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Estado de Minas

Queda na bolsa reflete a crise política

Bovespa apresenta retração de 1,55% e fecha aos 48.867 pontos. Boletim Focus indica inflação de 7,46% no ano


postado em 15/03/2016 06:00 / atualizado em 15/03/2016 08:01

Brasília – O mercado financeiro não aceitou bem as especulações de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aceitou assumir um ministério. Com os rumores que começaram a circular ao fim da tarde de ontem nos bastidores políticos, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) despencou 1 mil pontos em 15 minutos, fechando em 48.867 pontos, uma queda de 1,55%.

Na avaliação de Hugo Monteiro, analista de investimentos da Bull Mark Financial Group, a possibilidade de Lula escapar de um julgamento do juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava-Jato na primeira instância, dificulta os trâmites e processos para prosseguimento das investigações.

“Na Justiça comum, os processos têm ocorrido de forma mais rápida. Para o mercado, com o julgamento indo para a Suprema Corte, isso pode gerar morosidade e interferência política maior. E, querendo ou não, o presidente Lula segue com grande prestígio e peso na política”, analisou. Em caso de o ex-presidente aceitar um ministério, a repercussão será cada vez mais intensa entre os agentes econômicos, com viés de alta da bolsa e queda do dólar, alerta.

“Para o mercado, representaria uma quebra de expectativas em relação à continuidade para um desfecho que resulte na mudança de governo”, disse. Dessa forma, os investidores vão se desfazer de ativos de risco, que dão retorno maior, indo para ativos de maior segurança, como o dólar. Com a divisa ganhando força, a expectativa é de que os juros futuros também aumentem.

PROJEÇÕES A inflação, por sua vez, vai dar trégua, mas a recessão será mais profunda em 2016, prevê o mercado financeiro. A mediana das expectativas para a carestia mostrou uma desaceleração do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 7,59% projetado há uma semana para 7,46%, segundo dados do Boletim Focus divulgados ontem pelo Banco Central. Para o Produto Interno Bruto (PIB), a perspectiva é de aprofundamento da atividade econômica. Se antes analistas esperavam por uma queda de 3,50% da geração de riquezas, agora, preveem um tombo de 3,54%.

O recuo das expectativas de PIB é atribuído por analistas ao desaquecimento da economia e à falta de confiança dos agentes econômicos. Já a desaceleração inflação está intimamente ligada aos resultados do IPCA de fevereiro, divulgados na última semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mês passado, o indicador subiu 0,90%, taxa inferior à prevista pelo mercado, de 0,95%. Para o economista Sílvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, a perda de força da carestia também está ligada ao movimento do câmbio, que vem perdendo força desde a última semana, em decorrência do agravamento da crise política.

“Os protestos (de domingo) reforçam as perspectivas do mercado de que a situação do governo é bastante delicada”, admitiu. O relatório do Focus mostrou que os analistas revisaram a perspectiva de queda do câmbio, de R$ 4,30 para R$ 4,25. A retração também foi alterada para 2017, com queda de R$ 4,40 para R$ 4,34.

O cenário para uma retomada progressiva de valorização do real, no entanto, ainda é especulativo, não obedecendo um determinado indicador ou outro dado econômico. Por isso, também é incerto. “Hoje, trabalhamos com um câmbio de R$ 3,72 em decorrência da possibilidade de troca de governo. Se essa mudança demorar e até não acontecer, temos um cenário pessimista onde o dólar fecha o ano em R$ 4,43”, destacou Neto.


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