Em meio a inúmeros postos de combustível fechados em Belo Horizonte por conta da paralisação nacional dos caminhoneiros, 30 mil litros de gasolina transformaram o Bairro Palmares, na Região Nordeste da capital mineira, em um oásis em meio a falta de opções para a população. O posto Minas Palmares, situado na esquina das ruas José Cleto e Coronel Jairo Pereira, oferecia neste sábado um carregamento apenas de gasolina. No entanto, a partir das 16h30, o combustível estava disponível em apenas uma bomba. O resultado são filas gigantescas, que já duram mais de 10 horas. Pedestres com galões, motos e carros ocupavam mais de sete quilômetros de vias internas do bairro.
Motoristas esperaram mais de oito horas para conseguir abastecer, caso do representante comercial Péricles Santos, de 54 anos. "Cheguei às 3h30, dormi, acordei, cochilei, sonhei que estava abastecendo, esperei e consegui colocar 33 litros de gasolina", afirma ele. O martírio de Péricles ainda não acabou, já que a gasolina é para fazer uma viagem até Ipatinga e Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, onde ele pretende entregar material cirúrgico. "Não sei nem se consigo chegar em Valadares", diz ele.
Situação mais dramática vive a família do empresário Edmilson Silva, 50. Ele viaja com a mulher, a filha, Danielle Morales, 30, o genro e um neto desde quinta-feira, quando saiu de Ilhéus, no Sul da Bahia. "Já abasteci três vezes, sendo que a última precisei andar um quilômetro a pé para comprar 12 litros na casa de uma mulher em Ravena (distrito de Sabará), a R$ 7,50 o litro", diz ele.
Hospedados em um hotel, eles não sabem quando vão conseguir chegar em São Paulo, onde mora a família. "Eu tenho que estar lá na segunda-feira, pois meu filho faz quimioterapia e não pode perder de jeito nenhum", completa Danielle.
A enfermeira Kamila Faustino, 29, chegou às 6h da manhã na fila e teve que fazer uma verdadeira ginástica para conseguir a gasolina que vai render mais uma semana de circulação em BH. "Cheguei às 6h e uma amiga ficou com a moto. Fui trabalhar e depois voltei para a fila. Só depois disso consegui abastecer a moto", diz ela.
A grande concentração de pessoas em volta do posto provocou momentos de tensão, principalmente na fila de pedestres, que só podiam abastecer os galões com 10 litros. A reportagem presenciou vários momentos de bate boca, um deles flagrado pelo vídeo abaixo. A Polícia Militar acompanhou a situação e não registrou nenhuma ocorrência até o momento.