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Estado de Minas

Corte de árvores do Parque das Mangabeiras desperta reações em BH

Associação de moradores questiona supressão e poda de mais de 300 espécimes no Parque das Mangabeiras. Administrador de estacionamento afirma que manejo é legal e necessário


postado em 15/07/2016 06:00 / atualizado em 15/07/2016 08:10

Depois de os funcionários cortarem as árvores no estacionamento do parque, as bases antes ocupadas por elas estão sendo cimentadas(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Depois de os funcionários cortarem as árvores no estacionamento do parque, as bases antes ocupadas por elas estão sendo cimentadas (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
A movimentação de trabalhadores nesta semana no estacionamento do Parque das Mangabeiras, no bairro homônimo, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, motivou discussão sobre a conservação da área verde no local. Funcionários contratados pela SPE, concessionária responsável pela área de 25 mil metros quadrados do estacionamento, estão cortando árvores do espaço destinado aos carros e cimentando as bases. A informação chegou até o Núcleo de Conflitos Ambientais do Ministério Público de Minas Gerais e, por consequência, motivou uma vistoria da Companhia de Polícia Militar do Meio Ambiente de BH, na terça-feira. Segundo o major Juliano Trant, comandante da unidade, a fiscalização não constatou infrações e não gerou autuações, já que a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), por meio da Fundação de Parques Municipais (FPM), autorizou o manejo de 346 espécimes, entre supressões e podas, na área de atuação da concessionária.


A assessoria de imprensa do Ministério Público informou que o Núcleo de Conflitos Ambientais recebeu uma denúncia sobre o corte de árvores no Parque das Mangabeiras, o que motivou um pedido de fiscalização para a Polícia Militar do Meio Ambiente. Como não foram encontradas irregularidades pela polícia, o MP não abriu investigação.

Todas as informações sobre a destinação de cada exemplar foram colocadas em um documento emitido pela FPM e encaminhado à SPE. Com o início do serviço, o coordenador da União das Associações da Zona Sul de BH, Marcelo Marinho, acredita que a ação está servindo para aumentar a área disponível para eventos no estacionamento, em detrimento da preservação do verde. “É evidente que a culpa não é da concessionária, mas sim de quem permitiu a exploração do espaço. O parque é um santuário de preservação ambiental que não foi feito para esse tipo de aproveitamento. Além disso, a impressão que temos é que o trabalho com as árvores não está sendo feito com o cuidado necessário”, afirma.

O argumento foi rebatido pelo gerente da SPE, Ubiratan Avelar Diniz. “Gostaria que a população soubesse o que estamos fazendo. Recebemos uma lista de árvores da FPM para serem tratadas. Muitas delas estão mortas e a ordem é que sejam removidas. Além disso, a prefeitura determinou que para cada árvore que for retirada pelo menos uma nova seja plantada”, afirma o gestor da concessionária que faz a gestão do estacionamento do parque.

Em uma lista preliminar a que o Estado de Minas teve acesso constam determinações para 232 árvores, sendo a retirada de 102 e a poda de 130. Das 102 com previsão de retirada, 66 são consideradas espécimes vivos, mas precisam ser suprimidas para evitar problemas. É o caso de exemplares do pau jacaré, que apresentam malformação de tronco e copa, “além de serem inadequados para a área de circulação já que são susceptíveis à quebra de galhos pelo vento e ataque de erva-de-passarinho”, diz a engenheira agrônoma do Departamento Técnico da FPM, Helenita Pereira Rodrigues. Também há casos de fícus, que “se encontram em local inadequado para sua espécie, de raízes muito vigorosas que destroem o piso”, acrescenta a engenheira agrônoma, que respondeu os questionamentos da reportagem por e-mail. Outros 36 espécimes já estão mortos e precisam ser removidos.

O gerente da SPE, Ubiratan Avelar Diniz, garante que para cada espécime removida na área pelo menos uma nova será plantada(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
O gerente da SPE, Ubiratan Avelar Diniz, garante que para cada espécime removida na área pelo menos uma nova será plantada (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
AUTONOMIA A especialista diz que a FPM tem autonomia sobre as árvores de suas unidades e diretrizes para fazer esse trabalho, que são seguidas por seus técnicos. Essas diretrizes contam também com a participação de técnicos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, segundo a engenheira agrônoma. O major Juliano Trant, que comanda a Companhia de Polícia Militar do Meio Ambiente em BH, enviou uma equipe na terça-feira para conferir a situação, a pedido do Ministério Público. “No local foi verificado que as supressões que aconteceram estão dentro do previsto na documentação que foi conferida. O município tem competência para emitir as licenças necessárias, que foram apresentadas”, diz o major. Nesse caso, não houve emissão de nenhum auto de infração ou aplicação de multa.

Ao perceber o trabalho de remoção de árvores, a população cobrou que é necessário entender os motivos e saber se é realmente necessário a retirada. O dentista Rogério Guimarães, de 69 anos, que costuma usar a área do estacionamento para fazer caminhadas, disse que se a árvore já está morta não resta o que fazer. “Mas isso tem que ser uma determinação de pessoas capacitadas para o trabalho e tem que ter um acompanhamento para saber se o que está sendo feito é compatível com o previsto. A questão da poda é natural, tem que ser feita como manutenção”, afirma.

O aposentado Ribeiro de Paula, de 67, acredita que novos exemplares têm que ser introduzidos no meio ambiente. “É necessário ter uma atenção especial com as árvores. Se precisa retirar, tem que replantar”, afirma. Já a arquiteta Maria Silva, de 37, diz que o controle das áreas verdes do parque deve ser rígido. “Como é uma área protegida, tem que verificar os fatos e ver quais são as necessidades. Eu imagino que haja esse controle rigoroso pelo fato de o parque estar em uma área de preservação”, afirma.

 


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