas na parte mais alta do cruzamento. “Já tem um tempo que ninguém furta por aqui”, afirma. Além de complicar a situação para os carros, a falta de semáforos no cruzamento em questão quando os cabos são furtados também prejudica a vida dos pedestres. “Sem sinal, é quase impossível atravessar nos momentos de maior movimento”, diz a advogada Gabriela Silva, de 40. A reportagem também presenciou o mesmo remanejamento de semáforos nos cruzamentos da Bernardo Vasconcelos com as ruas Pio XI e Cônego Santana.

Em nota, a BHTrans informou que procura tomar todas as medidas necessárias para restabelecer a sinalização o mais rápido possível nos casos de furto. “Os ‘semáforos duplos’ nas avenidas Américo Vespúcio e Bernardo Vasconcelos fazem parte de uma ação da empresa para evitar/minimizar os furtos de cabeamento que ocorrem na região e comprometem a segurança viária. A ação consiste em deslocar o semáforo repetidor que fica na parte lateral e colocá-lo ao lado do semáforo central, que fica no centro e acima da via. A previsão da BHTrans é de retornar ao normal os semáforos assim que os índices de furto na região caírem”, diz a nota.

Prevenção


A empresa sustenta ainda que, quando o furto ocorre, instala sinalização no local e agentes operam presencialmente os cruzamentos com maior volume de trânsito. “Como forma de prevenção contra atos de vandalismo, a empresa ainda tem buscado substituir materiais com menor atratividade, como o plástico nos focos dos semáforos para pedestres. Depredação do patrimônio público é crime e trata-se de um problema de segurança pública. A BHTrans orienta a população que denuncie à Polícia Militar, por meio dos telefones 190 ou 181, ao presenciar os furtos e depredações”, informou a empresa. A Polícia Militar informou que atua diariamente com o patrulhamento preventivo, principalmente nos locais onde a incidência criminal desse tipo de crime é maior.


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