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Estado de Minas

Operação Zelotes identifica R$ 5,7 bilhões de prejuízo aos cofres públicos

Fraude no Ministério da Fazenda pode ultrapassar R$ 19 bilhões


postado em 27/03/2015 00:12 / atualizado em 27/03/2015 07:28

A Polícia Federal deflagrou ontem uma mega investigação de corrupção que pode ter desviado muito mais dinheiro que a Operação Lava-Jato. A devassa agora, denominada Operação Zelotes, ocorre no coração do Ministério da Fazenda e já foram identificados R$ 5,7 bilhões de prejuízos aos cofres públicos. Estão sendo analisados 70 processos de empresas que podem ultrapassar R$ 19 bilhões de desvios dos cofres públicos pelas estimativas da PF, da Receita Federal e do Ministério Público da União, que operam de forma coordenada.

As investigações começaram em 2013 e apontam para a existência de fortes indícios de crimes de advocacia administrativa, de tráfico de influência, de corrupção, de associação criminosa e de lavagem de dinheiro em casos ocorridos desde 2005, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Ontem, a PF concluiu as buscas em dois gabinetes do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf), do Ministério da Fazenda, e residências de funcionários do órgão, que é uma espécie de tribunal para os questionamentos de devedores ao Fisco.

“O Conselho tem 150 mil processos em que são analisados casos de mais de R$ 520 bilhões”, disse Luiz Fernando Teixeira Nunes, secretário-adjunto da Receita Federal. “Não estamos falando do Carf, mas de determinados servidores, de determinados conselheiros e de determinados processos. É importante não colocar o órgão inteiro sob supeição”, acrescentou.

Ao todo, foram expedidos 41 mandados de busca e apreensão e determinado sequestro de bens e bloqueio de recursos financeiros dos principais envolvidos. A sede do Banco Safra, na Avenida Paulista, foi alvo de uma das 16 ações de busca e apreensão realizadas ontem em São Paulo. Outros 24 mandatos foram cumpridos em Brasília e o último foi expedido em Juazeiro do Norte, no Ceará.

Fontes ligadas às investigações revelam que 10 dos 216 conselheiros do Carf estão envolvidos. Entre eles, destaca-se o pai do deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE), Francisco Rabelo de Albuquerque Silva, atual conselheiro do Carf. Procurado, o líder do PP na Câmara informou, por meio de sua assessoria, que ficou sabendo da investigação pela imprensa e que “não compete a ele falar sobre esse tema porque ele não está envolvido”. O nome do parlamentar está envolvido na Operação Lava-Jato.

Os atuais conselheiros Paulo Roberto Cortez e Otacílio Dantas Cartaxo, ex-secretário da Receita, e o ex-presidente do Carf, Edison Pereira Rodrigues, também estão sendo investigados, segundo fontes não oficiais.

A Operação Zelotes tem a participação de 180 policiais federais, 60 servidores da Receita e três servidores da Corregedoria-Geral do Ministério da Fazenda e um procurador do MPU. “Essa é a maior investigação de organização criminosa especializada em sonegação fiscal no Brasil”, disse o delegado da PF Marlon Cajado, ontem, no início da entrevista coletiva sobre a operação.

O termo “zelotes” tem como significado falso zelo ou cuidado fingido e refere-se a alguns conselheiros do Carf que não estariam atuando com zelo e a imparcialidade necessárias. Para Frederico Paiva, procurador da República que participa das investigações, o fato de o Carf estar sendo investigado é um avanço no combate à corrupção.


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