Tim Bernardes

Tim Bernardes diz que, a cada show, 'a energia da combinação de pessoas na plateia gera novo clima'

Marco Lafer/Isabela VDD/divulgação

'Tento fazer músicas que condensam as coisas difíceis de comunicar'

Tim Bernardes, cantor e compositor


Na manhã da última terça-feira (19/9), Tim Bernardes estava ansioso. Acordou para acompanhar a divulgação das indicações ao Grammy Latino 2023, mas era tão cedo que acabou voltando a dormir. Quando se levantou, viu seu nome na lista dos cinco nomeados na categoria de melhor álbum de música popular brasileira.

 
“É um disco que fiz muito para mim, no sentido de que eu gostasse do som sem me preocupar com as convenções. Tem letras supercompridas. O que mais me deixa feliz é fazer um disco sincero, de coração, que atinge o público e tantas outras coisas bacanas”, afirma.

A felicidade não termina aí. “É demais estar junto de quem fez parte da minha formação musical”, comenta, referindo-se a Djavan e Donato, candidatos ao Grammy Latino com os álbuns “D” e “Serotonina”, respectivamente.
 
 

A turnê de Tim estreou no Rio de Janeiro, em agosto de 2022. Em novembro, ele se apresentou no Cine Theatro Brasil Vallourec, em BH. Tim volta à cidade neste domingo (24/9) para cantar – de graça – no Palácio das Artes, como convidado do Festival Os Sons do Brasil. São 1,7 mil ingressos, que começam a ser distribuídos ao meio-dia desta sexta (22/9), na bilheteria do teatro e no site Eventim.

O músico não se preocupa em “repetir a dose” em BH. Garante que shows nunca são os mesmos, pois a energia da combinação de pessoas na plateia sempre gera novo clima.

“No ciclo de um álbum, reparo que ele vai organicamente chegando em pessoas diferentes. Não tem essa sensação de repetição. Será uma oportunidade muito legal e rara de poder fazer o show num teatro bonitão, de graça”, comenta.

O palco é só dele

Sozinho no palco, Tim se reveza entre violão, piano e guitarra. Para ele, as composições serão as verdadeiras protagonistas da noite. “Tenho gostado muito de fazer esse formato, porque a letra e a voz ficam em primeiro plano. Tem muita conexão das pessoas com o conteúdo das letras e com a expressão da voz. Às vezes, acaba sendo mais ‘porrada’ do que show com banda”, comenta.

Tim Bernardes iniciou a carreira na seara do indie e do rock, mas, com o passar dos anos, se estabeleceu como um dos expoentes da música popular brasileira de sua geração. Compôs para Gal Costa, Jards  Macalé e Tom Zé.
 
Com 15 faixas, “Mil coisas invisíveis” é o sexto disco dele, que lançou outros quatro trabalhos com a banda O Terno. Tim garante: o grupo não acabou e pretende voltar com os shows antes de embarcar em novo álbum.

Ao comentar o álbum solo que pode lhe dar o Grammy Latino, revela: “Foi o primeiro disco em que, durante o processo de produção, eu já estava em mais evidência, com mais olhos voltados para mim. Nesse sentido, foi um pouco mais difícil. No fim, meu filtro foi fazer coisas que gosto de ouvir”, afirma.
 
Tim conta que procurou criar um álbum com letras ecléticas, fugindo de temáticas específicas. Porém, ele acabou percebendo que uma espécie de universo cósmico perpassa todas as canções do repertório.

“Não queria um disco conceitual, tentei fazer algo mais leve. Mas, no fim, acho que tem 'super' uma temática. Tem um deslumbramento com a realidade, um acordar. É um disco mais místico.”
 
 
 
Dizendo-se um autor de canções, revela: “Gosto de escrever e vejo o processo como  possibilidade literária.” Leitor de Jung e do clássico chinês “Tao Te Ching”, de Lao Tsé, o músico vai aos livros para entender melhor os próprios sentimentos.
 
“Leio para descobrir o que estou sentindo e não sei expressar. Fico sempre atento às coisas que estão me tocando em um lugar mais relevante e tento traduzir esses sentimentos em canção”, observa.
 
De acordo com ele, "Mil coisas invisíveis" ficou "bastante ensaístico". E explica: "O álbum tem várias autorreflexões metafísicas. Tento fazer músicas que condensam as coisas difíceis de comunicar que eu sinto em algo que gosto de ouvir”.

TIM BERNARDES

Neste domingo (24/9), às 20h, no  Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro). Entrada franca. Retirada de ingressos a partir das 12h de hoje (22/9), na bilheteria do teatro ou no site Eventim

OUTRAS ATRAÇÕES DO FESTIVAL

O Festival Os Sons do Brasil começa sábado (23/9), às 11h, no Memorial Minas Gerais Vale, na Praça da Liberdade, com o cantor Claudio Nucci, ex-Boca Livre, apresentando o show “Direto no coração”. Ele comemora 40 anos de carreira.
 
Às 15h, a cantora Aline Paes e o grupo Bodesom homenageiam Gal Costa. Os dois espetáculos têm entrada franca e não é necessário retirar ingressos previamente.
 
Claudio Nucci

Claudio Nucci comemora seus 40 anos de estrada, sábado (23/9), no Memorial Minas Gerais

Raphael Pinheiro/divulgação
 
 
Também no sábado, no Palácio da Liberdade, o grupo Acauã Ranne & Os Cria faz show às 16h, seguido do Afrocidade, às 18h30. Ingressos devem ser retirados a partir do meio-dia desta sexta (22/9), no site Sympla.

No domingo (24/9), tem diversão para as crianças: “MPBaixinhos”, às 11h, no Palácio das Artes. Às 15h, no mesmo palco, Chris Cordeiro e Projeto Xote das Meninas convidam Anastácia para a “tarde dançante”. Ingressos gratuitos para estes dois eventos também devem ser retirados a partir desta sexta, ao meio-dia, no site Eventim.

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria