Pianista Arnaldo Cohen

Pianista Arnaldo Cohen diz que executar o "Concerto nº 2 para piano e orquestra", de Serguei Rachmaninoff, representa "desafio na tarefa de expressar o romantismo intrínseco à música"

Yupeng Gu/divulgação


A Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e o Coral Lírico de Minas Gerais, sob regência de Ligia Amadio, apresentam, nesta terça-feira (9/5) e na quarta-feira (10/5), no Grande Teatro do Palácio das Artes, edição especial da série Concertos da Liberdade, intitulada “Pássaros e príncipes”. O destaque do programa é o “Concerto nº 2 para piano e orquestra”, de Serguei Rachmaninoff (1873-1943), que terá como solista convidado o pianista Arnaldo Cohen.
 
Ligia destaca que essa edição da série Concertos da Liberdade presta homenagem aos 150 anos de nascimento do compositor russo, um dos últimos representantes do romantismo musical tardio na história da música ocidental.
 
Ela explica que, para compor o programa, foram escolhidos outros dois conterrâneos de Rachmaninoff – Alexander Borodin (1833-1887), de quem será executada a obra “Danças polovtsianas”, composta por trechos extraídos da obra “Príncipe Igor”, e Igor Stravinsky (1882-1971), com a suíte do ballet “Pássaro de fogo”.
 
A regente explica que a escolha desses compositores atende ao desejo de privilegiar o contraponto entre o compositor homenageado em seu aniversário e um predecessor – Borodin, nascido 40 anos antes – que é expoente de um grupo de criadores que fixaram os valores do nacionalismo russo, o chamado Grupo dos Cinco (que além de Borodin contava com Mussorgsky, Balakirev, César Cui e Rimsky-Korsakov).

COSTURA ERUDITA Já Stravinsky, um compositor um pouco posterior, mas contemporâneo de Rachmaninoff, comparece com seu ecletismo e modernidade, segundo Ligia. “Num único programa, apresentaremos uma suíte de um ballet, dos mais célebres e representativos, que é ‘O pássaro de fogo’; uma seção muito importante de uma ópera paradigmática da cultura russa, o ‘Príncipe Igor’; e um dos concertos para piano e orquestra mais famosos e apreciados pelo grande público de toda a literatura para piano”, diz.
 
Cohen observa que, ao longo de quatro décadas de carreira, já teve a oportunidade de executar o “Concerto nº 2” de Rachmaninoff por diversas vezes e até mesmo gravá-lo. Ele aponta que, ao tocar essa obra, procura entender o significado da música para além do que está escrito na partitura, buscando que sua interpretação reflita o que ele acredita que o compositor quis transmitir ao escrever a peça.
 
“Para mim, tocar o ‘Concerto nº 2’ representa um desafio considerável na tarefa de expressar o romantismo intrínseco à música, com certa dignidade, sem ceder a um romantismo exacerbado. O próprio Rachmaninoff evitava flutuações exageradas no tempo da música. A obra revela-se uma combinação arrebatadora de drama, lirismo e virtuosismo”, ressalta.

MARATONA O pianista pontua que a obra é, de certa forma, resultado de um “renascimento” do compositor como musicista após uma crise criativa desencadeada pela má recepção de sua primeira sinfonia, em 1987. O “Concerto nº 2” tornou-se um de seus maiores sucessos. “É uma verdadeira maratona musical, que exige estudo rigoroso, acompanhado de boa saúde física e mental”, diverte-se. “Em suma, trata-se uma peça de grande dificuldade técnica e alta voltagem emocional”, diz.
 
Ligia situa que o “Concerto nº 2 para piano e orquestra” foi dedicado ao médico Nikolai Dahl, neurologista que praticava a hipnose e tratou de Rachmaninoff após a crise depressiva que o levou a jugar-se incapaz de compor. Ela diz que, em abril de 1900, ele começou a escrever o segundo e o último movimentos do "Concerto" – o primeiro foi completado posteriormente e a estreia foi programada para fins de 1901.
 
“Poucos dias antes da première, o compositor teve um ataque de pânico, acreditando que tinha realizado uma péssima obra. O estrondoso sucesso da estreia mundial o convenceu do contrário. Este concerto para piano consolidou a fama mundial de Rachmaninoff e é uma de suas peças mais populares”, destaca.

NOVO ENCONTRO Ela conta que já teve a oportunidade de dividir o palco com Arnaldo Cohen em outras duas ocasiões, na Sala São Paulo e no auditório Claudio Santoro, em Campos do Jordão. “Voltar a reger um concerto tendo Arnaldo como solista é um grande privilégio, para a orquestra, para a Fundação Clóvis Salgado, para mim, pessoalmente, e para o público, que terá a oportunidade única de desfrutar da interpretação de um dos mais importantes pianistas brasileiros”, diz.
 
Cohen, por sua vez, diz que voltar ao Palácio das Artes e atuar como solista da Sinfônica de Minas Gerais é sempre motivo de alegria. “Já tive o grande prazer de trabalhar com a maestrina Ligia Amadio. Morando nos Estados Unidos e vindo ao Brasil muito ocasionalmente, fico feliz que nossa agenda tenha se alinhado novamente, tendo, assim, a chance de fazer música com essa grande e talentosa regente”, salienta.
 
Na apresentação de amanhã, pela série Sinfônica ao Meio-Dia, que tem entrada franca, ele apresenta apenas um dos movimentos do “Concerto nº 2”. Na quarta-feira, pela série Sinfônica em Concerto, com ingressos variando entre R$ 5 e R$ 20, a obra será executada na íntegra.


CONCERTOS DA LIBERDADE – 
“PÁSSAROS E PRÍNCIPES”

Coral Lírico e Orquestra Sinfônica de Minas 
Gerais com o pianista Arnaldo Cohen como 
solista na série Sinfônica ao Meio-Dia, nesta terça-feira (9/5), às 12h, com entrada franca; e na quarta-feira, às 20h, com ingressos para plateia 1 a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), 
plateia 2 a R$ 15 (inteira) e R$ 7,50 (meia), e plateia superior a R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia), no Grande Teatro do Palácio das Artes
(Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro).
Informações: (31) 3236 7400.