A cantora Adriana Calcanhotto

A cantora e compositora Adriana Calcanhotto diz que ainda não consegue "colocar em palavras" a experiência de sua recente turnê em homenagem a Gal Costa, que passou por BH

Leo Aversa/divulgação

Em maio, no Minascentro, foi o tributo a Gal Costa, "Coisas sagradas permanecem". No mês passado, em Inhotim, nova apresentação, para o festival Meca. E neste sábado (2/9), de volta a Belo Horizonte, Adriana Calcanhotto faz no Sesc Palladium o show "Errante", da turnê do álbum homônimo, lançado em março. Novamente, com casa cheia – só o setor 2 ainda tem ingressos disponíveis.

Reflexo do próprio conceito do álbum, de uma artista em constante movimento, "Errante", no palco, tem Adriana ao lado de uma banda completa: Domenico Lancellotti (bateria), Jorge Continentino (saxofone, flauta e teclados), Diogo Gomes (trompete e flugelhorn), Marlon Sette (trombone), Guto Wirtti (baixo acústico) e Pedro Sá (guitarra) – do time, apenas os dois últimos não participaram da gravação do disco.

Todo o repertório, 11 canções, será desfiado na apresentação. "Fiz outros shows com o disco (da respectiva turnê) inteiro. Tudo depende. Na verdade, o show é outra sonoridade. Ele já não é mais o disco. E ele tem também a função de acomodar a sonoridade do disco para o palco e das outras canções que estão nele", comenta.

"Errante", tanto no formato disco quanto no show, começa de forma autobiográfica, com "Prova dos nove" ("Tenho o corpo italiano/O nascimento no Brasil/A alma lusitana/A mátria africana"). A partir desta carta de apresentações, em que os metais se destacam, Adriana vai intercalando o novo repertório com canções de outras épocas, dela e de outros.

Samba-canção e rock

Outro destaque da nova safra é "Lovely", com letra em inglês e gravada com Rodrigo Amarante (com quem a cantora fez, recentemente, comentados shows no Rio e em São Paulo) ao mandolin, que fala de um estado de impermanência. Adriana canta o amor (e o desamor) de várias formas: em samba-canção em "Quem te disse?", com uma pegada roqueira em "Era isso o amor?". A maior parte das canções foi feita antes da pandemia. 

No palco, ainda interpreta canções de terceiros que ela gravou no passado. Entre elas estão "Mais feliz" (Bebel Gilberto/Cazuza/Dé Palmeira) e "Naquela estação" (Caetano Veloso/João Donato/Ronaldo Bastos). 
 

"Esquadros", um de seus maiores sucessos, também está no repertório. Foi escolhida para fazer uma ponte com a turnê em torno de Gal, já que a baiana gravou a canção (assim como outra de Adriana que está em "Errante", "Livre do amor"). 

"A experiência de trabalhar com as pessoas que trabalhavam perto dela foi muito importante para mim. Mas é muito recente ainda, não sei colocar em palavras (o impacto da temporada de "Coisas sagradas permanecem"). Vou precisar de um tempo", diz.

Sem o violão

A artista estreou a nova turnê em Portugal, no final de maio, e, a partir de julho, começou os shows no Brasil – iniciou pela Porto Alegre natal. Nesta temporada, ela não toca violão, coisa que fez no disco.
 
"É muito rico ter uma banda (grande). Essa coisa coletiva é tão interessante que se eu não tocar, escuto melhor o som", diz. A presença de dois metais em cena é novidade. "Diversas vezes os chamei, mas era um ou outro. Agora, é outra situação, um complementa o outro."

O conceito de transição de "Errante" também influenciou o visual da turnê. "A ideia é que a gente 'arme e desarme o circo' em cima do palco. É tudo funcional, só tem o que realmente necessitamos. Em algumas situações, há imagens. A intenção foi mostrar uma coisa nômade, de não carregarmos nada além dos instrumentos", diz Adriana.

ADRIANA CALCANHOTTO

• Show "Errante"
• Neste sábado (2/9), às 21h, no Sesc Palladium, Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro
• Ingressos: Setor 2 - R$ 130 e R$ 65 (meia).Demais setores esgotados
• À venda na bilheteria e no site sympla.com.br.