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Estado de Minas

Fundadora do Grupo Galpão se encontra com artistas que fizeram grafite dela em BH

Em encontro marcado pelo EM, Teuda Bara conhece as artistas que estamparam seu sorriso de 'poderosa'na Rua Guaicurus. 'Minha história não é diferente da sua, da outra', diz a atriz


postado em 15/12/2017 06:00 / atualizado em 15/12/2017 08:39

Sentada à mesa de plástico no Bar do Edmundo, a atriz Teuda Bara, de 76 anos, se diverte com um copo de cerveja e com quem passa e reconhece nela o rosto estampado na parede do outro lado da Rua Guaicurus. “Cê gostou?”, pergunta a um transeunte, que exclama rápido, com as duas mãos em sinal de joinha: “Mil grau!”. A convite do Estado de Minas, a lendária fundadora do Grupo Galpão foi conhecer o grafite que a homenageia no Centro de Belo Horizonte. Como parte da comemoração dos 120 anos da capital, o mural, obra e arte do coletivo As minas de Minas, ficou pronto esta semana.

A famosa risada de Teuda, quase um patrimônio imaterial de BH, agora ocupa 11 metros de largura por oito de altura. De volta à rua, onde o trabalho do Galpão nasceu e cresceu, desta vez a gargalhada se cristalizou, mas continua contagiando, só que agora de forma bidimensional. Nika, de 30 anos, e Krol, de 28, duas das artistas, sentaram-se para a cervejinha com Teuda, num encontro onde as tais risadas se multiplicaram. Eram 15h de uma quarta-feira útil e antes que o leitor venha com qualquer julgamento moral, registre-se que Krol bebeu apenas água. De repente, as três se tornaram melhores amigas de infância.

Como o boteco do Edmundo fica ao lado de uma Igreja Pentecostal, o volume das risadas confrontava os cantos de louvor e os gritos de demônios exorcizados em série. Quem passava e via a cena não diria que, 10 minutos antes, Teuda tinha mandado um: “Eu sei nada docês, gente!”. As minas se apresentaram. Conheceram-se em 2012, em evento de grafite e integram coletivo que colore a cidade, junto a outras duas colegas; Viber, de 31, e Musa, de 30. “Nossa! Que coisa mais linda!”, exclamara a atriz ao descer do carro e ver o mural pela primeira vez. "Veio o convite da Fundação Municipal de Cultura para fazer um painel para os 120 anos de BH. Já temos um projeto para retratar mulheres poderosas, chamado ‘Nós podemos tudo’. E queríamos alguém que representasse bem a cidade e tivesse essa história forte como mulher, na luta contra padrões”, conta Krol. Misto de lisonja e humildade salta da resposta de Teuda: “Na verdade eu nem me sinto tão poderosa assim, porque a luta é um negócio diário. Cê levanta pensando na conta que tem que pagar. É o carinho, reconhecimento, amor das pessoas. Foi batalha? Foi. Mas a minha história não é diferente da sua, da outra”.

Teuda entre NIka e Krol, que explicou: 'Queríamos alguém com essa história forte como mulher'(foto: Fred Bottrel/EM/DA Press)
Teuda entre NIka e Krol, que explicou: 'Queríamos alguém com essa história forte como mulher' (foto: Fred Bottrel/EM/DA Press)


Ao saber que o processo levou três dias, Teuda disparou: “Que isso? Três dias eu não pintava nem aquelas manchas ali do vestido!”. Colocar uma risada no meio do caminho de quem passa foi também o objetivo das minas. “A Guaicurus tem uma história importante para a cidade,é legal a gente poder transformar o lugar, por isso que o Centro é um lugar bom para essas intervenções, porque todo mundo passa sempre correndo”, pontua Nica. Ela revela, durante o papo, feliz coincidência: a imagem que serviu de base para o layout das Minas é de autoria do fotógrafo Beto Novaes, do Estado de Minas, para a matéria sobre o lançamento do livro Comunista demais para ser chacrete, biografia da atriz, escrita por João Santos: “A gente queria referência que destacasse a risada. E vou te falar, quando começou a aparecer o rosto na pintura, toda hora alguém passava e falava ‘É aquela, do teatro!’”

Sobre a marca registrada, Teuda guarda sempre um novo caso: “Eu sou mais aborrecida hoje em dia, mas sou feliz. Outro dia dormi na casa de uns amigos, aí de manhã o gato pulou em cima de mim, morri de rir e eles: ‘Tem que levantar nesse bom humor?’ Eu vou ser infeliz para quê? Quando eu tô p. com uma coisa que aconteceu, ferrada mesmo, sabe o que eu faço? Vou para um restaurante ma-ra-vi-lho-so, como uma comida ma-ra-vi-lho-sa, tomo um vinho ma-ra-vi-lho-so, dou risada, fico feliz, acabou aquela encheção de saco!”.
A fundadora do Grupo Galpão se surpreendeu diante do grafite; 'Nossa! Que coisa mais linda!'(foto: Fred Bottrel/EM/DA Press)
A fundadora do Grupo Galpão se surpreendeu diante do grafite; 'Nossa! Que coisa mais linda!' (foto: Fred Bottrel/EM/DA Press)


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