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Estado de Minas

Usiminas quer aprovar hoje plano de capitalização da empresa

Nippon defende capitalização de R$ 1 bilhão, em conflito com sócios argentinos, que apostariam na recuperação judicial


postado em 17/02/2016 06:00 / atualizado em 17/02/2016 07:55

O grupo japonês Nippon Steel, acionista da Usiminas há quase seis décadas, tenta aprovar nesta quarta-feira um plano de capitalização da siderúrgica em reunião ordinária dos representantes do bloco de controle da empresa, compartilhado com o conglomerado ítalo-argentino Ternium/Techint. A proposta encampa programa de reestruturação financeira já entregue ao Conselho de Administração pela diretoria da Usiminas, que obteve o aval de bancos credores para renegociação de dívidas, mediante o aporte simultâneo dos sócios. O plano é avaliado em R$ 4 bilhões, dos quais R$ 1 bilhão terá de ser desembolsado para pagamento de débitos com vencimento até dezembro.

O grande desafio é que as decisões do conselho têm de ser tomadas por consenso e qualquer acordo tem sido minado pelo conflito de posições da Nippon e do sócio latino. Segundo fontes do setor siderúrgico, enquanto os japoneses aceitam capitalizar a Usiminas, como saída para a empresa, os sócios argentinos não estariam dispostos a evitar um danoso pedido de recuperação judicial. A conduta dos argentinos, de acordo com fonte ligada aos japoneses, é de quem “vê na crise uma oportunidade de descontruir a imagem da Usiminas”.

“De um lado, está a Nippon, na Usiminas desde 1957, que já se mostrou disponível para fazer um aporte de capital na empresa, com perspectiva de longo prazo. E de outro, estão os ítalos-argentinos da Techint, que chegaram em 2012 e teriam uma visão mais de curto prazo”, afirma um especialista ouvido pelo Estado de Minas.

Em nota encaminhada ao EM, a Ternium contesta. Afirma defender os interesses da Usiminas e argumenta que novo investimento não resolveria o problema da siderúrgica. “Não é aconselhável realizar um aumento de capital sem que haja um choque de gestão na companhia”, diz. Procuradas, a Nippon Steel & Sumitomo Metal e a Usiminas não se pronunciaram.

Fonte do setor siderúrgico ouvida pelo EM diz que o argumento da Ternium faz pouco sentido tendo em vista que o sócio participa da atual gestão da Usiminas. “A diretoria hoje tem um vice-presidente que representa a Nippon e um vice-presidente que representa o grupo Techint. O momento deve ser o de superar as divergências e defender uma empresa emblemática para Minas e o Brasil”, afirma.

Os sócios vivem um conflito judicial. A reunião em que a Nippon vai propor o plano de capitalização será realizada às vésperas da divulgação dos resultados da Usiminas em 2015. De janeiro a setembro do ano passado, o volume de vendas da companhia caiu 14% frente a idêntico período de 2014 e o balanço fechou no vermelho em R$ 2,05 bilhões. Diante da maior crise já enfrentada pela indústria siderúrgica brasileira, na avaliação do Instituto Aço Brasil (IABr), a queda das vendas foi até inferior à retração de 16,7% do consumo de aço no Brasil no ano passado, depois de uma retração de 6,8% em 2014.

Crise geral

A situação do setor e a falta de consenso entre os acionistas da Usiminas preocupam o governo estadual, devido ao peso que a atividade tem na economia mineira. Toda a cadeia de produção minero-metalúrgica responde por cerca de 40% da produção da indústria. Além dessa representatividade, é um segmento que responde por empregos de qualidade, como tem observado o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Altamir Rôso Filho.

“Acredito que a gente vai conseguir superar essas dificuldades que não são só nossas. Vivemos uma situação de queda expressiva de demanda e a única saída é desenvolver cada vez mais condições técnicas de produzir a um custo mais baixo com condições de inovação e tecnologia”, afirmou Altamir Rôso recentemente ao EM. O analista Pedro Galdi, da consultoria Galdi Investimentos, enfatiza a situação da Usiminas em razão de a companhia ser a maior empresa de siderurgia do país. “Toda a cadeia de produção do aço está sofrendo com os problemas de demanda e preços do produto. Além disso, nossas empresas estão muito endividadas e entraram num período difícil de abafamento de fornos”, afirma.


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