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Estado de Minas Efeitos da Covid

Medidas para retomar o crescimento econômico depois da pandemia

Economia acumula queda de 11,9% em dois trimestres e tem desaceleração histórica. Auxílio emergencial, crédito para empresas e reformas são vistos como necessários


02/09/2020 04:00 - atualizado 02/09/2020 07:27

Hamilton Mourão, vice-presidente da República:
Hamilton Mourão, vice-presidente da República: "No final do ano, a expectativa é que o PIB deste ano encolha na faixa de 4,5% a 5%. Já se pensou que encolheria 9%, 10%. Vai ser bem menos do que isso" (foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press 13/3/19 )


A manutenção do auxílio emergencial e do crédito facilitado para as empresas e o encaminhamento das reformas administrativa e tributária ao Congresso Nacional são as principais medidas para tirar o Brasil da maior recessão dos últimos 40 anos na visão de empresários e economistas.

Com a queda de 9,7% no segundo trimestre deste ano em relação ao primeiro, quando o tombo foi de 2,5%, o Brasil acumula retração de 11,9%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Pela série histórica do da FGV, apenas em dois trimestres o país já tem a maior queda na geração de riqueza para um período de nove recessões vividas pelo Brasil. Na crise de 2014 a 2016, o tombo acumulado foi de 8% em 11 trimestres. Já em 1981, 1982 e 1983 a retração foi de 8,5%, acumulada em nove trimestres de queda.
 
“A recuperação efetiva da economia pode levar um bom tempo. A economia teve uma queda brutal depois de uma recessão importante entre 2014 e 2018 e o desafio é aproveitar as medidas emergenciais até o fim do ano e depois ter um plano de resgate fiscal e da dívida pública”, afirma  o economista-chefe da Acrefi, Nicola Tingas, ao lembrar que o governo prometeu enviar a reforma administrativa ao Congresso esta semana. “O governo precisa avançar na agenda de reformas visando uma perspectiva de crescimento econômico mais robusto para voltar a ser superavitário”, ressalta a economista Paloma Brum, da Toro Investimentos. Para ela, um país emergente que não sinaliza para os credores que pode ter crescimento forte enfrenta uma situação crítica.
 
Pra o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Aguinaldo Diniz Filho, “o auxílio emergencial é absolutamente importante para tentarmos enfrentar o período da crise”. O empresário avalia que a reforma administrativa é a primeira que o governo deve aprovar, deixando a tributária para outra ocasião.  “É momento, sim, de debater uma reforma administrativa que adeque o tamanho do estado. A dura crise está nos mostrando que precisamos fazer essa adequação”, afirma Diniz Filho. Ao defender as políticas de crédito para as pequenas, o presidente da ACMinas lembra que “as grandes empresas geram PIB, mas as micro, pequenas e médias geram emprego. O que mais precisamos hoje é a geração de empregos”.
 
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), atribui à pandemia de coronavírus a retração no PIB no segundo trimestre e diz esperar, para os próximos meses, uma recuperação econômica. Ele defende as reformas administrativa e tributária e a Proposta de emenda à Constituição (PEC) dos gatilhos do teto de gastos como soluções para garantir os investimentos necessários para o período pós COVID-19. O ministro da Economia, Paulo Guedes, também defende as reformas como forma de o país retomar a rota do crescimento sustentado. “Ano que vem podemos ser surpreendidos com crescimento de 3%, 3,5%, 4% a 4,5%. Só depende de aprovarmos as reformas”, disse ontem..
 
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou que a queda histórica do PIB “já estava na conta”. “Essa queda já estava prevista, ela estava na conta, a gente já sabia que isso ia acontecer, por causa da pandemia, estava precificado”, disse. Segundo Mourão, no segundo semestre, o Brasil vai começar “um movimento mais vigoroso de retomada” econômica. “No final do ano, a expectativa é que o PIB deste ano encolha na faixa de 4,5% a 5%. Já se pensou que encolheria 9%, 10%. Vai ser bem menos do que isso.”

Pior semestre


A lista de recordes negativos no desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), inclui ainda a retração de 5,9% no acumulado do primeiro semestre, na comparação com a primeira metade de 2019. Segundo os dados do IBGE, é a maior queda para um semestre da atual série histórica, iniciada em 1996. Com a queda, o PIB do segundo trimestre ficou em nível equivalente ao visto no segundo semestre de 2009 e está 15,1% abaixo do pico, registrado no primeiro trimestre de 2014, antes de a economia entrar na recessão anterior à atual.
 
Além de pior desempenho na atual série histórica do IBGE, o tombo do PIB no segundo trimestre ante os três primeiros meses do ano é também a maior queda para um trimestre desde 1980, conforme cálculos dos pesquisadores do Monitor do PIB, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV). Numa série recalculada desde 1980, quando começaram a ser calculados dados trimestrais para o PIB, o pior resultado anterior estava com o quarto trimestre de 1990, quando a queda foi de 4,4% ante o terceiro trimestre daquele ano – os dados foram estimados antes da divulgação das informações de ontem sobre o PIB, ou seja, podem ser alterados por revisões na série com ajuste sazonal.
 
Os dados do PIB do primeiro semestre também sinalizam para o pior resultado anual da história documentada. Na série anual mais antiga, referenciada em estudos acadêmicos e compilada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que começa em 1901, o pior desempenho até aqui havia sido registrado em 1990, ano do confisco das poupanças pelo governo Fernando Collor, quando o PIB despencou 4,3%. Mesmo na Grande Depressão, as retrações foram estimadas em 2,1% (1930) e 3,3% (1931). Na recessão de 2014-2016, houve retrações anuais de 3,5% (2015) e 3,3% (2016).


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