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Estado de Minas VIAGEM PRESIDENCIAL

Dilma mostra "Meca" à Ásia

Em discurso no Fórum Econômico de Boao, na China, presidente apresenta o Brasil como campo aberto para investimentos e culpa os países ricos pela ameaça de alta da inflação


postado em 16/04/2011 06:00 / atualizado em 16/04/2011 07:09


Boao – Na esperança de angariar a confiança e, se possível, mais investimentos nas cidades brasileiras, a presidente Dilma Rousseff aproveitou seu penúltimo compromisso oficial ontem na China para vender o Brasil a uma seleta plateia como a Meca das oportunidades, "democrática e de respeito aos direitos humanos". Ao mesmo tempo, jogou no plano externo a culpa pelas preocupações econômicas que rondam o país e condenou as políticas de restrições de gastos que sempre são propostas em situações de incerteza. "A experiência do Brasil nos últimos anos demonstrou, de forma inequívoca, a importância do crescimento com melhora da distribuição de renda", disse a presidente, deixando nas entrelinhas, segundo diplomatas, a visão de que é possível crescer sem rigorosos invernos nos investimentos. Em seu discurso no fórum econômico de Boao, na Ilha de Hainan, a mesma que serviu de palco à reunião dos Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul –, Dilma citou as perspectivas de negócios na exploração do pré-sal, da ampliação do sistema energético com o etanol e da necessidade de infraestrutura para a Copa do Mundo e Olimpíadas.

E, quanto às ameaças inflacionárias – sobretudo em economias exportadoras de commodities, como é o caso do Brasil – e às dificuldades de segurar o déficit fiscal, a culpa é dos países ricos, conforme o discurso da presidente brasileira, recheado de termos econômicos, como requeria o plenário repleto de professores e analistas da área: "A expansão da liquidez por parte dos países avançados pressiona a inflação mundial e aprecia as moedas de vários países, sobretudo dos exportadores de commodities, ao mesmo tempo em que promove insegurança alimentar e energética em outras nações. De outro lado, a lenta e instável recuperação econômica dos países avançados dificulta a redução do déficit fiscal e da dívida pública daquelas economias", disse Dilma, jogando no plano externo as incertezas da economia. O discurso foi ainda além: "Essa situação levou os analistas a uma resposta um tanto simples: adotar políticas restritivas, tanto nos países emergentes, para controlar a inflação, quanto nos países avançados, para promover uma rápida consolidação fiscal", completou a presidente.

Foi a primeira vez que um chefe de Estado do Brasil participou do Boao Fórum, criado em 2001 e conhecido como o "Davos da Ásia" – uma referência ao fórum europeu. Este ano, o anfitrião, Hu Jintao, convidou todos os integrantes dos Brics – além de Dilma, o presidente russo, Dmitri Medvedev, o sul-africano, Jacob Zuma, e o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, que não pôde comparecer devido a compromissos assumidos antes. Também estavam entre os convidados o primeiro-ministro da Espanha, José Luiz Zapatero, e os chefes de Estado de Cingapura, Lee Hsien Loong, da República da Coreia, Kim Hwang-Sik, da Ucrânia, Nikola Azarov, além de ministros, autoridades e até celebridades chinesas, como o jogador de basquete mais alto do mundo, Yao Ming.

Dilma se referiu ao controle inflacionário como ingrediente da recuperação econômica, mas foi enfática ao dizer que o objetivo de todo o esforço tem que ser o desenvolvimento e a inclusão social, "sobretudo entre os mais pobres”. Ela passou então a discorrer sobre o portfólio de programas sociais brasileiros, em especial o Bolsa-Família, o Minha casa, minha vida e o Luz para todos.

Críticas indiretas

Em seu propósito de apresentar os chamados valores nacionais, a presidente fez críticas indiretas ao regime do anfitrião, Hu Jintao. "Combinamos estabilidade econômica, crescimento acelerado, projeto estratégico de desenvolvimento, impulso à ciência, tecnologia e inovação, inclusão social de distribuição de renda, estado de direito de demorático, estabilidade de política, compromisso com os direitos humanos e com a sustentabilidade ambiental e um profundo sentimento de autoestima de nosso povo", afirmou, diante de uma plateia ciente de que a China tem elevados índices de poluição e continua a impor forte censura aos meios de comunicação.


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