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Estado de Minas MÊS DO ORGULHO

Seguidores de André Valadão reagem à publicação LGBTfóbica do pastor

Internautas e movimentos LGBTQIA+ de dentro da Igreja Batista da Lagoinha rebateram a postagem preconceituosa de seu líder global


06/06/2023 17:50 - atualizado 06/06/2023 17:51
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Captura de tela de uma publicação do pastor André Valadão. Na imagem, ele sorri e, abaixo dele, lê-se 'Deus odeia o Orgulho'
O pastor André Valadão publicou que "Deus odeia o Orgulho" em suas redes sociais (foto: Instagram/Reprodução)
O pastor André Valadão, líder da Igreja Batista da Lagoinha, publicou em suas redes sociais que “Deus odeia o Orgulho” nesta segunda-feira (5/6). O religioso fazia referência ao mês do Orgulho LGBTQIAP+, celebrado internacionalmente em junho por conta de um acontecimento emblemático, ocorrido em Nova York em 1969, que ficou conhecido como a Revolta de Stonewall.

A sequência de fotos que tenta explicar que o “orgulho” surge a partir do “pecado” já conta com mais de 170 mil curtidas e mais de 26 mil comentários no Instagram. A publicação repercutiu nas redes sociais e, apesar de alguns elogios, recebeu milhares de críticas de internautas.

“Deus não odeia. Esse sentimento não pode caber em um ser celestial como Ele. Quem odeia são os seres humanos, que querem colocar goela abaixo suas opiniões. Igreja não é para espalhar o ódio, a missão é trazer paz aos corações necessitados”, comentou uma usuária do Instagram.

“O pessoal criticando e ofendendo o pastor. Continue firme nas pregações, pastor André Valadão. A palavra tem que ser pregada mesmo em meio às perseguições. Você tem embasamento bíblico, eles não têm base. Que Deus te abençoe, estarei orando por ti”, defendeu outro.

Comentários, como “Foi esse mesmo tipo de ‘cristão’ que crucificou Jesus”; “Deus é mais do que seu preconceito raso, vazio e nojento. Que Deus te abençoe e tenha misericórdia de você”; e “Prefiro ser ateu do que rezar para um Deus do ódio”, que criticam o pastor e sua publicação também são frequentes.

Nas redes sociais, uma das líderes do Movimento Cores – que é uma organização voltada para o público LGBTQIA vinculada à Igreja Batista da Lagoinha –, Priscila Coelho, fez uma publicação falando sobre a importância do amor e do acolhimento de pessoas LGBTQIA , mas sem mencionar a publicação do pastor.
 
 
“Me foi dado um privilégio e é uma honra amar e cuidar de pessoas LGBTQIA+, onde eu estiver e enquanto eu viver seguirei anunciando Jesus Cristo ao meu povo. Avante Movimento Cores, que o Dono da Vida está e sempre estará de braços abertos, o Deus ensanguentado de amor, morreu por nós e a Ele nos prostramos de afeto, reverência carinhosa e paixão. Todo amor do mundo! Vocês são o Movimento da minha vida! TODA vida humana é sagrada”, escreveu ela.
 
Nos comentários, a vinculação do Movimento Cores à Igreja Batista da Lagoinha foi contestada por alguns seguidores.

“Como você consegue caminhar debaixo da liderança de um cara preconceituoso como o André Valadão? Sério, eu não consigo entender como, na mesma Igreja, tem você e esses caras preconceituosos, como se tornou também o pastor Lucinho”, escreveu um usuário.

“Desculpa, mas já passou da hora desse movimento ser desvinculado da Igreja Batista da Lagoinha, que agora tem como seu líder maior uma pessoa tão intolerante. O erro não está no movimento”, acrescentou uma internauta.

“Agora ensina isso para o seu ‘líder global’, afinal, para ele, nem toda vida humana é sagrada”, comentou outro.

“Te acho uma guerreira, pastora, por lutar contra todo o ódio e burrice que o cabeça dessa congregação carrega nele. Obrigada por tudo que você faz. Eu amo Jesus, permaneço por Jesus e você é alguém que fortalece mais ainda! Obrigada e glória a Deus pela sua vida”, disse mais uma seguidora.

Procurada pela reportagem, Priscila Coelho afirma que “os membros do movimento estão num momento de reflexão, de oração, de busca dentro de nossa espiritualidade, que é cristã”, e que não irá comentar sobre o assunto por enquanto. Ela também afirma que quando estiverem confortáveis, haverá um pronunciamento oficial.
 

O que é homofobia?

A palavra “homo” vem do grego antigo homos, que significa igual, e “fobia”, que significa medo ou aversão. Em definição, a homofobia é uma “aversão irreprimível, repugnância, medo, ódio e preconceito” contra casais do mesmo sexo, no caso, homossexuais.

Entretanto, a comunidade LGBTQIA+ engloba mais sexualidades e identidades de gênero. Assim, o termo LGBTQIA fobia é definida como “medo, fobia, aversão irreprimível, repugnância e preconceito” contra lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais, não-bináres, queers (que é toda pessoa que não se encaixa no padrão cis-hetero normativo), itersexo, assexual, entre outras siglas.

A LGBTQIA fobia e a homofobia resultam em agressões físicas, morais e psicológicas contra pessoas LGBTQIA .

Homossexualidade não é doença

Desde 17 de maio de 1990, a a Organização Mundial da Saúde (OMS) excluiu homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças (CID). Antes desta data, o amor entre pessoas do mesmos sexo era chamado de "homossexualismo”, com o sufixo “ismo”, e era considerado um “transtorno mental”.

O que diz a legislação?

Atos LGBTQIA fobicos são considerados crime no Brasil. Entretanto, não há uma lei exclusiva para crimes homofóbicos.

Em 2019, após uma Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO 26), o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que os crimes LGBTQIA devem ser "equiparados ao racismo". Assim, os crimes LGBTQIA fobicos são julgados pela Lei do Racismo (Lei 7.716, de 1989) e podem ter pena de até 5 anos de prisão.

O que decidiu o STF sobre casos de LGBTQIA+fobia

  • "Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito" em razão da orientação sexual da pessoa poderá ser considerado crime
  • A pena será de um a três anos, além de multa
  • Se houver divulgação ampla de ato homofóbico em meios de comunicação, como publicação em rede social, a pena será de dois a cinco anos, além de multa

Criminalização no Brasil

Há um Projeto de Lei (PL) que visa criminalizar o preconceito contra pessoas LGBTQIA no Brasil. Mas, em 2015, o Projeto de Lei 122, de 2006, PLC 122/2006 ou PL 122, foi arquivado e ainda não tem previsão de ser reaberto no Congresso.

Desde 2011, o casamento homossexual é legalizado no Brasil. Além disso, dois anos mais tarde, em 2013, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou e regulamentou o casamento civil LGBTQIA no Brasil.

Direitos reconhecidos

Assim, os casais homossexuais têm os mesmos “direitos e deveres que um casal heterossexual no país, podendo se casar em qualquer cartório brasileiro, mudar o sobrenome, adotar filhos e ter participação na herança do cônjuge”. Além disso, os casais LGBTQIA podem mudar o status civil para ‘casado’ ou ‘casada’.

Caso um cartório recuse realizar casamentos entre pessoas LGBTQIA , os responsáveis podem ser punidos.

Leia mais: Mesmo com decisão do STF, barreiras impedem a criminalização da LGBTQIA fobia

Como denunciar casos de LGBTQIA+fobia?

As denúncias de LGBTQIA fobia podem ser feitas pelo número 190 (Polícia Militar) e pelo Disque 100 (Departamento de Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos).

aplicativo Oi Advogado, que ajuda a conectar pessoas a advogados, criou uma ferramenta que localiza profissionais especializados em denunciar crimes de homofobia.

Para casos de LGBTQIA fobia online, seja em páginas na internet ou redes sociais, você pode denunciar no portal da Safernet.

Além disso, também é possível denunciar o crime por meio do aplicativo e do site Todxs, que conscientiza sobre os direitos e apoia pessoas da comunidade LGBTQIA .
 

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podcast DiversEM é uma produção quinzenal dedicada ao debate plural, aberto, com diferentes vozes e que convida o ouvinte para pensar além do convencional. Cada episódio é uma oportunidade para conhecer novos temas ou se aprofundar em assuntos relevantes, sempre com o olhar único e apurado de nossos convidados.

 


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