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Estado de Minas ALTERNATIVA

No Sul de MG, fim do auxílio é compensado com refeições

Um prato com comida é dado à população miserável, cujas crianças iam à escola para merendar


15/02/2021 04:00 - atualizado 15/02/2021 08:31

Em Elói Mendes, no Sul de Minas, a prefeitura oferece cerca de 120 refeições diárias em três bairros (foto: PREFEITURA DE ELÓI MENDES/DIVULGAÇÃO)
Em Elói Mendes, no Sul de Minas, a prefeitura oferece cerca de 120 refeições diárias em três bairros (foto: PREFEITURA DE ELÓI MENDES/DIVULGAÇÃO)

Luciana Borges de Camargo mora em Elói Mendes, no Sul de Minas, tem quatro filhos, um deles maior de idade, mas desempregado. Dona de casa e manicure, ela diz já ter feito de tudo um pouco para sobreviver. Desde quando começou a pandemia, teve dificuldades para arranjar emprego e passou a receber o auxílio emergencial.

“Recebi as parcelas do auxílio. Agora, estou com o Bolsa-Família, porque não tenho pensão e não consigo trabalho”, explica Luciana, que mora com o pai. Ela não paga aluguel, mas precisa arcar com as contas de água e luz. “Quando tinha o auxílio, nem pedia ajuda à prefeitura. Agora, a situação apertou e preciso de cesta básica para sobreviver”, lamenta.
 
Estudo feito pela Federação Brasileira de Associações de Fiscais de Tributos Estaduais (Febrafite) mostrou que 7,8 mil pessoas receberam o auxílio emergencial em Elói Mendes, R$ 25,7 milhões. O dado representa 27,8% da população de mais de quase 29 mil habitantes.

Segundo a prefeitura, o fim do benefício triplicou a demanda na Secretaria de Desenvolvimento Social. “Muitos viveram em função do auxílio. Com o fim, a demanda na secretaria aumentou muito, principalmente porque as crianças dessas famílias não estão indo à escola”, explica o secretário de Desenvolvimento e Promoção Social, Marcelo Coelho.
 
Para tentar suprir essa demanda, a prefeitura está servindo refeições aos mais carentes. “Fizemos estudo e três bairros estão mais necessitados. São 120 refeições, em média, servidas por dia em cada uma dessas comunidades”, informou. Além disso, a prefeitura ajuda com cestas básicas e contas de água e luz. “Temos uma assistente social que faz o atendimento e uma espécie de triagem. Todo o trabalho é feito com muita seriedade e análises”, ressalta.
 
Durante a pandemia, a Caixa Econômica Federal pagou R$ 26,4 bilhões no estado. O estudo da Febrafite aponta que em 79% dos municípios brasileiros o auxílio superou a arrecadação de impostos e taxas municipais, como ISS e IPTU. Quer dizer, foi essencial para compensar a perda de receita das prefeituras. “O que se prevê hoje é que 2021 vai ser mais difícil. O que temos é uma taxa de desemprego muito elevada, acima de 14%, com uma economia que só está engatinhando. O fim do auxílio emergencial deixa de compor a renda de milhares de brasileiros. Um prejuízo não só para as famílias, mas para comerciantes e todos que dependiam desse valor”, destaca o professor de economia Fernando Batista Pereira.
 
“Antes do auxílio, em 2020, a expectativa do PIB seria de até 10%. Com o benefício, que foi até poupudo, salvou a economia desse tombo, que chegou a 4%. As empresas vão ter dificuldades em se manter. Muitas podem fechar. Isso significa que a arrecadação do governo tende a cair. Consequentemente, as contas públicas serão prejudicadas pela recessão e estagnação da economia. O governo não tem outra saída ou retomar com a medida”, comenta professor.


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