Apesar de a indústria nacional de máquinas e equipamentos, um dos termômetros da economia, fechar o primeiro semestre com faturamento 7,9% maior do que igual período de 2010, de R$ 35,3 bilhões para R$ 38,08 bilhões, o vice-presidente da associação que representa o setor em Minas Gerais (Abimaq-MG), Fausto Rezende, avaliou nessa quarta-feira que o dólar precisa atingir R$ 2,20 para garantir maior competitividade dos produtores brasileiros frente aos fabricantes internacionais. A
balança comercial dessa indústria somou, na média dos seis primeiros meses de 2011, déficit de US$ 8,7 bilhões, com as exportações batendo na casa de US$ 5,36 bilhões e as importações contabilizando US$ 10,14 bilhões.“Para sermos protegidos pelo câmbio, o dólar deve (corresponder), no mínimo, a R$ 2,20. Isso aumentaria as exportações”, afirmou Rezende. “Neste caso, as importações, hoje em torno de 60% (da balança), cairia para cerca de 40%, que é um percentual considerado saudável, pois dependemos de produtos importados”, acrescentou Marcelo Luiz Veresoso, diretor da entidade mineira. Como o dólar não deve subir tanto a curto prazo, a Abimaq prevê que a balança comercial de 2011 deve fechar com déficit de US$ 21 bilhões.
Empresários do setor defendem medidas a curto prazo para melhorar o desempenho dessa indústria. Em São Paulo, onde diretores da entidade concederam entrevista via videoconferência, Mário Bernardini, assessor econômico da presidência, listou duas medidas: a determinação do governo para que suas estatais e empresas que vençam licitações do poder público privilegiem a compra de produtos nacionais e o aumento do imposto de importação.
Esta última sugestão, porém, pode não ter muito impacto nas importações chinesas – o dragão asiático é conhecido por vender produtos a custo bem baixo em razão de várias variantes, como os irrisórios salários pagos aos empregados daquele país. A sede de compradores brasileiros pelas máquinas e equipamentos chineses cresceu muito nos últimos anos. Para se ter ideia, quando levado em conta o volume de produtos do setor importados, a China desbancou, desde 2010, os Estados Unidos e a Alemanha, que, até 2009, respondiam, respectivamente, pelo primeiro e segundo lugares das vendas para o Brasil.
Os americanos, porém, quando levando em conta o valor total das importações, ainda lideram o ranking. Mas isso deve mudar em breve. “Provavelmente, mesmo em valor, nos próximos anos, a China deve superar os Estados Unidos”, acredita Bernardini. Em 2004, o valor das vendas chinesas para o Brasil respondia por apenas 2,1% do total das importações de máquinas e equipamentos. Nos seis primeiros meses de 2011, este percentual saltou para 13%. Na direção oposta, o valor das importações da terra do Tio Sam caiu, em igual intervalo, de 32,4% para 25,1%.

