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Estado de Minas

PBH quer câmeras com sensor de movimento para evitar novas pichações na Igrejinha da Pampulha

Técnicos em restauração dão início à remoção das pichações feitas em lateral do templo, reconhecido como patrimônio da humanidade, mas investigação ainda não apontou responsáveis e aparelhagem tecnológica prometida para proteção não tem prazo


postado em 31/03/2017 06:00 / atualizado em 31/03/2017 07:32

Ver galeria . 4 Fotos Limpeza começou nesta manhã com técnicos do Iepha e do Iphan Edésio Ferreira: EM/DA Press
Limpeza começou nesta manhã com técnicos do Iepha e do Iphan (foto: Edésio Ferreira: EM/DA Press )
Dezesseis dias depois do último ato de vandalismo contra a Igreja de São Francisco de Assis, na Pampulha, começou no início da manhã de ontem a limpeza da pichação em uma das laterais do monumento – projetado por Oscar Niemeyer e reconhecido, com as demais obras do conjunto moderno do entorno, como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Porém, as providências para que a agressão não se repita caminham a passos lentos, assim como a apurações para apontar responsabilidades. Até ontem, ninguém havia sido preso. De acordo com a Polícia Civil, as investigações seguem sob sigilo, “para não prejudicar os trabalhos”. Uma anunciada intensificação da vigilância da Guarda Municipal nos arredores foi a única medida adotada após o ataque, que deve ser objeto de deliberação por parte da Unesco.


A igrejinha da Pampulha, como é mais conhecida, foi alvo de vandalismo na noite do último dia 15, exatamente por uma sequência de brechas na segurança. A vigilância 24 horas no templo – criada exatamente após a primeira pichação, ocorrida há um ano – fracassou. Após a agressão, foram apresentadas duas versões para a falha. A primeira, logo após a constatação do ataque, dava conta de que o pichador teria se aproveitado da ausência da dupla de guardas que patrulhavam a área, que teriam saído – juntos – para jantar. Já a explicação oficial da corporação foi outra: os agentes teriam se ausentado porque seriam os únicos responsáveis por patrulhar todo o conjunto da Pampulha durante a noite, e estariam em ronda pela região na hora do crime. Já a Polícia Militar, que administra câmera do sistema Olho Vivo nas proximidades do monumento, revelou que o equipamento tem área cega e por isso não registrou a movimentação do pichador.

A palavra pichada duas vezes na lateral da igrejinha graças à sucessão de falhas começou a ser removida ontem, com o trabalho das técnicas em restauração Flávia Alcântara e Daniela Ayala, e da assessora técnica e arquiteta Andréa Sasdelli, do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), e deve ser concluído ainda hoje. A pichação ocorreu entre as 22h30 e as 23h30, segundo a Guarda Municipal, e atingiu, novamente, o painel de ladrilhos de uma das laterais do monumento, o que já havia dificultado bastante o trabalho de limpeza por ocasião da primeira pichação. Naquela oportunidade, em 21 de março de 2016, o painel de Cândido Portinari, que fica na parte de trás do monumento, também foi alvo do vandalismo.

Representantes da Arquidiocese de Belo Horizonte acompanharam o trabalho de limpeza. O coordenador do Memorial da Arquidiocese, Márcio Vieira, disse ser impossível que a Pampulha perca o título de Patrimônio Cultural da Humanidade devido aos episódios de vandalismo registrados nos últimos meses. “Acredito que é impossível perder o título. Não só a arquidiocese, mas o Iepha e o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) estão atentos a esse tipo de desconforto e vandalismo, para que isso não ocorra novamente, de maneira alguma.”

Vieira relatou ainda que a limpeza é feita com o solvente aguarrás, produto derivado do petróleo capaz de remover a tinta das pastilhas sem danificar a estrutura da igrejinha. “A arquidiocese disponibilizou todo o material e os técnicos já estão trabalhando para concluir a remoção em um ou dois dias”, relatou. A limpeza não terá custos para os cofres municipais, segundo ele.

SEGURANÇA Sobre a segurança no entorno da Igrejinha da Pampulha, o coordenador da arquidiocese afirmou que espera um policiamento mais ostensivo no local. “Esperamos do poder público algo que já vem sendo feito, mas agora de maneira mais ostensiva e não só no entorno da igreja, mas em todo o complexo. A PBH já disponibiliza guardas municipais durante o dia e a noite e agora teremos uma presença mais massiva, para que não ocorram esses desencontros novamente,” concluiu.

Segundo a coordenadora do Iphan, Célia Corsino, é preciso melhorar a segurança no conjunto. “A Unesco não pede segurança, ela questiona nossa capacidade de gestão. Será que temos capacidade para gerir um patrimônio que foi alvo de pichação? De fato, é preciso melhorar a segurança no local e nos mostrarmos capazes de administrá-lo”, afirma. No fim do ano, uma reunião da Unesco deve discutir essas questões.

Para inibir o vandalismo, Prefeitura de Belo Horizonte informou ter dado início à execução de um novo plano de segurança para o conjunto moderno da Pampulha. Por meio da Secretaria Municipal de Segurança Urbana e Patrimonial e da Fundação Municipal de Cultura, serão implantadas medidas para minimizar, a curto e médio prazos, os riscos de atos de vandalismo e depredação do patrimônio público.
Enquanto passa por recuperação, um dos símbolos de BH espera pelo conjunto de ações anunciado para impedir novas agressões(foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)
Enquanto passa por recuperação, um dos símbolos de BH espera pelo conjunto de ações anunciado para impedir novas agressões (foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)

A prefeitura promete câmeras modernas, com sensor de movimentos e emissão de sinais de alerta, e ainda com avançados recursos tecnológicos de captação de imagens. A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Segurança informou que a aquisição do equipamento segue trâmite exigido pela lei, mas é considerada prioritária. Outra medida imediata implementada foi a intensificação do patrulhamento de guardas municipais no entorno da igrejinha da Pampulha, segundo a administração municipal. 

Título da Unesco foi concedido na Turquia

 


Em 17 de julho de 2016, o título de Patrimônio Cultural da Humanidade foi concedido ao conjunto moderno da Pampulha em Istambul, Turquia, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Na ocasião, representante da instituição no país, o francês Lucien Muñoz disse que “os belo-horizontinos devem se sentir ‘honrados e felizes’ pela decisão que põe BH no seleto grupo de cidades que têm um sítio do patrimônio mundial da Unesco em seu território”. O conjunto, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012), é formado pela Igreja de São Francisco de Assis, pelo Museu de Arte da Pampulha (MAP), antigo cassino, pela Casa do Baile, atual Centro de Referência em Urbanismo, Arquitetura e Design de BH, e pelo Iate Tênis Clube, todos construídos entre 1942 e 1943. Em Minas, foi o quarto patrimônio conquistado, o primeiro modernista: já estão na lista os centros históricos de Ouro Preto, na Região Central, e Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, e o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, também na Região Central.

Técnicas em restauração, com apoio de arquiteta do Iepha-MG, removem marcas da tinta spray com solvente derivado de petróleo(foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)
Técnicas em restauração, com apoio de arquiteta do Iepha-MG, removem marcas da tinta spray com solvente derivado de petróleo (foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)

Autor do primeiro ataque foi preso

 

Em 21 de março do ano passado, a igreja da Pampulha foi pichada pela primeira vez. Na ocasião, a Polícia Civil desenvolveu uma investigação que apontou três pessoas como responsáveis pelo crime, uma delas autora e as outras envolvidas na concepção do ato de vandalismo. Mário Augusto Faleiro Neto, o Maru, na época com 25 anos e apontado como o pichador da igrejinha, foi preso. João Marcelo Ferreira Capelão, o Goma, que tinha 33 anos na época, foi solto e responde ao processo em liberdade. Marcelo Augusto de Freitas, o Frek, com 20 anos na época, até hoje está foragido. Segundo a assessoria do Fórum Lafayette, um dos processos, referente a Mário e João Marcelo, aguarda sentença. O outro, de Marcelo, foi desmembrado e tem vários pedidos de diligências em Ibirité, na Grande BH, onde ele e Mário Faleiro moravam na época. Os três foram denunciados no artigo 65, inciso 4 da Lei 9.605 de 1998 (pichar monumento tombado pelo patrimônio) e nos artigos 69 (quando o agente pratica dois ou mais crimes), 287 (apologia ao crime) e 288 (formação de quadrilha).


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