São Paulo – Em ano de Copa do Mundo, é sempre assim: como o brasileiro é apaixonado por futebol, as vendas de TVs disparam. Em 2018, não será diferente. O Polo Industrial de Manaus, que concentra toda a produção brasileira de televisores, vai contratar até o fim de janeiro pelo menos 1 mil funcionários temporários para atender ao aumento da demanda, que já começou a ser sentido no ano passado. Segundo informações do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas, boa parte do estoque para a Copa foi produzida em 2017, mas uma leva adicional precisa sair das fábricas nos próximos três meses. Caso contrário, as lojas não terão tempo para colocar os aparelhos nas prateleiras.
O ano de 2017 representou o fim de um período de dificuldades para o setor. De janeiro a setembro, as vendas de televisores cresceram 31%, empurradas principalmente pela queda dos juros e pelo aumento do crédito à pessoa física, além de uma base comparativa bastante baixa. Em 2018, esperar-se um novo incremento de vendas, mas que não será suficiente para retomar os indicadores de 2014.
O Brasil é um mercado com enorme potencial. Pesquisas mostram que existem mais de 40 milhões de TVs de tubo instaladas nos lares brasileiros, o que corresponde a cerca de 40% do total de aparelhos. Para efeito de comparação, na Argentina o índice está em torno de 25%. Nos Estados Unidos, é inferior a 10%.
A próxima frente para impulsionar as vendas são as Smart TVs e os aparelhos com tecnologia 4K (ou Ultra HD), que prometem imagens com resolução quatro vezes superior ao atual Full HD. As Smart TVs já correspondem a 70% dos negócios, e estima-se que o percentual possa chegar a 80% até o fim do ano.
Os equipamentos 4K, que atualmente correspondem a 12% das vendas totais de televisores, ainda são vasto campo a ser explorado. O motivo principal para a dificuldade de emplacar é o preço. Segundo levantamento da consultoria GfK, o valor médio de uma TV 4K no Brasil é de R$ 3,4 mil, bem acima dos R$ 2 mil cobrados por um televisor do mesmo tamanho, mas com tecnologia Full HD. Com o tempo, porém, os preços costumam despencar, como sempre acontece com as novas tecnologias no mercado brasileiro. Há 3 anos, as primeiras unidades 4k no país não saíam por menos de R$ 8 mil.
Recuperação
A retomada do setor é prova de que muitas previsões feitas por especialistas não se concretizam. Há alguns anos, muitos deles afirmaram que a indústria da TV sofreria um revés com a concorrência de computadores, tablets e smartphones. O que se viu foi o oposto.
Com o crescimento dos serviços de streaming como Netflix, as pessoas passaram a investir em novos aparelhos. Houve também o resgate de uma tradição cultural, a de famílias reunidas diante da telinha para ver seriados e filmes. Nos últimos 7 anos, o tempo médio que o brasileiro passa na frente da TV aumentou em uma hora, o que, em boa medida, se deve ao streaming, presente nos lares de um quinto da população.
No mundo, observa-se fenômeno parecido. De acordo com dados apresentados no CES (Consumer Electronics Show), feira realizada recentemente em Las Vegas, as vendas globais de televisores deverão crescer 6,4% em 2018. Sorte dos fabricantes e dos consumidores, que terão à disposição tecnologias capazes de transformar uma partida de futebol da Copa do Mundo em um grande espetáculo.