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Estado de Minas

Saiba como vigia agiu em creche matando crianças e professora queimadas em Janaúba

Com dezenas de vítimas ainda lutando pela vida com queimaduras graves, população de município do Norte de Minas se divide entre a dor e a busca por explicações para ato de vigia que incendiou unidade infantil e assassinou professora e pelo menos seis crianças


postado em 06/10/2017 06:00 / atualizado em 06/10/2017 11:20

Ver galeria . 17 Fotos Vigia ateou fogo e matou crianças na Cemei Gente Inocente, uma creche de Janaúba, Norte de Minas Gerais. Ocorrência mobiliza forças de segurança e desespera moradoresPolícia Militar/Divulgação
Vigia ateou fogo e matou crianças na Cemei Gente Inocente, uma creche de Janaúba, Norte de Minas Gerais. Ocorrência mobiliza forças de segurança e desespera moradores (foto: Polícia Militar/Divulgação )

Janaúba – Um país chocado, um estado em luto e uma cidade arrasada; uma menina e quatro meninos mortos e pelo menos 21 pessoas, a maioria alunos de menos de 6 anos, com queimaduras, lutando pela vida. A uma semana do Dia das Crianças, ninguém esperava que, ao tocar a campainha da Creche Gente Inocente, por volta das 9h30 de ontem, o vigia da unidade, Damião Soares dos Santos, de 50 anos, estivesse prestes a colocar a cidade norte-mineira de Janaúba de forma trágica no centro das atenções do Brasil. Com uma mochila cor-de-rosa nas costas, na qual carregava um pote usado para venda de sorvete cheio de gasolina, o funcionário entregou um atestado médico à diretora da escolinha antes de se virar repentinamente, espalhar combustível pelo cômodo e atear fogo.

A sala que ironicamente era usada pelos alunos para recreação, com teto em PVC, material escolar inflamável e janelas fechadas por grades, se cobriu rapidamente de labaredas. Damião, que trabalhava para prefeitura desde 2008 e desde 2014 lidava com problemas psiquiátricos, havia se molhado com o combustível e, em chamas, chegou a abraçar algumas das crianças, segundo relato de testemunhas.


O resultado do gesto ainda inexplicável do ex-estudante de serviço social de uma faculdade de Januária foram as mortes dele próprio e dos alunos Ana Clara Ferreira da Silva, Luiz David Carlos Rodrigues, Juan Pablo Cruz dos Santos, Ruan Miguel Soares Silva e Renan Nicolas, todos de 4 anos, e da professora Helley de Abreu Silva Batista, que chegou a salvar a vida de vários alunos e teve 100% do corpo queimado.


COMOÇÃO À medida que a notícia da tragédia se espalhava, as reações iam da mobilização de autoridades, passando pela comoção em redes sociais, até a formação de uma corrente de solidariedade para conseguir doações, de medicamentos a sangue. O governador de Minas, Fernando Pimentel, que estava na cidade de Aimorés, no Vale do Rio Doce, se deslocou para a cidade do Norte de Minas. Antes, já havia determinado a mobilização de todo aparato médico e hospitalar estadual para dar suporte às vítimas e decretado luto oficial de três dias no estado.



(foto: Polícia Militar/Divulgação)
(foto: Polícia Militar/Divulgação)
O presidente Michel Temer também se manifestou, prestando solidariedade às famílias das vítimas. A Prefeitura de Janaúba decretou luto de sete dias diante do crime, e lançou um apelo por doações de medicamentos e outros produtos para os hospitais da cidade. “Eu nunca vi uma guerra, mas a situação aqui parece ser igual. É catastrófica”, definiu o prefeito Carlos Isaildon Mendes (PSDB).


Na cidade de pouco mais de 70 mil habitantes, antes mesmo de conseguir explicar a tragédia, familiares e conhecidos lidam com a dor de vítimas em estado gravíssimo, com até 90% do corpo queimado. Quatro crianças foram transferidas de avião para Belo Horizonte ainda na noite de ontem, sendo encaminhadas diretamente ao Hospital João XXIII, referência no atendimento a queimados. Outras transferências devem ocorrer, incluindo remoções para Montes Claros, cidade-polo distante 132 quilômetros de Janaúba.

Um dos alunos feridos chega ao Hospital João XXIII, em BH, referência no tratamento de queimados. Acima, a sala onde ocorreu o incêndio: forro de plástico ajudou a agravar a tragédia (foto: Túlio Santos/EM/DA Press)
Um dos alunos feridos chega ao Hospital João XXIII, em BH, referência no tratamento de queimados. Acima, a sala onde ocorreu o incêndio: forro de plástico ajudou a agravar a tragédia (foto: Túlio Santos/EM/DA Press)
A Polícia Civil investiga as circunstâncias do crime e aponta que Damião o premeditou, mantendo em casa galões de combustível para concretizá-lo. Perplexos, parentes velam seus mortos, enquanto feridos e seus familiares se preparam para mais uma dura batalha pela vida, sem data para terminar.



Surto e pânico na escola

 

Como o vigia Damião Soares dos Santos agiu no Centro Infantil Municipal Gente Inocente na manhã de ontem, segundo testemunhas

1 - Por volta das 9h30, Damião Soares dos Santos, de 50 anos, chega à unidade com uma mochila rosa nas costas. Ele afirma na portaria que estava à procura da diretora(foto: Lelis/Arte EM)
1 - Por volta das 9h30, Damião Soares dos Santos, de 50 anos, chega à unidade com uma mochila rosa nas costas. Ele afirma na portaria que estava à procura da diretora (foto: Lelis/Arte EM)
2 - A diretora estava em uma sala de aula que funciona também como espaço de recreação. Era onde estavam 35 crianças e a professora Helley de Abreu Silva Batista(foto: Lelis/Arte EM)
2 - A diretora estava em uma sala de aula que funciona também como espaço de recreação. Era onde estavam 35 crianças e a professora Helley de Abreu Silva Batista (foto: Lelis/Arte EM)
3 - Damião repentinamente retirou da mochila um pote com gasolina e começou a espalhar o combustível, atingindo crianças, a professora e a si próprio(foto: Lelis/Arte EM)
3 - Damião repentinamente retirou da mochila um pote com gasolina e começou a espalhar o combustível, atingindo crianças, a professora e a si próprio (foto: Lelis/Arte EM)
4 - O vigia ateou fogo ao ambiente. A diretora conseguiu se salvar. A sala, que tinha teto de PVC, brinquedos e livros, ficou totalmente destruída(foto: Lelis/Arte EM)
4 - O vigia ateou fogo ao ambiente. A diretora conseguiu se salvar. A sala, que tinha teto de PVC, brinquedos e livros, ficou totalmente destruída (foto: Lelis/Arte EM)
5 - Apavorados, familiares de crianças e de funcionários correram para a unidade infantil. Crime paralisou a cidade de pouco mais de 70 mil habitantes. (foto: Lelis/Arte EM)
5 - Apavorados, familiares de crianças e de funcionários correram para a unidade infantil. Crime paralisou a cidade de pouco mais de 70 mil habitantes. (foto: Lelis/Arte EM)



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