(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Para especialistas de mercado, eleições recomeçam agora

Economistas analisam que atentado contra o candidato Jair Bolsonaro, do PSL, fortalece a expectativa de vitória da direita nas eleições presidenciais. Dólar cai e ações sobem


postado em 08/09/2018 06:00 / atualizado em 08/09/2018 07:34

Operadores acompanham o pregão na bolsa nova-iorquina: títulos da Petrobras fecharam em alta de 3,86% nos Estados UnidosOperadores acompanham o pregão na bolsa nova-iorquina: títulos da Petrobras fecharam em alta de 3,86% nos Estados Unidos (foto: Spencer Platt/AFP/Getty image)
Operadores acompanham o pregão na bolsa nova-iorquina: títulos da Petrobras fecharam em alta de 3,86% nos Estados UnidosOperadores acompanham o pregão na bolsa nova-iorquina: títulos da Petrobras fecharam em alta de 3,86% nos Estados Unidos (foto: Spencer Platt/AFP/Getty image)

Brasília –
O mercado aposta que o atentado contra o candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, dará nova direção às eleições, enfraquecendo a possibilidade de a esquerda marcar presença no segundo turno. Após uma reação imediata de euforia na quinta-feira, com alta da Bolsa de Valores de São Paulo e queda do dólar, o feriado da Independência refreou o movimento no Brasil. Lá fora, no entanto, os recibos das ações de empresas brasileiras negociadas em Nova York, as chamadas ADRs, operaram em alta ontem.


A leitura do mercado é de que Bolsonaro passou a ser vítima e vai ocupar o noticiário, tomando lugar de Lula. Além disso, as candidaturas dos adversários, como a de Geraldo Alckmin (PSDB), vão ter que repensar as estratégias de bater em Bolsonaro, pelo menos enquanto ele convalesce, avaliou a XP Investimentos, em relatório. “A campanha tucana reconhece que o tempo perdido pela trégua é o pior dos efeitos. O partido conseguiu alterar o planejamento de mídia e suspendeu os ataques na televisão a Jair Bolsonaro até segunda-feira”, informou.

Na opinião de Ivo Chermont economista-chefe do Itaim Asset, a eleição recomeçou agora. “O mercado estava comprando muito a ideia de que Bolsonaro estava ficando fragilizado e que perderia a chance de ir para o segundo turno”, disse. Com isso, havia o temor de que a esquerda poderia ganhar de novo. “A impressão que o mercado teve ontem (quinta-feira) é de que Bolsonaro pode se fortalecer no segundo turno. Portanto, a eleição recomeçou com estratégias diferentes”, ressaltou.

Para Chermont, Bolsonaro e Geraldo Alckmin no segundo turno é o cenário ideal para o mercado, porque elimina a possibilidade da esquerda. “As pesquisas a serem realizadas na próxima semana serão decisivas para ver a repercussão, porque o fato é sem precedentes” comentou. Segundo Chermont, há quem aposte que Bolsonaro vai crescer de 20 para 30 pontos, enquanto outros estimam que ele vai perder tempo de fazer campanha.

No entender de Sidnei Nehme, diretor da NGO Corretora de Câmbio, o mercado teve um reflexo contrário à expectativa. “O normal teria sido o dólar disparar em momento de tensão. Acredito que o mercado entendeu que diminuiu as possibilidades de entrar um partido de esquerda, com mais chances para o centro e a direita”, ressaltou.

Nehme destacou, no entanto, que saíram dados fortes no emprego dos Estados Unidos, o que fortalece a moeda norte-americano perante outras divisas e também reforça o aumento dos juros nos EUA. “Isso atrai o capital para os Estados Unidos, aí o dólar pode se valorizar ainda mais”, afirmou.

Pedro Galdi, analista da Mirae Corretora, assinalou que as ADRs abriram e fecharam em alta — os recibos da Petrobras subiram 3,86%, os da Vale, 0,15%, os da Eletrobras, 1,97%, e os do Itaú, 2,03%. “Foi um pregão de alta volatilidade no mundo todo. As bolsas perderam força por conta do cenário externo, que repercutiu a tuitada de Donald Trump (presidente dos EUA), ameaçando retaliar a China e intensificar a guerra comercial, o que pode representar uma queda do PIB (Produto Interno Bruto) mundial”, explicou Galdi.

Para o economista Roberto Luiz Troster, o efeito no mercado na quinta-feira foi de “fim de feira”. “Os últimos negócios sempre fazem a diferença. Era véspera de feriado e o fim de feira pode dar em qualquer coisa”, avaliou. O especialista aposta em muita volatilidade daqui para frente. “Serão quatro semanas emocionantes. Para o investidor, fica o risco. Qualquer coisa que faça tem risco para os dois lados, de queda ou de alta. Não tem direção”, estimou.

Já para Tony Volpon, economista-chefe do UBS no Brasil, o que pode ter ocorrido, com a euforia do mercado após o atentado a Bolsonaro, foi um efeito de “manada”. “Há uma percepção de que ele sai fortalecido. O problema dessa tese é que houve um reflexo, algo como movimento de manada. Então está subindo, também vou comprar. Temos que esperar a semana que vem para realmente fazer algum tipo de julgamento”, disse.

Efeito interno

Na quinta-feira, dia do atentado contra Bolsonaro em Juiz de Fora, a cotação do dólar fechou em baixo de 0,95%, cotada a R$ 4,1042. Apesar da queda nos últimos dois dias, o dólar acumulou uma alta de 0,78% na semana. Na semana passada, a moeda norte-americana registrou disparada, e chegou ao patamar de R$ 4,15.

O índice B3, da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), encerrou a semana em alta de 1,76%, com 76.416 pontos. No acumulado da semana, mais curta por causa do feriado do Dia da Independência, o índice Bovespa acumulou uma queda de 0,58%. Os papéis de empresas de grande porte, chamadas de blue chip, puxaram a alta, com Petrobras terminando a semana valorizada em 1,34%, Vale com alta de 2,45%, Itau com alta de 2,53% e Bradesco subindo 2,71%.


"O normal teria sido o dólar disparar em momento de tensão. Acredito que o mercado entendeu que diminuiu as possibilidades de entrar um partido de esquerda, com mais chances para o centro e a direita”

. Sidnei Nehme,

diretor da NGO Corretora de Câmbio


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)