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Estado de Minas NEGÓCIO EM CASA

Artesã realiza sonho com ateliê no quarto da casa

Em nova reportagem da série sobre negócios em casa, conheça Kethlen, que largou o emprego para cuidar dos três filhos e fazer artesansto


26/04/2021 04:00 - atualizado 26/04/2021 07:40

Lisa, com a mãe, e a irmã Lara recebem os cuidados de que precisam e já aprenderam a importância do artesanato para a família(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Lisa, com a mãe, e a irmã Lara recebem os cuidados de que precisam e já aprenderam a importância do artesanato para a família (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)

O sonho de ter o negócio próprio nem sempre ganha a realidade com o planejamento elaborado e, muito menos, num cenário de restrições sanitárias impostas à economia. Para Kethlen de Almeida Rodrigues Sousa, de 30 anos, os efeitos da pandemia de COVID-19 não só atropelaram os planos de montar um ateliê de artesanato como também impuseram jornada extensa de trabalho. Sem o retorno dos filhos à escola, ela não teve alternativa e  antecipou a produção no espaço improvisado de casa enquanto atende a família.

É preciso se desdobrar para dar conta das tarefas com as filhas Lisa, de 5 anos, e Lara, de 9, cuidar da casa e produzir os trabalhos manuais, que têm conquistado demanda crescente. A rotina da nova vida que a artesã teve de encarar, depois da crise enfrentada no país, é o tema de mais uma reportagem da série Negócio em Casa, que o Estado de Minas iniciou ontem.

A chamada economia criativa, na qual se inserem milhares de mestres na arte popular, é considerada o segundo setor mais prejudicado pelo impacto do novo coronavírus no Brasil, de acordo com dados do Sebrae e da Fundação Getúlio Vargas. O artesanato já se tornou atividade de fôlego dentro do Produto Interno Bruto (o PIB, soma da produção de bens e serviços do país), movimentando cerca de R$ 50 bilhões por ano, pelas estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) relativas ao período anterior à COVID-19. Além da receita gerada, emprega cerca de  10 milhões de pessoas.

Para colocar ordem na casa que é também o local atual de trabalho e de sustento, em Ibirité, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Kethlen Sousa precisa contar com a colaboração da família . “Procuro me dedicar ao trabalho na parte da tarde, enquanto as crianças assistem a filmes e brincam. Mas, todo mundo tem que colaborar em casa. Cada um faz algo que sua idade permite. Tento me organizar para que fique tudo em ordem”, conta.

O esforço envolve investir no estoque para a produção, com resultado de vendas que surpreendeu. “Agora estou investindo para mostrar o trabalho e chamar atenção, e montando um Instagram para vender e divulgar mais. Tem dado certo”, comemora a artesã. Kethlen faz peças artesanais há oito anos e sempre alimentou o sonho de ter o próprio ateliê. Antes mesmo de alcançar o objetivo, como traçou, ela jamais vendeu tanto quanto agora, a despeito da crise da COVID-19. “Apesar da pandemia, tenho me surpreendido com a procura”, diz. Os itens mais procuradas são objetos decorativos e utensílios para a casa.

''Procuro me dedicar ao trabalho na parte da tarde, enquanto as crianças assistem a filmes e brincam. Mas, todo mundo tem que colaborar em casa. Cada um faz algo que sua idade permite''

Kethlen de Almeida Rodrigues Sousa, artesã


Dificuldades

Antes de a pandemia se instalar no país, a intenção de Kethlen Sousa era fazer uma poupança com recursos  do salário mensal, primeiro como funcionária de um salão de beleza e, depois, com o emprego numa farmácia de Ibirité. Em casa, era o filho Henrique, de 13 anos, quem cuidava das irmãs no período em que a mãe e o pai se ausentavam para trabalhar. As dificuldades surgiram quando as medidas de isolamento social levaram salões de beleza a interromper as atividades.

“Trabalhei no salão por sete meses. Tinha experiência nessa área, antes de aprender a fazer artesanato. Com a pandemia, as portas se fecharam”, lembra Kethlen Sousa. Contudo, outra porta se abriu para o sonho dela. Ela conquistou vaga em uma farmácia próxima de casa, mas ficou mais difícil conciliar horários com as tarefas de casa.

 O problema com o qual ela não contava foi o agravamento da pandemia, que adiou a volta dos filhos à escola e o acompanhamento das atividades escolares das duas meninas, no sistema remoto, foram, então, entregues ao adolescente Henrique e o sobrecarregaram. Durante o ano passado, as crianças assistiram às aulas on-line e, diante do agravamento da pandemia, as escolas continuaram fechadas, neste ano, na cidade da Grande BH.

Kethlen percebeu o excesso das tarefas assumidas pelo filho adolescente nos dias em que precisou se isolar em casa, ao apresentar sintomas de contaminação pelo coronavírus. “A gente percebeu que meu filho mais velho estava com muita responsabilidade e não seria bom para as crianças ficarem sozinhas enquanto eu trabalhava. Decidi, então, ficar em casa e investir mais no artesanato.”

União

Se o plano de montar o ateliê próprio não ocorreu ainda como Kethlen esperava, as perspectivas animam. As vendas seguem curso positivo e a família também se beneficiou da presença constante da mãe. “Tem sido tudo muito melhor agora que estou em casa novamente. Temos nossas limitações nas questões das atividades remotas. Meus filhos estudam conteúdo novo; então é preciso relembrar tudo que estudei para ensiná-los. Mas, estamos conseguindo estabelecer uma rotina”,  afirmou.


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