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Estado de Minas

De casa nova, Confins se arma para espantar a crise e estimular demanda que caiu no país

Com terminal de 1º mundo, aeroporto planeja mais dois voos internacionais e estuda criar centro comercial no lugar de puxadinho


postado em 16/01/2017 06:00 / atualizado em 16/01/2017 13:08

Ampla área do novo terminal tem vista panorâmica para o estacionamento e a pista de pouso (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Ampla área do novo terminal tem vista panorâmica para o estacionamento e a pista de pouso (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Do alto do viaduto de acesso ao Aeroporto Internacional Tancredo Neves, a visão da fachada espelhada de um edifício monumental anuncia que os tempos são outros em Confins, na Grande Belo Horizonte. Novo terminal dá o devido peso de um aeroporto internacional a capital, com a ampliação da capacidade de movimentação de passageiros para 22 milhões ao ano – em 2016, foram 10 milhões. Mas a recém-inaugurada estrutura, que apaga a imagem de um terminal erguido na década de 1980 com a pecha de elefante branco, não está livre de obstáculos econômicos e operacionais.

O primeiro desafio é afastar o risco de se tornar ocioso num período de crise econômica e redução das viagens aéreas. Além disso, o terminal enfrenta a limitação imposta por uma única pista, entrave à operação, segundo especialista do setor ouvido pelo Estado de Minas. Para impulsionar essa nova fase de Confins, a concessionária BH Airport, que já investiu R$ 870 milhões no terminal, lista uma série de estratégias. Em dois anos, a ideia é atrair mais um voo direto para a Europa e outro para os Estados Unidos (Nova Iorque ou Orlando), ampliando também a grade de trechos domésticos. A empresa ainda estuda a transformação do terminal 3, que ficou conhecido como puxadinho, em um centro comercial.


Na próxima sexta-feira, o terminal 3, em operação há pouco mais de um ano, será desativado, com a transferência dos voos internacionais para a nova estrutura do Aeroporto Internacional Tancredo Neves. Com a desocupação do espaço, que deveria ter ficado pronto para a Copa do Mundo'2014, a BH Airport traça novos planos para o local. A concessionária estuda a viabilidade econômica de duas propostas, segundo o diretor-presidente da BH Airport, Paulo Rangel.

“Uma das possibilidades é alugar para a operação comercial. Havia uma ideia de se fazer um polo de moda próximo a Confins e o espaço pode funcionar para isso”, afirma. A outra possibilidade é fazer dali uma área para receber empresas que dão suporte às companhias aéreas em serviços como alimentação e transporte de bagagens. “Precisamos aumentar o espaço para elas”, diz.

Serviços de alimentação foram ampliados, reforçando o comércio, agora com 100 estabelecimentos(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Serviços de alimentação foram ampliados, reforçando o comércio, agora com 100 estabelecimentos (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
A definição do destino do puxadinho é somente uma das frentes de trabalho da administração do novo aeroporto, que enfrenta o desafio de impulsionar o crescimento do fluxo de passageiros, frente a uma crise econômica que se arrasta. A previsão da concessionária era de retomada da economia no primeiro semestre deste ano, mas a percepção é de que o aquecimento só ocorrerá a partir de julho.

Ano passado, houve queda de 15% no tráfego de passageiros de Confins, que recebeu menos de 10 milhões de pessoas. Nos próximos 10 anos, a meta é chegar à capacidade máxima do terminal, de 22 milhões de passageiros ao ano. Aumentar a presença de mineiros no aeroporto e de visitantes em Minas é o primeiro ponto de partida para a esperada expansão, de acordo com Rangel. “Houve uma evasão de mineiros para outros aeroportos, como Campinas. Também fizemos um convênio com a secretaria de Estado para apresentar Minas como um destino”, afirma.

A criação junto às companhias do stopover em BH é uma outra estratégia que poderá ser usada para atrair público. Trata-se de uma parada no meio da viagem para que o passageiro passe um tempo na cidade de conexão. A localização de Confins, distante uma hora das principais capitais, é considerada ponto forte para incrementar a rota de conexões. A concessionária também quer transformar a rapidez nas conexões um fator de atração de voos. “Ganhamos como o aeroporto mais rápido do Brasil. Agora, com o novo terminal, uma conexão poderá ser feita em uma hora. Isso vai ser um diferencial”, diz.

Novas rotas internacionais estão nos planos. Atualmente, os destinos no exterior respondem por 4% da operação e se limitam a três opções: Lisboa (TAP), Miami (American Arlines) e Cidade do Panamá (Copa). Em março, a Azul e a Gol inauguram voo de BH para Buenos Aires. Segundo Rangel, nos próximos dois anos, o terminal deverá ter mais um destino na Europa e outro nos Estados Unidos, provavelmente Nova Iorque ou Orlando.

Pista de pouso e a fachada dos novos portões de embarque e desembarque mostram sofisticação da obra(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Pista de pouso e a fachada dos novos portões de embarque e desembarque mostram sofisticação da obra (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)


SEGUNDA PISTA A despeito da ampliação e modernização da estrtura do terminal, o maior gargalo do aeroporto ainda não foi resolvido, na avaliação do coordenador do curso de engenharia aeronáutica da Universidade Fumec, o engenheiro aeronáutico e piloto Rogério Parra. “O problema de Confins é a pista. Não adianta aumentar muito o aeroporto com uma pista só. Até Santos Dumont (RJ), que é pequeno, tem duas”, afirma. O especialista afirma que terminais com somente uma pista ficam limitados e vulneráveis. “Se um pneu fura, ele fica interditado por uma hora”, exemplifica.

A obra de ampliação da pista havia sido contratada ainda sob a gestão da Infraero, antes de a concessionária BH Airport assumir. Os trabalhos foram paralisados por causa da escassez de recurso da União. Segundo a BH Airport, a construção de uma segunda pista, com extensão de 2,5 quilômetros, faz parte da próxima etapa de melhoria da infraestrutura. A obra deve começar em 2020 ou quando o terminal alcançar a movimentação de 198 mil pousos e decolagens – atualmente são 105 mil.

Pampulha é pedra no caminho do aeroporto de Confins


Incrementar os voos domésticos é tratado como uma das prioridades para impulsionar o crescimento do Aeroporto de Confins, de acordo com a BH Airport – criada pelo Grupo CCR, o Aeroporto de Zurich e a Infraero. Mais que aumentar as conexões que têm Confins como ponte para o Brasil, o diretor-presidente da empresa gestora do terminal, Paulo Rangel, faz questão de ressaltar que a reativação de voos no Aeroporto da Pampulha enfraquece Confins. “Reativar a Pampulha nos atrapalha tremendamente”, afirma.

Desde agosto, o Aeroporto da Pampulha conta com voos previstos no Projeto de Integração Aérea Regional (Pirma), que ligam 17 municípios mineiros a Belo Horizonte, por meio de aeronaves de pequeno porte. O projeto foi lançado pela Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) e a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop). Batizada de Voe Minas Gerais, a iniciativa ajudou a aumentar o movimento do terminal, depois do encerramento das atividades da Azul na Pampulha.

A Infraero, que administra a Pampulha, destaca que a limitação se deve à definição sobre o porte das aeronaves. Atualmente, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) só autoriza aviões até o porte dos ATRs. “Sobre a BH Airport, é importante destacar que no edital de concessão do Aeroporto Internacional de Confins não há qualquer veto com relação à retomada de voos regulares na Pampulha”, informou, em nota.

Para receber aeronaves de maior porte, o aeroporto precisa passar por melhoria da infraestrutura. A Anac informou que a Infraero já deu início ao procedimento de adequação e a Anac está analisando documentação encaminhada pelo operador com algumas exigências que foram solicitadas pela agência reguladora.

“Não é possível aferir se a autorização sairá este ano ou se o procedimento continuará correndo com as devidas adequações”, afirma.

As companhias aéreas que operam em Confins falam de forma cautelosa sobre expansão de voos no terminal. Segundo a Azul, que começa a operar em março o voo BH/Buenos Aires, a empresa sempre estuda possibilidades de operação, mas no momento não há novidades para Confins em relação a novos voos nacionais e internacionais.

A Gol, que também inaugura a rota BH/Buenos Aires em março, informou que, na alta temporada de verão de 2017, em vigor até o fim do Carnaval, a incluiu mais sete novos destinos com voos diretos para Porto Seguro, Fortaleza, Maceió, Montes Claros, Natal, Recife e Vitória. Porém, no momento não há novidades sobre novas rotas regulares domésticas no destino. A Latam, empresa resultante da fusão da chilena LAN com a brasileira Tam, diz que “segue atenta às necessidades dos clientes para iniciar, ampliar ou adequar suas operações, e os voos são constantemente avaliados conforme a demanda de cada região.

Quanto aos voos da Pampulha, a Gol informa que “como empresa competitiva mantém a intenção em operar voos neste aeroporto”. A Latam comunica que, no momento, não estão previstos novas rotas para os aeroportos de Confins ou Pampulha”. A Azul também não tem previsão de voltar a operar na Pampulha. (FA)

 

 


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