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Estado de Minas

Engenheiros apostam em estabilização de muro na BR-356, no Belvedere

Com demolição das primeiras casas ameaçadas abaixo da rodovia, começam trabalhos de recuperação da estrutura de concreto abalada na Zona Sul de BH


postado em 22/03/2018 06:00 / atualizado em 22/03/2018 07:57

Retirada de construções na base da encosta permitiu o início dos trabalhos de contenção da placa mais crítica do muro que segura a BR-356(foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Retirada de construções na base da encosta permitiu o início dos trabalhos de contenção da placa mais crítica do muro que segura a BR-356 (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)

Depois de uma semana de trabalhos que buscavam o diagnóstico da situação no subsolo da BR-356, máquinas pesadas invadiram a rodovia e intensificaram as intervenções para conter a encosta que ameaça ceder na altura do trevo do Bairro Belvedere, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. O Estado de Minas apurou que engenheiros do Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER/MG) apostam na contenção de uma placa específica do muro de concreto que está mais instável, para eliminar o maior risco em alguns dias, embora ainda sem prazo determinado. Depois, o trabalho vai se concentrar nas demais placas, cujo risco é menor, com a perspectiva de estabilização de toda a estrutura em três meses. 


Como ainda havia casas na Vila São Bento, que começaram a ser demolidas ontem e ficam na base da cortina atirantada – como é chamada tecnicamente a contenção de concreto –, o DEER/MG não tinha antes condição de iniciar o trabalho. Apesar de o órgão que comanda as obras do governo de Minas apostar na solução do problema sem consequências mais graves, a mobilização de funcionários graduados do departamento e também da Prefeitura de Belo Horizonte ontem no local indicava o tamanho, a seriedade e a urgência do desafio.

Diferentemente de todos os outros dias da primeira semana após a constatação de que a estrutura estava se movimentando, ontem várias máquinas se espalharam tanto na rodovia quanto abaixo do muro, na Vila São Bento. Enquanto retroescavadeiras transformavam em ruínas imóveis construídos na área em que o DEER/MG pretende colocar tirantes de concreto para segurar a encosta, na rodovia máquinas se movimentavam para levar equipamentos necessários até o ponto mais crítico do muro.

"Estou muito preocupada. Está difícil comer e dormir por causa dessa situação. Cheguei a achar um lugar, mas não foi aprovado. Quero sair o quanto antes com meus dois filhos"

Maria das Dores Silva, de 44


Ao mesmo tempo, integrantes da cúpula do DEER/MG discutiam sobre o que seria feito no local. O departamento encaminhou ontem nota à imprensa, mas nela se limitou a informar que, após a retirada de famílias e a remoção de casas localizadas na base da cortina atirantada, foi possível iniciar efetivamente o trabalho de estabilização do painel crítico do muro de contenção.

Fontes ouvidas pelo EM também asseguraram que no momento não há necessidade de ampliação do bloqueio de trânsito que já é praticado na BR-356. Será mantido o esquema de fechamento de tráfego em duas das quatro faixas da estrada no sentido Savassi/BH Shopping, para garantir a segurança no trecho.

O ritmo de trabalho intenso na rodovia se repetiu na base do muro. À medida que imóveis iam sendo desocupados, retroescavadeiras e trabalhadores derrubavam paredes de casas erguidas desde 1999, segundo os primeiros habitantes do local. Em um dos imóveis, o trabalho de demolição quase provocou um acidente grave, já que um dos operários por pouco não foi atingido pela queda de uma parede.

Enquanto o trabalho de máquinas e marretas avançava, equipes da abordagem social da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel) visitavam famílias que ainda não tinham definido para onde iriam. Segundo a diretora de Manutenção e Áreas de Risco da Urbel, Isabel Volponi, o objetivo é liberar o mais rápido possível a área de obras. “É uma ação para realmente garantir a vida das pessoas e garantir que o processo de estabilização seja feito o mais rápido possível”, afirma a diretora. Segundo ela, foi indicada a necessidade de remoção de 32 famílias que ocupavam 34 construções.
Previsão é de que ponto mais vulnerável seja estabilizado nos próximos dias (foto: Túlio Santos/EM/DA Press)
Previsão é de que ponto mais vulnerável seja estabilizado nos próximos dias (foto: Túlio Santos/EM/DA Press)

Um dos que já se mudaram é o pedreiro Dalci Paulo Silva, de 47 anos. Ele e a mulher deixaram a casa na vila e encontraram um apartamento aprovado pela Urbel no Aglomerado Santa Lúcia, perto dali. “Depois disso, realmente não dá mais para ficar. O susto foi muito grande”, disse ele. Já a empregada doméstica Maria das Dores Silva, de 44, ainda não havia encontrado um lugar para o qual se mudar. “Estou muito preocupada. Está difícil comer e dormir por causa dessa situação. Cheguei a achar um lugar, mas não foi aprovado. Quero sair o quanto antes com meus dois filhos”, disse.

Conforme a Urbel, até o fechamento desta edição 21 famílias haviam sido retiradas do local: 16 serão atendidas pelo programa Bolsa Moradia da PBH, três foram para casas de parentes, uma foi para imóvel próprio, um dos imóveis era estabelecimento comercial e três estavam vazios. Restam oito famílias a serem retiradas da área. 

CRATERA NO CENTRO
Segundo a Copasa, o buraco de grandes proporções que se abriu na pista marginal ao Viaduto Santa Tereza foi causado pelo rompimento na rede de esgoto. Técnicos da companhia estão trabalhando no local para garantir a manutenção. Operadores das redes de telefonia também estão presentes, devido à quantidade de cabos de fibra ótica instalados próximo à rede. A empresa informou que ainda não é possível estimar um prazo para a conclusão dos trabalhos.

 

 

Boatos se espalham


 

Enquanto uma enxurrada de informações falsas circula pelas redes sociais e aplicativos de mensagens para celular, o presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape/MG), Clémenceau Chiabi, afirma que de fato existe risco de queda da encosta na BR-356, mas sustenta não ser uma ameaça da proporção que se está alardeando.

“O que aconteceu foi o excesso de chuvas, que acumulou água sem drenagem adequada. A cortina se deslocou um pouco, e com isso afundou parte da BR. Existe, sim, risco de queda, e as casas que estão na parte debaixo dessa cortina correm um perigo mais elevado, por isso a necessidade de retirar os moradores. A cunha de ruptura já se abriu, mas ela não pegaria toda a pista da BR, como tem sido falado em mensagens de WhatsApp. Ela pega praticamente uma pista e meia”, afirma Clémenceau, destacando que há monitoramento em tempo real na rodovia.

 


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