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Estado de Minas MERCADO FINANCEIRO

Dólar tem forte alta e Bolsa cai com mercado avaliando composição do governo Lula

Decisão de Tebet de aceitar assumir Ministério do Planejamento, sem que pasta abrigue bancos públicos, também está sendo apontado como causa da oscilação


27/12/2022 12:03 - atualizado 27/12/2022 13:09

Notas de dólar
Notas de dólar (foto: Gabriel Cabral/Folhapress)
A Bolsa de Valores brasileira operava em acentuada queda, enquanto o dólar registrava forte alta frente ao real nesta terça-feira (27), assim como os juros futuros também subiam. Os indicadores demonstravam a continuidade de um movimento de aversão aos investimentos de risco iniciado na véspera, quando a sessão foi marcada pela expectativa de avanço da inflação no próximo ano após a divulgação do último relatório Focus do Banco Central.

A composição do governo do presidente diplomado Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está entre os pontos que recebem atenção de investidores nesta terça, sobretudo após a confirmação de que a senadora Simone Tebet (MDB-MS) decidiu aceitar assumir o Ministério do Planejamento e Orçamento, mas sem a possibilidade de que a pasta abrigasse também bancos públicos, como havia sido inicialmente cogitado.

No noticiário sobre o exterior, a expectativa do fim da quarentena da Covid para viajantes que chegarem à China a partir da segunda semana de janeiro favorece ganhos no setor de matérias-primas.

Às 11h15, o dólar à vista subia 1,38%, cotado a R$ 5,28 na venda. Na segunda-feira (26), a moeda americana fechou com alta de 0,81%.

No mercado de ações nesta terça, o índice parâmetro da Bolsa de Valores brasileira caía 0,78%, aos 107.888 pontos. Na véspera, o Ibovespa recuou 0,87%.

Charo Alves, especialista da Valor Investimentos, avalia que, após uma abertura em leve alta impulsionada pelas notícias sobre a reabertura da China, a política doméstica entrou no foco dos investidores porque houve a quebra da expectativa de que os bancos públicos poderiam ficar sob a influência de Tebet, cuja visão da economia é considerada mais próxima do mercado.

"É difícil afirmar que esse seja o único fator, mas acredito que isso possa ter contribuído com essa virada de chave no mercado", diz.

Alves também destacou que o potencial aquecimento da economia chinesa com a queda de restrições contra a Covid, apesar de positivo para o setor de commodities da Bolsa, tende a provocar temor quanto ao avanço da inflação global, afetando negativamente empresas mais sensíveis às altas dos preços ao consumidor e ao encarecimento do crédito.

No mercado de juros futuros, os contratos com vencimentos para os próximos apresentavam altas generalizadas. A taxa DI (Depósito Interbancário) para 2025 passava de 12,95% para 13,02%, enquanto a de 2027 avançava de 12,91% para 12,98%. Negociada apenas entre instituições financeiras, a taxa de juros DI serve de referência para esse mercado.

Na segunda-feira, câmbio e Bolsa foram pressionados pelo aumento das expectativas para altas da inflação e dos juros, em uma sessão também afetada pelo baixo volume de negociações porque os mercados dos Estados Unidos e da Europa permaneceram fechados devido ao feriado estendido de Natal.

No mercado de juros futuros, a taxa DI, que reflete os empréstimos negociados entre instituições financeiras e serve de referência para o setor de crédito, apresentou elevações para os contratos com vencimentos nos prazos curtos e médios.

Segundo analistas, a razão para essa alta foi o relatório Focus do Banco Central, divulgado nesta segunda (26). A pesquisa apontou que o mercado elevou sua projeção para a taxa básica de juros (Selic) em 2023, prevendo que ela fechará o ano em 12%, superando os 11,75% previstos há uma semana.

Há expectativa de que o Banco Central terá menos espaço para reduzir o aperto monetário após fechar este ano com a taxa em 13,75%.

O boletim também indicou uma elevação marginal das projeções para a inflação no ano que vem, para 5,23%. Antes, era de 5,17%. O teto da meta para 2023 é de 4,75%. A projeção para os preços administrados no período subiu de 6,23% para 6,53%. Para 2024, a expectativa para o IPCA aumentou de 3,50% para 3,60%.

Étore Sanchez e André Coelho, da Ativa Investimentos, avaliaram que o último Focus do ano, após a PEC (proposta de emenda à Constituição) da Gastança ter sido aprovada, registra uma "piora significativa da conjuntura".

Elcio Cardozo, sócio da Matriz Capital, reforçou que a divulgação do boletim Focus trouxe preocupações aos investidores ao projetar para 2023 uma inflação levemente superior à do último boletim, o que colaborou para a alta dos juros futuros.

Cardozo disse, porém, que o bom desempenho do setor da Bolsa ligado à exportação de minerais metálicos evitou uma queda maior do Ibovespa.

Entre as notícias que podem favorecer a valorização de matérias-primas importantes para exportadores com presença na Bolsa do Brasil, como é o caso do minério de ferro explorado pela Vale, o destaque é o comunicado desta segunda de autoridades de saúde da China.

A agência Reuters reportou que Pequim deixará de exigir quarentena para viajantes que chegarem ao país a partir de 8 de janeiro.

Além disso, o país havia anunciado mais cedo que pretende adotar regras menos rigorosas para o tratamento de pacientes, o que, segundo reportou o The Wall Street Journal, é um claro sinal de que Pequim realmente acabará com a quarentena.

Sem negociações nesta segunda, o preço do barril do petróleo Brent subiu 2,94% na última sexta-feira (23), cotado a US$ 83,92 (R$ 435,25). O Brent serve de referência para os preços praticados por empresas do setor no Brasil, como a Petrobras.

A agência de notícias Bloomberg atribuiu a alta da matéria-prima a ameaças da Rússia de que poderá cortar sua produção em pleno inverno no hemisfério Norte.

O corte seria uma resposta do governo de Vladimir Putin à limitação de preços à mercadoria russa imposta pelo Ocidente como uma forma de sanção pela Guerra da Ucrânia.


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