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Estado de Minas CRISE

Mercado da Boca no Jardim Canadá não vai reabrir depois da quarentena

Mais de 100 dias fechado e sem implementar o delivery, centro de restaurantes decidiu encerrar as atividades em Nova Lima


postado em 23/06/2020 15:35 / atualizado em 23/06/2020 18:54

(foto: BS Fotografias/Divulgação)
(foto: BS Fotografias/Divulgação)
A unidade do centro gastronômico Mercado da Boca no bairro Jardim Canadá, em Nova Lima, não vai reabrir com o fim das medidas de isolamento social impostas pela pandemia do novo coronavírus. Com o fechamento por mais de 100 dias, desde 18 de março, o aluguel do imóvel não foi renovado. Os proprietários de restaurantes, bares e empórios do empreendimento já foram informados.

 

A situação durante a quarentena ficou insustentável, segundo Humberto Scalioni, que tinha um restaurante de frutos do mar no local. Durante a pandemia, o estabelecimento não fez entregas, alternativa para muitos bares e restaurantes. "O Mercado da Boca não tem tradição em delivery. É um espaço pra vir e conhecer. Não teria como a gente implementar do zero e já competir no mercado. Então, ficamos de mãos atadas. Não tinha como sobreviver. A decisão é compreensível". explica. O empresário teve que demitir todos os 10 funcionários.

 

A alternativa agora é apostar na outra unidade do Mercado da Boca, na Savassi, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Mais compacto, o estabelecimento conta com oito lojas. Uma delas, um restaurante especializado em carnes, também é de Scalioni. Os contratos dos 12 empregados com carteira assinada foram suspensos e os oito sem vínculo foram dispensados. 

 

O empreendimento planejava abrir mais três unidades em Belo Horizonte: no bairros Vila da Serra e Buritis, e na Região da Pampulha. Com a pandemia, os projetos foram paralisados. 

 

"Colapso" 

 

Para o presidente-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, o fechamento do Mercado da Boca deve ser apenas um exemplo do colapso do setor. A expectativa do dirigente é de que um em cada quatro bares e restaurantes de Belo Horizonte não reabram. “Ninguém aguenta esse tempo todo fechado. A gente fica chocado, triste e preocupado. Muitas outras empresas vão trilhar o mesmo caminho”, afirma. 

 

Solmucci afirma que a situação do setor é “invisível” para o prefeito Alexandre Kalil (PSD). O representante cobra solidariedade da administração municipal com medidas de apoio, como isenção das taxas de cobrança por ocupação das calçadas até o final do ano. “O prefeito não tem um plano de reabertura e está perdido nos critérios. Só ameaça endurecer as medidas de isolamento. Em vez disso gostaríamos que ele investisse na educação da população sobre os cuidados necessários”, diz Solmucci. 

 

Do governo estadual, o dirigente pede isenção das contas de água e luz. Solmucci elogia a publicação e prorrogação da Medida Provisória 936, do governo federal, que permite a suspensão de contratos de trabalho. Mas aponta que o crédito prometido pela equipe econômica do presidente Jair Bolsonaro não está chegando à ponta para o empresário.

 

“A retomada é lenta. Quem reabrir vai ter prejuízo, e vamos precisar cobrir esse buraco com empréstimo”, argumenta. Solmucci calcula que o setor já demitiu cerca de 50% da força de trabalho, como previsto em março. “A ajuda do pagamento de salários veio, amenizou a perda, mas não esperávamos ficar fechados tanto tempo”, explica.  

 

Humberto Scalioni também se diz “muito preocupado” com a situação do setor de bares e restaurantes em BH, e sente “desprezo” por parte do prefeito Alexandre Kalil. “Foi de muita estranheza liberar shoppings populares, que são espaços fechados e de alta aglomeração, e não liberar restaurantes”, diz. Ele afirma que a prefeitura não deu atenção aos protocolos de reabertura apresentados pelo setor. 

 

O empresário faz um apelo: “Estamos com a corda no pescoço. Olhem pra gente. BH é a capital dos bares. Vamos acabar perdendo esse rótulo. Não estamos enxergando uma luz no fim do túnel”. Porém, ele se diz preparado para a retomada, e conta que os funcionários já estão treinados para seguir os protocolos de segurança quando o retorno for permitido.  

 

PBH destaca alerta vermelho na capital

 

Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte afirma que “tem recebido e analisado as demandas e dialoga constantemente com representantes dos diversos setores ainda não reabertos”. O Executivo municipal aponta, porém, que esse diálogo não sinaliza liberação, e não é possível falar em novas aberturas, já que o último boletim mostrou um nível de alerta geral vermelho na cidade.

 

“A prefeitura recebeu todos os protocolos e deu a devida atenção à questão colocada e o pressuposto sanitário envolvido com o setor [de bares e restaurantes]. “É um setor onde os clientes permanecem por tempo relativamente alto e sem máscara. A contaminação está intimamente ligada com a carga viral, que aumenta muito sem o uso de máscaras, e o tempo de exposição. Portanto, não há protocolo possível que atenda a estes requisitos”, conclui o texto. 

 

*Estagiário sob supervisão da editora-assistente Vera Schmitz


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