
Enquanto os foliões se divertiam no carnaval de Belo Horizonte, acompanhando os blocos de rua, os bares, restaurantes e hotéis contabilizavam o aumento do consumo num momento mais que esperado pelo comércio, em meio à retração do setor devido ao baixo crescimento da economia brasileira. As vendas nos bares e restaurantes em algumas regiões da cidade onde houve concentração para os desfiles dispararam, proporcionando alta de até 200%, a exemplo de empresas instaladas no Bairro Santa Tereza e na região da Praça da Liberdade. Em outros locais, como o Centro da capital e a Savassi, o faturamento cresceu cerca de 30%, segundo os comerciantes ouvidos pelo Estado de Minas, que tiveram de compartilhar o consumidor com os ambulantes nos espaços mais movimentados da festa. O setor hoteleiro também comemora o bom resultado do carnaval de rua de BH. A taxa média de ocupação foi de 30%, de acordo com a regional mineira da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-Minas), mas em áreas como a Savassi, superou 65%.
Na Praça da Liberdade, palco da concentração de muitos blocos – entre eles o Baianas Ozadas, que arrastou 100 mil pessoas em direção à Praça da Estação –, comerciantes estão satisfeitos. No Prontto Delicias Express, o movimento foi praticamente quatro vezes maior durante os dias de carnaval. Somente na segunda-feira, foram vendidos mais de 100 litros de chopp, além de 900 garrafas long neck de cervejas e 300 salgados. “Não esperávamos isso tudo. Todas as fornadas de salgado eram vendidas rapidamente”,contou o sócio proprietário da empresa, Roberto Viana.
No Assacabrasa que fica na Rua da Bahia, próximo à praça, o movimento dobrou e a churrascaria, com a lotação completa da casa, precisou dispensar clientes durante o domingo e a segunda-feira de carnaval. De acordo com a gerente do estabelecimento, Rebeca Henrique, foram vendidos mais de 150 quilos de comida no domingo e mais 180 quilos na segunda-feira. O ritmo normal das vendas é de cerca de 100 quilos consumidos por dia. “Tivemos que estender o horário de funcionamento do bufê de comida a quilo para dar conta de atender à demanda e, mesmo assim, fomos obrigados a segurar clientes na entrada”, ressaltou.
No Santa Tereza, os comerciantes comemoraram o lucro inesperado. No Bar do Bolão, o movimento aumentou 100% em relação ao ritmo normal de vendas da casa e diante de idêntico período do ano passado. O gerente Luiz Claúdio Souza Rocha informou que além da cerveja e de água o que ajudou a aumentar os lucros foram as marmitas de tropeiro e espaguete, comercializadas a R$ 5 e R$ 6, respectivamente. “Foi muito melhor que o ano passado e esperamos superar os números no próximo ano”, afirmou.

O proprietário do restaurante Go Pasta, na Savassi, Max Ladeira, conta ter registrado aumento entre 30% e 40% no faturamento, a despeito da concorrência com os ambulantes que ocupavam a calçada próxima ao estabelecimento. No ano passado, a empresa não funcionou durante o carnaval. “Sem os ambulantes, teríamos vendido muito mais”, afirma Max. Segundo ele, os vendedores informais não respeitavam a distância de 50 metros do comércio, estabelecida pela Prefeitura de BH.
Oferta de leitos acirrou disputa
Nos hotéis, a expectativa é de que o carnaval dos próximos anos mantenha a mesma energia que os foliões demonstraram em 2015, reunindo potenciais consumidores de diversas cidades de Minas Gerais e de outros estados, como Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia. Segundo a presidente da ABIH-MG, Patrícia Coutinho, a taxa média de ocupação (30%) abaixo da registrada no ano passado, de quase o dobro, refletiu o aumento da oferta de leitos na capital. O preço médio da diária, neste ano, de R$ 190, também ficou abaixo do valor praticado em 2014, de R$ 230. São mais de 30 novos hotéis na cidade e mais de cinco mil novos apartamentos. “Apesar de termos recebido mais turistas, a oferta é muito maior. Esperamos crescer nos próximos anos”, afirmou.
Superando as expectativas, a rede Royal Hotéis registrou uma taxa de ocupação acima de 60% durante os quatro dias de folia. De acordo com o superintendente da rede, André Bekerman, a maioria dos turistas veio à capital com o intuito de se deslocar para o carnaval nas cidades históricas, a exemplo de Ouro Preto, mas desistiu depois de ver a programação em BH.
Em outra rede de hotéis, a Arcor, a ocupação foi de 65% na unidade da Savassi, 25% a mais do que a registrada no mesmo período do ano passado. Nas unidades hoteleiras da rede em outras áreas da cidade, a taxa foi de 30% a 40%, 15% acima daquela do mesmo período de 2014 . “Na Savassi conseguimos superar nossas expectativas, mas nas outras regiões, registramos apenas 50% do que era esperado. Foi um bom resultado se pensarmos que existem muitos novos hotéis na cidade e esperamos uma ocupação ainda melhor no carnaval do ano que vem”, ressaltou Danielle Duarte, funcionária do departamento comercial da rede Bristol. (FM)
