Levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta que profissões que haviam sido severamente atingidas pela primeira onda da pandemia de COVID-19 aparecem no ranking com maiores avanços nas contratações nos 12 meses encerrados em maio.
Com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a CNC avaliou o desempenho recente do saldo de vagas com carteira assinada, considerando mais de 2.500 profissões. A entidade observou não apenas a expansão significativa da força de trabalho, mas também critérios de representatividade.
Movimento semelhante acontece com o transporte rodoviário, impactado positivamente pela maior movimentação de pessoas nos últimos meses.
Com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a CNC avaliou o desempenho recente do saldo de vagas com carteira assinada, considerando mais de 2.500 profissões. A entidade observou não apenas a expansão significativa da força de trabalho, mas também critérios de representatividade.
Os maiores avanços em 12 meses foram:
- Engenheiros aeronáuticos: aumento de 20,8% em relação aos postos de trabalho de maio de 2020,
- Monitores de transporte escolar: 18,5%,
- Cobradores de coletivos: 18,4%,
- Comissários de voo: 13,5%
A presença de profissionais ligados ao setor aéreo no ranking das profissões com maiores altas surpreende e sugere uma expectativa favorável nos próximos meses.
O setor foi um dos que sofreram maior impacto na primeira onda da pandemia no segundo trimestre do ano passado e nos três primeiros meses de 2021.
Entre o final de fevereiro e o início de maio do ano passado, a retração na demanda por serviços de transporte aéreo levou a uma redução de 92% no fluxo de aeronaves nos 34 maiores aeroportos do Brasil.
Consequentemente, o Caged registrou um saldo negativo de 9.242 mil postos de trabalho no setor entre abril e novembro de 2020 - perda equivalente a 14,9% da força de trabalho.
Com o início da flexibilização no final do primeiro semestre do ano passado, a demanda voltou a reagir favoravelmente. Mas, o agravamento da pandemia na virada de 2020 para 2021 provocou nova retração no fluxo de aeronaves.
Apesar dos números apresentados pelo setor em maio do ano passado, o volume de receitas é o que mais tem crescido no setor terciário, avançando 116% nos últimos 12 meses encerrados em maio. Porém, eles estão ainda 29% abaixo do nível pré-pandemia, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Desde meados de maio, a movimentação nos aeroportos voltou a crescer, sinalizando, ainda para este ano, um cenário mais positivo para o setor com o avanço da vacinação e a queda no número de novos casos da doença.
Tendência de alta no transporte rodovíario
Movimento semelhante acontece com o transporte rodoviário, impactado positivamente pela maior movimentação de pessoas nos últimos meses.
De acordo com o Google Mobility - serviço de monitoramento de georreferenciado de telefones celulares da empresa de comunicações -, embora o fluxo de pessoas em terminais de transporte ainda não tenha voltado ao patamar verificado antes da pandemia, há uma tendência de aumento na demanda por esses serviços nos últimos meses.
A quantidade de pessoas em circulação em terminais de transportes terrestres aumentou 35,1% entre março e junho deste ano. Ainda assim, o fluxo diário de passageiros está 14,3% abaixo do registrado em fevereiro do ano passado.
A desaceleração da pandemia a partir do segundo trimestre de 2021, o avanço da vacinação no Brasil e a consequente tendência de queda no isolamento da população têm possibilitado o reaquecimento do nível de atividade no setor terciário. Como consequência, o aumento da demanda por profissionais de transporte, mesmo em um contexto de taxa de desemprego elevada.
O movimento de contratação desses profissionais indica um maior grau de confiança por parte dos empregadores em uma retomada consistente do nível de atividade até o fim de 2021. Essa confiança se reflete nos sucessivos reajustes das expectativas quanto ao desempenho da economia em geral e do setor de serviços em particular para o segundo semestre deste ano.
Destaque também para o setor sucroalcooleiro
O setor agropecuário tem sido o menos impactado pela crise sanitária nos últimos trimestres. Já nos três primeiros meses deste ano, o nível de geração de riqueza neste setor estava 4,7% acima do observado no primeiro trimestre de 2020 - à frente, portanto, das variações verificadas na indústria (+3,5%) e no setor de serviços (-0,7%).
Particularmente no caso do açúcar processado, a maior demanda por esses profissionais se justifica pelo momento excepcional do setor sucroalcooleiro. A maior absorção aconteceu entre trabalhadores do beneficiamento de açúcar, com aumento de 21%.
Após registrar exportação recorde de açúcar em 2020 (30,8 milhões de toneladas, com crescimento de 72% em relação a 2019), no primeiro semestre deste ano houve novo aumento, de 31%, das quantidades exportadas em relação à primeira metade de 2020.
No ano passado, a China pôs fim à política local que aumentava a tarifa de importação de açúcar em 95%.
*Estagiária sob supervisão da editora-assistente Vera Schmitz