
Em Minas, o percentual de jovens desocupados soma 14%, mais que o dobro da média geral do indicador, de 6,5%, segundo dados de outubro, os últimos disponíveis, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na Grande Belo Horizonte, a taxa entre jovens praticamente dobrou nos últimos 12 meses terminados em outubro, passando de 7,6% para 14,1%. São 53 mil pessoas em busca de uma colocação. Ana Carolina dos Reis, de 20 anos, é uma delas. Ela completou o ensino médio e tem um pouco de experiência no comércio. No momento, busca emprego com carteria como operadora de caixa ou balconista, mas está difícil, confessa.
“Com essa crise, a oferta de emprego caiu muito”, constata Ana Carolina, que deixou o emprego há pouco mais de um mês. Na família dela, todos com idade ativa estão desempregados. A mãe, empregada doméstica, e o padrastro, soldador na construção civil, decidiram ir de mudança para a Bahia, onde têm esperança de conseguir o trabalho que não apareceu por aqui. “Espero conseguir um trabalho este mês. Preciso trabalhar para pagar minhas despesas”, diz Ana, com o currículo nas mãos e disposta a reduzir a pretensão salarial, que inicialmente era de R$ 1,2 mil.
Alguns fatores contribuem para pressionar o mercado de trabalho para os mais novos, como a experiência e a rotatividade. A experiência menor reduz as chances de contratação. Os estreantes geralmente têm como primeiro emprego um trabalho que não querem seguir pela vida inteira. “Os jovens têm a característica de querer testar o mercado”, diz o professor de economia da UFMG Mário Rodarte, especialista em mercado de trabalho. Segundo ele, a crise econômica do país agravada pela desaceleração da economia mundial piora o indicador, já que a primeira reação das empresas, diante da turbulência, é reduzir as admissões, o que tem impacto direto na mão de obra que está entrando no mercado.

A economista e membro do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais (Corecon-MG) Tania Teixeira lembra que o trabalho dos jovens é também a ponta mais frágil do mercado, já que essa mão de obra tem rendimentos menores, maior flexibilidade e, ainda, condições piores de trabalho. Como o país tem uma faixa grande da população em idade ativa, a preocupação com a qualidade do trabalho para os jovens é pequena e as políticas para garantir sua inserção no mercado de trabalho com melhor qualificação são insuficientes. “Mundialmente, existe uma preocupação com a precarização do trabalho dos jovens, que se agrava em períodos de crescimento do desemprego. Essa precarização impede que eles cresçam, melhorando suas expectativas e colocação no mercado de trabalho.”
