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Estado de Minas QUEDA

Dia Nacional da Cachaça: consumo da bebida caiu 23,8% no último ano

Bebida tradicionalmente brasileira foi afetada pelo fechamento de bares na pandemia; vacinação garante volta de um dos maiores eventos do setor, a ExpoCachaça


13/09/2021 18:53 - atualizado 13/09/2021 20:02

BH voltará a sediar o ExpoCachaça em novembro
BH voltará a sediar o ExpoCachaça em novembro (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Nesta segunda-feira (13/9) é comemorado o Dia Nacional da Cachaça. A data é celebrada desde 2009 e faz referência à uma bebida que surgiu quase ao mesmo tempo que o próprio país. Com a pandemia, porém, o setor sofreu a maior queda de consumo em cinco anos, com uma redução de 23,8% em 2020. Isso se deve, principalmente, pelo fechamento de bares e restaurantes em todo país, os principais locais de consumo do destilado.
 
Um dos eventos que impulsionam o consumo da cachaça e leva parte da visibilidade e status atingidos pela bebida é a Expocachaça. Em 2020 as atividades foram suspensas devido à emergência sanitária do país, mas a feira já tem data para 2021 e promete ser ainda mais especial, em conjunto com a 14ª Brasilbier. 
 
Todos os setores produtivos foram atingidos pelas mudanças provocadas pelo coronavírus. Entre os produtores da cachaça, houve queda no consumo e faturamento. Segundo Carlos Lima, diretor executivo do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), o principal motivo foi o fechamento dos bares e restaurantes.
 
"O fechamento de bares e restaurantes impactou de uma forma muito dura o setor. Eles representam cerca de 70% do consumo. A cachaça, ao contrário de outras bebidas, não conseguiu migrar para o consumo doméstico, como o vinho e cerveja. Por depender tanto dos bares, restaurantes e não conseguir migrar para as casas, além das proibições de consumo de bebidas alcóolicas em muitos municípios, nosso setor teve redução de 23,8% em 2020", disse o diretor executivo do Ibrac.
 
Com dados da Euromonitor International, o tamanho de mercado de Cachaça no Brasil em 2020 foi de 399 milhões de litros. O faturamento também caiu, segundo Carlos Lima: "Já em relação ao faturamento, houve redução de 20,9%". 
 
Segundo o Anuário da Cachaça 2021, feito pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o número de estabelecimentos produtores de cachaça e de aguardente registrados no ministério cresceu 4,14 % no último ano.
 
Minas Gerais lidera o ranking com 397 locais registrados. Em seguida, estão os estados de São Paulo (128), Espírito Santo (67), Rio de Janeiro (64) e Santa Catarina no 5º lugar, com 47 produtores registrados.
 
O estudo também revelou o número de marcas de produtos classificados como Cachaça e Aguardente de Cana registradas no Ministério. Em 2020 foram 5.523, enquanto 2019, eram 4.705 registros.

Data comemorativa

O Dia Nacional da Cachaça é uma iniciativa do Ibrac, que foi lançada em junho de 2009, durante a Expocachaça de Belo Horizonte, se tornando um Projeto de Lei por iniciativa do Deputado Valdir Colatto, de Santa Catarina.  
 
Segundo o Ibrac, a escolha da data não foi aleatória. Com uma longa história, a bebida começou a ser produzida, pela primeira vez de forma intencional entre os anos de 1516 e 1532. Ao longo dos séculos, enfrentou preconceitos e chegou a ser proibida por diversas vezes no Brasil Colônia. 
 
Os impedimentos originaram a Revolta da Cachaça, um movimento que abriu caminho para a legalização da bebida, que ocorreu em 13 de setembro de 1661. "O caminho rumo à valorização da bebida tem sido longo, mas está em um estágio melhor do que já foi, principalmente devido à valorização no Brasil, nos últimos anos, de produtos tradicionais", afirma o Ibrac.

Dificuldades do setor

Apesar do crescimento, o índice de informalidade no setor continua preocupante. Atualmente, 89% de produtores não estão cadastrados no MAPA e isso causa uma série de problemas. O índice é obtido na comparação com aqueles identificados pelo Censo Agropecuário do IBGE de 2017.
 
Segundo Carlos Lima, "a informalidade é um grande problema pra todo mundo, porque um produtor ilegal ou informal não recolhe tributos, então do ponto de vista de arrecadação, há uma perda de muito grande. O IBRAC divulgou um estudo no início de 2019 mostrando que o Brasil perde R$ 10 bilhões por ano, em função de ilícitos no mercado de bebida alcoólica como um todo, não é só a cachaça, são todas as bebidas", explica.
 
Outro ponto crítico gerado pela informalidade é a qualidade dos produtos. "Um produto que é comercializado e produzido de maneira ilegal não tem nenhuma garantia para o consumidor de que está apto para o consumo", continua.
 
"Na cachaça isso é ainda pior, porque existe um folclore em relação ao consumidor e à própria cachaça, que muitos acham que bebida boa é aquela artesanal, feita no fundo de uma propriedade, que o produto é comercializado sem rótulo ou em garrafa pet. O consumidor não sabe que produto está comprando, o que pode gerar um problema de saúde pública", explica Carlos Lima.
 
O terceiro problema é em relação concorrência desleal, já que os produtores registrados recolhem tributos, passam por fiscalização e os ilegais não têm nenhum tipo de regulamentação.
 
Entre os diversos motivos que levam à informalidade no mercado, segundo o diretor executivo do Ibrac estão:  
  • Falta de fiscalização eficiente: isso faz com que o mercado dos produtores ilegais se multiplique; 
  • Falta de informação ao produtor: muitas vezes o produtor ilegal, mas não sabe como se legalizar;
  • Falta de informação para o consumidor: quem realiza a compra também precisa ser alertado sobre a origem do produto;
  • Conscientização dos bares e restaurantes: precisam saber a importância de não comercializarem produtos ilegais;
  • Alta carga tributária: incentivo para informalidade.
"O Brasil vive um cenário tributário que pode proporcionar o aumento do mercado ilegal, ainda mais quando olhamos as reformas tributárias que estão no Congresso Nacional, que podem aumentar ainda mais a tributação. Sabemos que quanto maior a tributação, chega um ponto que você não arrecada mais, então você tem um incentivo para não ser legalizado", explicou Carlos Lima.

ExpoCachaça 2021 

A 30ª edição da ExpoCachaça está de volta em 2021 e já tem data. Neste ano, a feira acontecerá em paralelo com a 14ª edição do BrasilBier, unindo a cadeia produtiva de cervejas artesanais e cachaça.
 
O evento acontecerá entre os dias 25 e 28 de novembro, voltando a ser realizado na Serraria Souza Pinto, em Belo Horizonte. Segundo José Lúcio Mendes, presidente e promotor dos eventos, a data foi reajustada para alcançar o momento em que quase toda a população de BH estará completamente vacinada.
 
"Estávamos programados para que o evento ocorresse em outubro, mas achamos por bem alterar para novembro, quando teremos praticamente 100% da população de Belo Horizonte, Região Metropolitana, municípios mineiros e de outros estados já vacinados. Além disso, teremos alguns eventos realizados em agosto, setembro e outubro que servirão para observarmos os protocolos adotados", disse Mendes.
 
"Até novembro, esses protocolos deverão ter flexibilização, especialmente para a presença de público, que ajudará no formato da Expocachaça e Brasilbier que tem shows em sua programação, acústicos e com as bandas no mezanino da Serraria", finaliza.
 
*Estagiária sob supervisão do subeditor João Renato Faria


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