Nas ruas, as pessoas ficaram surpresas com o maior conforto proporcionado pela novidade, mas não há uma unanimidade a favor dos novos pontos. Algumas críticas foram apresentadas, como o pouco espaço destinados aos assentos, o bloqueio de visibilidade causado pela placa de publicidade e o tempo que vai demorar para que todos os abrigos estejam devidamente posicionados.
Preocupado diariamente com segurança, por ser um policial civil, Warlen Lacerda, de 42 anos, aguardava um coletivo na manhã de ontem no novo abrigo instalado na Avenida Afonso Pena, em frente à Casa da Fotografia, no Centro de BH. Ele apontou que a placa de publicidade que viabilizou o interesse da iniciativa privada em construir e manter os novos abrigos tampa a visão de parte da avenida, o que pode facilitar a intenção de bandidos de agir contra usuários do transporte público.
“Você não enxerga quem vem da avenida na direção do ponto de um dos lados. Com isso, os ladrões podem surpreender as pessoas”, afirma o policial. Warlen também critica o espaço reservado para as pessoas esperarem sentadas. “Cabe pouca gente desse jeito, o ideal seria aproveitar melhor o espaço”, completa.
A estudante Victoria Costa Silva, de 17, disse que se sentiu muito mais confortável ao esperar um ônibus no novo ponto. “Acho que está muito mais acolhedor e quando todos estiverem prontos vai ficar melhor ainda para a população”, afirma.
Para o comerciante Mauro Geraldo Guimarães, de 79, é justamente o tempo de instalação o que mais incomoda. Segundo a BHTrans, serão quatro anos para finalizar a colocação dos 1,3 mil novos abrigos, sendo que a metade estará disponível ao fim do primeiro ano de trabalho. A segunda metade será implantada nos três anos seguintes. “Precisa de um tempo desse para colocar tudo? Acho que dava para fazer em menos tempo”, diz o comerciante, enquanto aguardava no ponto da Afonso Pena em frente ao prédio do antigo Banco da Lavoura, a alguns metros da Praça Sete.
PAINÉIS A aposentada Maria de Fátima Gomes da Silva, de 58, e o analista financeiro Joel Carvalho, de 22, gostaram da novidade, mas comentaram alguns problemas. Maria de Fátima destacou o espaço livre entre o ponto e a rua, que garante mais conforto para quem está esperando. Porém, ela reclamou que os painéis eletrônicos que apontam o tempo para a chegada dos coletivos não estão informando da forma correta. “Isso aí não está funcionando direito. Aparece que o ônibus está se aproximando e depois muda para 12 minutos. Isso sem passar um coletivo”, afirma.
Joel comentou que a nova iluminação poderá ajudar no quesito segurança à noite, mas concordou que a placa de publicidade tampa a visão e pode ser um fator de risco usado a favor de bandidos. “Nesse caso, são as placas que garantem a viabilidade do negócio, não tem jeito de ficar sem”, afirma.
Das 1,3 mil novas coberturas, 1,1 mil serão no modelo padrão, próprias para calçadas de quatro metros de largura; 100 serão destinadas a áreas com prédios históricos e as 100 restantes serão menores, para calçadas estreitas (de até 2 metros). Do total, 300 vão substituir abrigos danificados. Dos outros 1 mil, parte será levada para locais onde não há abrigos e a outra será usada para padronizar os equipamentos.
A concessionária vencedora da licitação 07/2015 será responsável por criar, instalar e fazer a manutenção dos equipamentos, tendo direito à exploração publicitária de totens durante 25 anos. O contrato prevê investimento da empresa em torno de R$ 30 milhões para instalação e o mesmo valor para custeio de reparos, durante a vigência da concessão.
INTERNET Além de prever a exploração dos totens de publicidade, a licitação abre espaço para que a empresa vencedora lucre com a oferta de internet nos abrigos. Isso será possível com o uso dos espaços publicitários que poderão ser vendidos a clientes e vistos pelos passageiros no momento em que usam a rede wi-fi. Também serão ampliados painéis de informação sobre o horário de chegada dos coletivos.
Atualmente, há 600 painéis nos abrigos e mais 200 serão instalados. Ontem, a reportagem visitou quatro dos seis novos abrigos que já estão instalados na Avenida Afonso Pena. Em nenhum deles estava disponível a conexão sem fio de internet. Os fios, inclusive, estavam desligados nos abrigos. A reportagem procurou a BHTrans, mas ninguém foi encontrado ontem para comentar as críticas feitas pela população.
Enquanto isso...
...aplicativo traça rota
O aplicativo de celular SIU Mobile BH, desenvolvido pela BHTrans, já tem uma nova função disponível. Agora, passageiros que usam os ônibus do sistema de transporte público de Belo Horizonte podem digitar endereços de origem e destino para que o sistema forneça rotas usando prioritariamente os coletivos. O programa informa também o tempo para percorrer o itinerário, levando em consideração a caminhada entre os locais de origem e destino e os pontos de ônibus, o tempo que o usuário vai precisar esperar o coletivo no ponto e também o período de viagem dentro do veículo. Antes, o sistema trazia apenas a opção de consultar o tempo que o ônibus vai gastar para passar em determinada parada.
