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Estado de Minas

Laudo aponta lesão no pescoço de fisiculturista morto em boate de BH, diz advogado

Ércio Quaresma disse que teve acesso ao laudo da causa da morte de Allan Pontelo. Nesta manhã, três pessoas suspeitas do caso foram presas


postado em 24/10/2017 11:47 / atualizado em 24/10/2017 15:11

Fisiculturista Allan Pontelo morreu na madrugada de 2 de setembro na casa noturna(foto: Reprodução internet/Facebook)
Fisiculturista Allan Pontelo morreu na madrugada de 2 de setembro na casa noturna (foto: Reprodução internet/Facebook)
O advogado Ércio Quaresma, que representa a empresa de segurança que prestava serviço à casa de eventos Hangar 677, na Região Oeste de Belo Horizonte, no dia da morte do fisiculturista Allan Pontello, de 25 anos, disse que o laudo da necrópsia do corpo mostra uma lesão no pescoço da vítima.

Nesta terça-feira, três dos quatro investigados por suspeita de envolvimento no caso foram presos pela Polícia Civil.

Em 3 de setembro, um funcionário da funerária que preparou o corpo de Allan informou ao portal em.com.br que a empresa teve "bastante trabalho" no preparo do corpo para o sepultamento, pois houve afundamento no crânio do jovem. A informação era de que o fisiculturista teve dois dentes quebrados e fraturas no nariz e numa das vértebras do pescoço.

Em entrevista concedida na porta do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) na manhã desta terça-feira, Quaresma negou que o pescoço de Allan tenha sido quebrado. Mais cedo, ele havia informado ao em.com.br, por telefone, que tinha tido acesso ao laudo que aponta a causa da morte do jovem. “Não teve fratura nenhuma de pescoço. Teve uma lesão sim, no pescoço, mas não houve nenhuma fratura de pescoço. A cervical não foi rompida, não. Alguém 'soprou' algo parecido, mas não é isso não”, disse o defensor, que não quis informar o resultado do exame.

Quaresma disse que já contratou uma empresa para avaliar o documento. “A causa da morte está estampada no laudo. Vou contestar com argumentos técnicos aquilo que nós entendemos que está equivocado”, disse o advogado, ressaltando que não houve dolo (intenção de matar) no caso. “O moço foi 'pilhado' com 68 comprimidos de ecstasy, mais cloridrato de cocaína. Tinha no corpo uma substância chamada cetamina, que é um anestésico potente ao extremo que é utilizado como entorpecente, e naquela reação houve um confronto físico. Evoluiu para o óbito? Incontestável. Está morto”, argumentou o advogado. “Agora, as circunstâncias que se deram serão apuradas no inquérito policial à ótica escoteira da autoridade policial e, posteriormente, sob o crivo do contraditório”, sentenciou.

Ércio Quaresma, que representa empresa de segurança, questionou as prisões dos clientes(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Ércio Quaresma, que representa empresa de segurança, questionou as prisões dos clientes (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Nesta manhã, foram cumpridos mandados de prisão contra os quatro investigados pela morte de Allan Pontelo na Hangar 677, sendo três representados por Ércio Quaresma. Segundo o Fórum Lafayette, as ordens foram expedidas pelo 1º Tribunal do Júri em 11 de outubro. Até o momento, a informação é de que Delmir de Araújo Dutra, coordenador da segurança, e Carlos Felipe Soares, um segurança, foram presos hoje. Um terceiro segurança deve ser apresentado ao delegado por Quaresma.

Outro homem, identificado como Paulo Henrique Pardin de Oliveira, também está preso, conforme seu advogado, Fábio Domingos. Segundo o advogado Ércio Quaresma, Paulo não é funcionário da Cy Security. Ainda conforme o defensor de três dos quatro homens com mandados de prisão, ele seria o homem que estaria com uma arma no dia do fato. No dia do crime, um amigo que acompanhava Allan disse que quando os seguranças levaram o rapaz para uma área restrita, um dos homens bateu o cabo de um revólver em seu peito, mandando que sumisse do local sob pena de alguma coisa acontecer também com ele.

A mãe de Paulo Henrique, Anita Pardin, esteve no DHPP após a prisão do filho. Ela contou que ele já foi empregado de duas firmas de segurança, mas atualmente faz bicos desse serviço. No dia da morte de Allan, ele estava a passeio na casa noturna. Ainda segundo a Anita, o filho não anda armado. “Ele anda quando está dentro da firma. Não acham arma (na casa de Paulo). (Policiais) Já foram lá duas vezes. Não tem arma não”, disse a mulher.

De acordo com a doméstica, que tem 51 anos, Paulo Henrique disse que, na madrugada da morte de Allan, viu a confusão e foi pedir ajuda. Anita acredita na inocência do filho e falou sobre como foi ver o filho sendo preso. “Achei horrível, né? Não esperava nunca passar por isso. Foi péssimo”.

HABEAS CORPUS Ainda na porta do DHPP, Quaresma disse que já esperava que os mandados fossem expedidos. “Na semana passada eu tive acesso ao relatório da necropsia. Na hora que eu vi a causa mortis, imediatamente constituímos uma empresa para poder fazer uma análise técnica do relatório da necropsia assim como do laudo toxicológico que foi apresentado, e avisei (aos clientes) 'olha, saiam, porque vocês terão prisão temporária decretada. Assim que sair, eu os apresento ao magistrado'”, revelou.

O advogado disse que deve pedir o reexame dos pedidos de prisão ou elaborar habeas corpus para os três investigados que ele representa. “Eu fico perplexo porque hoje no Brasil se prende para depois apurar. Pois bem, Delmir – vou tratar especificamente do caso dele – que é coordenador de segurança, que não teve contato físico nenhum com o Allan. Nenhum. E suporta agora uma prisão temporária. Primado de bons antecedentes e atividade laboral contínua. Prisão temporária é quando for imprescindível para as investigações”, opina.

No fim da manhã, a Polícia Civil divulgou uma nota confirmando que foi deflagrada uma operação referente ao inquérito que investiga a morte de Allan. “As investigações seguem em sigilo e outras informações serão repassadas somente na conclusão do IP (inquérito policial)”.

Advogado da família de Allan Pontelo chegou ao DHPP no início desta tarde para ter acesso às informações do laudo e das prisões ocorridas nesta manhã(foto: Paulo Filgueiras/ EM/DA Press)
Advogado da família de Allan Pontelo chegou ao DHPP no início desta tarde para ter acesso às informações do laudo e das prisões ocorridas nesta manhã (foto: Paulo Filgueiras/ EM/DA Press)
O advogado da família de Allan Pontelo, Geraldo Magela, chegou no início da tarde ao Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para conversar com o delegado que conduz as investigações e tomar conhecimento do resultado do laudo de necrópsia realizado no fisiculturista.

Segundo o defensor, as prisões fundamentam a versão da família que, desde o início, afirmou que Allan foi assassinado. "A família desde o início defende que ele foi vítima de um crime de homicídio, e essas prisões confirmam isso. Mas nós ainda não tivemos acesso ao laudo pericial pra determinar as causas da morte. A gente precisa de saber agora é o teor do laudo, porque isso é uma prova técnica que não se discute," destacou.

Caso seja comprovado que Allan foi morto pelos seguranças da boate, Magela diz que vai poderá acionar judicialmente os proprietários do Hangar 677 e a empresa contratada para ser responsável da segurança na casa noturna no dia da morte.

"Sendo concluído o inquérito, isso será encaminhado ao Ministério Público para se ter o competente processo e a família vai acompanhar. Posteriormente, vamos buscar as responsabilizações nas esferas cíveis dos devidos responsáveis. A gente vai verificar o resultado do inquérito para apurar essas responsabilidades devidas, mas todos os responsáveis serão acionados," finalizou. 

No dia da morte, o pai de Allan, Dênis Luiz Pontelo (dir) e um amigo mostram o casaco do rapaz rasgado (foto: Marcos Vieira/EM/DA Press - 02/09/2017)
No dia da morte, o pai de Allan, Dênis Luiz Pontelo (dir) e um amigo mostram o casaco do rapaz rasgado (foto: Marcos Vieira/EM/DA Press - 02/09/2017)

Entenda o caso


A morte de Allan Guimarães Pontello ocorreu entre 4h e 5h do dia 2 de setembro na boate, que fica na Região Oeste de Belo Horizonte. A Polícia Militar (PM) colheu as informações com as testemunhas. “A versão dos seguranças é de que o rapaz foi abordado com drogas e, depois, sofreu um ataque cardíaco no local. Eles alegam que tentaram reanimar o jovem e não conseguiram”, explicou o tenente Jerry Adriano Martins de Abreu, da 126ª Companhia da Polícia Militar (PM), responsável pela área. Antes e passar mal o jovem teria corrido e saltado algumas grades, caindo no chão em seguida, ainda conforme a PM.

Um amigo de Allan disse que os dois foram ao banheiro e, depois de ser abordado por dois seguranças, Allan foi levado para um lugar privado na boate. “Fui tentar ver onde eles estavam e os seguranças colocaram o revólver no meu peito e me mandaram sumir”, afirma. Ele garantiu que foi ameaçado caso não deixasse o local.

Segundo o rapaz, eles fecharam uma porta de metal e não conseguiu ver mais nada. “Fui procurar ajuda, pedir para uma amiga falar com quem estava organizando a festa e, quando voltei, o Allan já estava dentro da ambulância e alegaram que ele tinha falecido”, diz. Castanheira ressalta que o amigo não fazia uso de drogas e era saudável, sem problemas de saúde. “Às 3h07, ele me deu um toque no celular, mas eu não vi. Às 3h15, quando retornei, ele já não atendeu mais”.

De acordo com a PM, a vítima aparentava ter se envolvido em uma briga. “A blusa do Allan estava rasgada, suja, os dedos dos pés machucados, as costas arranhadas. Há sinais de que pode ter havido uma luta corporal. Talvez ele tenha entrado em conflito com seguranças, mas temos que aguardar a autópsia do corpo para saber as causas da morte”, concluiu Jerry Adriano.

Com o mistério nas causas da morte de Allan Pontelo, familiares e amigos do fisiculturista se mobilizaram para pedir justiça e esclarecimentos dos donos do Hangar 677. Uma página foi criada no Facebook e outdors foram espalhados por bairros de Contagem.   

No fim do mês passado, o laudo do Instituto Médico Legal (IML) não identificou o uso de drogas e/ou álcool pelo jovem. Mas detectou a cetamina, que é um medicamento usado como anestesia geral em cirurgias em humanos e também em animais. O produto também tem efeito alucinógeno.

A dúvida sobre o uso indiscriminado ou não do jovem da substância foi levantada pela defesa dos seguranças da boate. Em uma página de uma rede social, o advogado Ércio Quaresma questionou as informações de que o jovem não tinha feito uso de drogas. Exibindo cópia do laudo que apontou que Allan não usou cocaína, maconha ou ecstasy, o advogado destaca em sua página que o documento técnico apresenta a presença de ketamine (cetamina) no sangue e vísceras do rapaz.

 

*Sob supervisão do editor Benny Cohen


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