São Paulo – A maioria das empresas brasileiras não pretende contratar trabalhadores e nem retomar investimentos antes das eleições de outubro. A avaliação é de que até lá o cenário será de muitas incertezas, tanto na política quanto na economia. Essa é uma das conclusões da pesquisa de Empregabilidade do ManpowerGroup para o período de julho a setembro de 2018.
De acordo com o executivo, essa é a primeira vez desde que a pesquisa começou a ser realizada no Brasil, em 2009, que uma parcela importante do empresariado não sabe o que vai fazer em relação ao emprego nas suas empresas. “Isso é um fato novo que a pesquisa está apontando”, disse Pereira, lembrando que apensas 10% dos entrevistados demonstraram disposição de contratar entre julho e setembro.

Apesar do percentual alto de indefinição sobre a disposição de contratar, a expectativa líquida de emprego ficou positiva em 4% para os próximos três meses, mas três pontos percentuais abaixo do resultado registrado no trimestre anterior. Outro fato que chama a atenção, de acordo com Pereira, é a visível diminuição do otimismo entre os representantes do agronegócio, setor que vinha puxando os índices de expectativas de contratação nos últimos anos, apesar de toda a crise econômica.
Dos oito setores pesquisados (administração pública/educação, agricultura, pesca e mineração, comércio atacadista e varejista, construção, finanças/seguros e mobiliário, indústria, serviços, transportes e serviços públicos), seis registraram queda na expectativa de emprego na comparação com o trimestre anterior.
Na construção civil, um dos setores que mais sofre com a redução de postos de trabalho, a situação melhorou um pouco, mas a previsão é de queda de 2% no próximo trimestre, contra menos 4% da pesquisa anterior. Já os setores de Finanças/Seguros e Imobiliário são os com melhores expectativa de contração, com alta de 9% nas contratações para o período de julho a setembro.
Disposição em Minas
No levantamento por regiões do país, cinco delas preveem aumento nos níveis de contratação no próximo trimestre. Minas Gerais é o estado onde a disposição das empresas de contratar é mais forte, com aumento de 8% em relação ao período anterior.
Em São Paulo, maior empregador do país, também é esperado crescimento nos níveis de oferta de emprego, com expectativa de 6% de acréscimo. Já para o Rio de Janeiro, os empregadores preveem queda de 5% nas expectativas de contratação. Paraná também deve registrar redução considerável de nove pontos percentuais na disposição de contratar, segundo a pesquisa.
A pesquisa do ManpowerGroup, que está no Brasil desde 2000, também é realizada em outros 43 países. Entre os mais otimistas, como mostraram as taxas de acréscimo em relação à expectativa de contratação estão Croácia (com 26%), Japão (26%) e Taiwan (24%). Nesse ranking, o Brasil aparece na 38ª posição, com 4%.
Na parte de baixo da tabela estão Espanha (3%), Panamá (2%) e Itália (com redução de 2%). O levantamento também mede os níveis de expectativa dos empregadores de acordo com o porte da empresa (micro, pequena, média e grande empresa). Segundo esse critério, as grandes companhias são as que mais pretendem contratar no próximo trimestre de 2018, com 10% a mais na expectativa líquida de emprego. Já as microempresas, aparecem como as mais pessimistas, com queda de 6% de suas intenções de contratar novos funcionários.
