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Estado de Minas

Crise impõe dilemas e impressiona o mundo


postado em 20/09/2015 00:12 / atualizado em 20/09/2015 07:23

Quando indagam a um brasileiro no exterior se ele vive em Buenos Aires, a resposta tende a demonstrar irritação. E há grandes chances de aumentar a confusão de identidade com o país vizinho, onde a inflação beira os 40% ao ano. É o que vai acontecer se o Planalto e o Congresso desistirem de vez do ajuste fiscal, abraçando uma política econômica expansionista, que faria explodir a carestia. Há também a possibilidade que o temor de um retrocesso mais grave nos empurre para reformas estruturais profundas.

Uma terceira possibilidade é que se continue com um ajuste insuficiente para recuperar a credibilidade, mas sem cair no descontrole total. “A continuação da lenga-lenga que vivemos é o caminho que considero mais improvável para os próximos anos. Vejo com mais chances, e iguais entre si, as opções de uma política populista ou o oposto disso: um retorno à racionalidade”, afirma o economista Claudio Porto, presidente da consultoria Macroplan. “Acho que essa definição ocorrerá em breve, até o fim deste ano.”


A deterioração do quadro econômico do país desde janeiro impressiona o mundo. De três semanas para cá, porém, a piora é ainda mais radical. Na virada do mês, o governo apresentou ao Congresso Nacional, pela primeira vez na história, uma proposta de Orçamento com expectativa de déficit. O rombo previsto para 2016 é de R$ 30,5 bilhões, o equivalente a 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Nove dias depois, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s rebaixou a nota do país, transferindo os papéis do governo do grau de investimento para o especulativo.

Uma demonstração da drástica mudança no quadro está nas previsões da equipe do Banco Itaú que analisa a macroeconomia. Antes do orçamento deficitário, ela esperava queda no Produto Interno Bruto (PIB) de 2,3% neste ano. Agora, a retração prevista é 0,5 ponto percentual maior. Nos outros anos também houve piora.

O pacote de segunda-feira passada em nada modificou essas previsões, o que embute uma avaliação de que grande parte das medidas não vai se concretizar. Mesmo assim, espera-se, que o governo continue fazendo alguns esforços. “Sem isso, a relação entre dívida bruta e PIB vai piorar muito”, afirma o economista Luka Barbosa, do Itaú. Mesmo com resultados parciais, a situação já vai ficar ruim. Somente para cobrir o déficit da Previdência é preciso destinar 0,3% do PIB por ano.

Estabilizar a dívida exigiria 2,5% de superávit primário, com o PIB crescendo 2% e juros reais não superiores a 4%, tudo em bases anuais. No quadro atual, seria preciso um primário de 5%. É preciso mostrar ao menos a intenção de chegar lá, o que não se tem visto. “Os ajustes já deveriam ter sido feitos no ano passado, o que não ocorreu por causa das eleições”, diz o economista-chefe do banco Mizuho, Luciano Rostagno. Ele prevê queda de 3% do PIB neste ano, e uma redução média de 0,45% nos quatro anos do segundo mandato de Dilma – para o Itaú, a queda média será de 0,6%.


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