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Estado de Minas

Mistério e dor envolvem a morte de um adolescente mineiro em Guarapari

Adolescente mineiro morre em circunstâncias não explicadas, polícia não se interessa pelo caso e revolta parentes da vítima. Garoto passava o carnaval na praia capixaba


postado em 11/02/2013 00:12 / atualizado em 11/02/2013 07:16

Junia Oliveira e Landercy Hemerson

Revoltados com descaso da polícia do Espírito Santo, pais de Gabriel querem saber como o filho morreu (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Revoltados com descaso da polícia do Espírito Santo, pais de Gabriel querem saber como o filho morreu (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

A morte de um adolescente morador de Belo Horizonte desafia a polícia do Espírito Santo, que até esse domingo à noite não tinha respostas para o mistério que envolve o caso. O corpo do estudante Gabriel Camargo Parreiras, de 14 anos, foi reconhecido pelos parentes na madrugada de ontem, mais de 24 horas depois de sua morte. Ele estava desaparecido desde sexta-feira em Guarapari (ES), depois de sair para dar uma volta na Praia do Morro. As investigações tentam esclarecer as circunstância em que ele caiu do terceiro andar de um prédio. A Corregedoria de Polícia Civil do Espírito Santo fez contato com parentes, diante de possíveis falhas de agentes policiais, que resultou na demora para informar a família sobre a morte.

Morador do Bairro Cidade Nova, Nordeste de Belo Horizonte, o adolescente, estudante do ensino fundamental, havia chegado com os tios-avós à cidade capixaba para passar o carnaval. O corpo foi encontrado na madrugada do sábado, horas depois de seu sumiço, no terreno de um prédio distante 400 metros do edifício em que estava com sua família, na Avenida Oceânica, na Praia do Morro. Sem informações concretas, parentes do estudante cobram da polícia de Guarapari explicações para uma sucessão de erros e de perguntas sem respostas.

Gabriel saiu do apartamento em que estava hospedado por volta das 22h de sexta-feira, dizendo aos tios-avós que iria à praia encontrar amigos de BH. Ele prometeu voltar antes da meia-noite. Por volta da 1h de sábado, vendo que o garoto não chegou, o casal saiu para procurá-lo. Os pais, em BH, só foram informados do sumiço de Gabriel na manhã de sábado.

O tio-avô do garoto, Aires Ferreira, de 68, conta que, às 7h30 do sábado, ele e a mulher foram ao Samu e ao Corpo de Bombeiros, que informaram não ter havido qualquer ocorrência de homicídio, afogamento ou remoção de um corpo com as características de Gabriel naquela madrugada. Na delegacia de Guarapari, também não tiveram notícias sobre o adolescente, o mesmo ocorrendo nos hospitais da cidade.

Horas depois de informado sobre o desaparecimento do filho, o analista de sistemas Rodrigo Parreiras Passos seguiu de carro para o Espírito Santo, enquanto parentes, em BH, começavam a divulgar o desaparecimento nas redes sociais. Em Guarapari, a tia-avó do adolescente foi a uma lan house, na frente do prédio onde estavam, para imprimir cartazes com a foto de Gabriel. Ao ver as fotos, um funcionário da lan house disse que o garoto havia estado no local até as 22h40 da sexta-feira. A família conseguiu recuperar as últimas mensagens do adolescente na internet. Ele conversou com uma namorada em BH e às 22h40 disse que daria uma volta na praia e voltaria em seguida para o apartamento onde estava hospedado.

O adolescente iria completar 15 anos no fim do mês(foto: Facebook/Reprodução)
O adolescente iria completar 15 anos no fim do mês (foto: Facebook/Reprodução)


Os tios-avós passaram a tarde percorrendo hospitais à procura de Gabriel. Na delegacia de Guarapari, pediram para fazer um boletim de ocorrência, mas o policial de plantão se recusou, dizendo que deveriam esperar 24 horas – fato que a família estranhou, pois a recomendação das polícias é justamente o contrário. Eles voltaram às 21h e, novamente, nenhuma notícia, mesmo depois de o corpo ter sido encontrado.

POR ACASO A família só ficou sabendo da morte de Gabriel por acaso, na madrugada de ontem. Os parentes estavam distribuindo os cartazes com a foto do adolescente quando uma pessoa contou ao pai do garoto que um corpo havia sido resgatado de um terreno próximo. Rodrigo foi ao local, conseguiu entrar no prédio de onde a vítima encontrada no terreno teria caído e reconheceu um pé do tênis do filho, que ainda estava lá. Ele então se dirigiu ao Instituto Médico Legal (IML), onde reconheceu o corpo do filho e constatou a tragédia.

A demora da polícia em informar aos parentes ter encontrado o corpo e a aparente falta de interesse em investigar o caso revoltaram o tio-avô do adolescente. “O corpo foi visto no começo da madrugada por um morador do edifício, que chamou o Samu e os bombeiros. O rapaz da funerária nos falou que a notícia de um garoto que tinha caído de um prédio em Guarapari chegou para eles na tarde de sábado. Ou seja, nesse momento, estávamos pecorrendo o Samu, os bombeiros e a delegacia e ninguém nos deu qualquer informação. Na delegacia, não falavam coisa com coisa”, conta Aires Ferreira.

“O laudo do IML apontou que a causa da morte é uma suposta queda, mas não sabemos se alguém o empurrou. O rosto dele estava bastante machucado, mas também não sabemos se por causa da queda ou se são sinais de violência”, diz Aires. O laudo definitivo ficará pronto em 15 dias.

Um estudante de engenharia do Rio de Janeiro, que estava hospedado com amigos no prédio vizinho ao da família, pode ter sido uma das últimas pessoas a ver Gabriel. Eles se encontraram na praia. O rapaz avisou que voltaria para casa e o adolescente disse que ficaria mais um pouco.


Conversa de Gabriel com a namorada, pela internet
Gabriel: Oi, princesa.
Namorada: Como você está?
Gabriel: Bem e você ?
Namorada: Estou bem.
Gabriel: Assim eu fico melhor.
Namorada: Ontem e hoje acordei com você na cabeça
Gabriel: Eu não dormi. Fiquei pensando em você a viagem toda. Eu fiz uma tatuagem com seu nome.
Namorada: Eu quero ver.
Gabriel: Eu tirei foto.
Namorada: Posta ou me manda.


ENQUANTO ISSO: ...DELEGADO SE EXPLICA
O delegado Danilo Bahianense, superintendente de Polícia do Interior do Espírito Santos, esclareceu que o corpo de Gabriel Camargos foi levado para o Instituto Médico Legal de Vitória na madrugada do sábado, como desconhecido, pois não foram encontrados documentos com ele. Ao ser perguntado sobre a falta de informações aos parentes, na manhã e tarde de sábado, o delegado justificou que houve troca de plantão, e os agentes não tinham conhecimento do caso. Ele afirmou que foi feito registro do desaparecimento de imediato pelos policiais.
Ainda de acordo com Danilo Bahianense, testemunhas serão ouvidas e o exame de necropsia vai apontar se a vítima ingeriu bebida alcoólica. “Assim que foi encontrado o corpo, as investigações começaram. Já se sabe que o adolescente entrou no prédio errado e bateu no apartamento 301, mas não foi atendido. Ele então caiu de uma janela do corredor, na altura de seu pescoço. Estamos investigando as circunstância, se foi queda acidental, se pulou ou foi empurrado”, garantiu.
 


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