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Estado de Minas CONSUMO

Salário não acompanha inflação

Pesquisa mostra que reajustes desde janeiro de 2019 corroem o poder de compra do piso salarial brasileiro. Especialista teme ciclo desastroso


07/12/2021 04:00 - atualizado 07/12/2021 07:49

carnes
Produtos como carnes tiveram alta que derrotam em muito a recomposição salarial e vão se tornando mais raros para muitas famílias (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 21/6/21)


Os resultados da pandemia de COVID-19 batem na porta da economia brasileira e trazem um cenário preocupante pela frente. Enquanto a inflação de vários produtos e serviços teve aumento de até 129%, o salário mínimo não consegue acompanhar a escalada, com o reajuste de 10%. É o que mostra levantamento feito pelo site MercadoMineiro e aplicativo comOferta, que analisaram diversos setores para verificar a inflação durante a pandemia, em janeiro de 2019, janeiro de 2020, janeiro de 2021 e novembro de 2021.

 - Leia: Queda na renda é entrave para reajustes mais altos no setor de serviços
 
Os piores aumentos estão em produtos básicos do dia a dia do consumidor: combustíveis, gás de cozinha, carnes, arroz, óleo de soja, açúcar e energia elétrica. Enquanto a arroba bovina subiu 129% de janeiro de 2019 até novembro de 2021, o quilo do acém teve alta de 92%; o do lombo suíno inteiro, de 45%; o quilo da comida self-service aumentou 29%; o prato feito, 39%; e o marmitex aumentou 41%. Já o pão francês subiu 11,47%.
 
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro de 2019 até novembro de 2021 subiu 17,99%. O dólar, favorecendo a exportação, aumentou 53% em relação ao real. O barril do petróleo foi reajustado em 14,35%, enquanto a gasolina teve salto de 54% e o diesel, de 51%. O etanol disparou 91%, o botijão de gás de cozinha teve reajuste de 45%, enquanto o cilindro de 45kg subiu 30%.
 
A mensalidade escolar teve reajuste de 8%, como aconteceu no 5º ano do ensino médio. Nos bares, Brahma de 600ml teve alta de 9,20%, a Heineken, 20%, e a batata frita, 19%.
 
Nesse cenário, o salário mínimo subiu de R$ 998 para R$ 1.100, um aumento de 10%. Segundo o economista e coordenador do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, todos esses aumentos atrelados ao dólar diminuem o poder de compra do consumidor e geram preocupação na economia do país.

“A gente vê o mercado de uma forma muito perigosa, o consumidor está comprando cada vez menos, só o básico. Diversos setores estão esgotados. Enquanto nossa moeda estiver desvalorizada, vai valorizar quem exporta. Quem ganha em real e consome em real o produto atrelado ao dólar vai passar muita dificuldade”, afirmou.
 
“O dólar influencia diretamente nas exportações e está com um preço disparado e isso mostra a necessidade de exportar em vez de manter um preço dentro dos padrões de consumo para o consumidor interno”, acrescentou o economista.
 
Ele alertou que isso pode trazer consequências desastrosas. “Muita gente não vai conseguir sobreviver, porque já passou um período fechado e na hora da retomada em final de ano as pessoas não estão voltando, porque não conseguem consumir. Vai haver um problema muito grave”, previu.

Diante do quadro, estabelecimentos comerciais não estão conseguindo repassar todo o aumento que tiveram com os próprios custos. “Quando se vai aos bares e restaurantes, vemos que está mais caro, mas os donos não estão conseguindo repassar na totalidade o aumento que também tiveram, e isso pode inviabilizar diversos setores. Subiram energia elétrica, arroz, feijão, carne nem se fala, gás de cozinha”, avalia Feliciano.

AMEAÇA

A grande preocupação do mercado agora é com o surgimento de uma nova cepa do coronavírus que pode trazer novas restrições. Feliciano explica que todo esse acumulado pode ocasionar perda de conquistas geradas pelo Plano Real, conjunto de reformas econômicas implantadas no Brasil, a partir de 1994, no governo de Itamar Franco, para combater a hiperinflação no país.
 
“Retomar a economia não é fácil. Se voltarem os problemas com uma nova cepa,  ninguém sabe o que pode acontecer. Podemos perder o Plano Real, que foi conquistado com muito custo e conseguiu a estabilidade econômica. Hoje, o consumidor não tem como fazer planejamento, não tem estabilidade financeira. Se não valorizar o ganho do trabalhador, dificilmente haverá condições de retomar a economia”, alerta.
 
Também não há grandes expectativas para a economia em 2022, por ser um ano de eleição. “Eleição, no Brasil, historicamente sempre é um ano de especulação. Vai ser um ano de muita conversa e pouca atitude porque vai todo mundo estar no ponto morto esperando quem vai ganhar a eleição. As pessoas precisam de um suporte, uma solução”, observa Feliciano.
 


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