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Estado de Minas

Madoff mineiro afronta a Justiça

Acusado de golpe superior a R$ 80 milhões, Thales Maioline diz em depoimento que, se solto, já teria ressarcido clientes


postado em 30/09/2011 06:00 / atualizado em 30/09/2011 07:24



Quatorze meses depois de eclodir a suspeita de formação de pirâmide financeira de Thales Maioline, visivelmente mais magro e vestido com o uniforme vermelho da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi), o acusado de ter dado rombo de mais de R$ 80 milhões em investidores mineiros sentou-se frente a frente com o juiz e o Ministério Público para ser ouvido pela primeira vez na Justiça – com exclusividade, o Estado de Minas entrevistou-o dias antes de sua prisão em dezembro do ano passado. Durante as duas horas e 20 minutos de interrogatório a portas fechadas, nessa quinta-feira, o réu optou por responder a todas as perguntas da promotoria e, ousado, repetiu que se estivesse em liberdade teria condições de ressarcir os prejuízos de todos os investidores com seus negócios.

Maioline teria narrado toda a história da Firv Consultoria, de sua criação à falência, e relatado detalhes de seu atual patrimônio aos poucos presentes – praticamente só os advogados de defesa, réu, promotor, juiz e policiais – na sala de audiência da 4ª Vara Criminal do Fórum Lafayette. A principal ausência foi a da promotora Juliana Pedrosa, responsável pelo caso, que está de férias. Com isso, seu substituto, o promotor Luiz Henrique Manoel da Costa, segundo presentes, pouco questionou Maioline sobre o caso e mostrou certo desconhecimento em relação a detalhes, em vez de pressioná-lo.

O próximo passo do processo deve ser a perícia dos extratos bancários das cerca de 15 contas em cinco bancos em nome de Thales Maioline e da empresa. O juiz deve encaminhar os documentos às duas partes para que seja verificada a origem e o destino dos valores, desde sua abertura até o dia em que a Justiça bloqueou seus bens, impedindo-o de movimentá-los. “Agora aparece tudo”, afirma o advogado Marco Antônio de Andrade, defensor de Maioline, em relação ao dinheiro.

Na avaliação dele, seguindo os rastros da movimentação financeira será possível mostrar quanto realmente seu cliente obteve no período em que esteve à frente da Firv e qual o trajeto dos milhões de reais dos investidores. Só não há como obter um passo a passo dos investimentos se tiver sido feita uma grande retirada. Sobre essa possibilidade, Andrade ironiza: “É um pouco difícil fazer uma retirada de R$ 100 milhões e sair carregando em malas com rodinha. Ainda mais com tanta ‘saidinha de banco’”. Mas pequenos volumes podem ser retirados.

Passado o interrogatório, o processo encaminha-se para a fase final. Tratou-se, possivelmente, da última audiência do caso Maioline. A elaboração de novas provas precede a fase das alegações finais, quando defesa e acusação apresentam seus argumentos para tentativa de absolvição e condenação do réu. Depois disso, o juiz deve anunciar sua sentença. Mas o caso não termina aí. Por tratar-se de decisão em primeira instância, as partes têm direito de recorrer a níveis superiores, arrastando ainda mais o processo.

O Estado de Minas tentou falar com o promotor Luiz Henrique Manoel da Costa, mas ele preferiu não comentar o caso por estar apenas substituindo a promotora titular.


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