Com sucessos do começo dos anos 2000 e músicas mais atuais, com cunho político, a banda Fresno movimentou os fãs nesse sábado do 2000 Rock Fest. O grupo comemora o bom momento da carreira, com um som mais maduro, uma pegada mais pop e novos fãs. 


Lucas Silveira, Gustavo Mantovani (o Vavo) e Thiago Guerra contaram ao Estado de Minas que os shows da banda têm ficado cada vez mais lotados. “A gente tem essa sensação que o pessoal fica mais velho, vai passando esse amor pela banda para os filhos, sobrinhos, amigos. Isso é um dos principais motivos para a gente, 24 anos depois, ainda fazer show com o público cantando junto, a cada lançamento”, declarou Vavo.


Para Lucas, parte desse movimento é por conta do retorno da cultura emo. “É uma coisa meio mundial né. As pessoas mais cedo ou mais tarde vão estar super adultas, com as vidas ali aos 30 anos e começam a voltar para aquilo que as faz sentir mais jovens, muito do saudosismo vem disso. Também é um momento em que a pessoa começa a perceber o que ela gosta mesmo. Tem várias pessoas que não eram fãs quando a gente deu a primeira estourada e agora são fãs porque estão com outra cabeça”, pontuou Lucas.


Durante a pandemia, a banda não parou de produzir. Mesmo à distância, eles fizeram lives com a participação de artistas internacionais, como Gerard Way, vocalista do My Chemical Romance. Também aproveitaram o momento para produzir novas músicas, como o álbum ‘Sua alegria foi cancelada’. Foi também o momento em que eles passaram a produzir remixes, misturando rock e funk.


“O álbum já é um disco que tem coisas pop, puramente pop. A gente sempre tinha uma coisa mais pop rock e agora nosso som ficou mais amplo. A gente também passou pelas festas das Fresno, after parties, essas coisas, e viu que se tocasse a música da Fresno em uma versão remix, com uma batida mais funk ou eletrônica, o pessoal animava mais. Hoje em dia já virou uma tradição. Sai um álbum e já saem vários remixes. Algumas pessoas reclamam, mas quando toca nas festinhas, todo mundo dança”, brincou Lucas.

Posicionamento político

Fresno

A Fresno trouxe hits novos e antigos para agitar os fãs na Esplanada

Reprodução / Instagram / 2000 rock fest
 

No álbum ‘Vou ter que me virar’, a Fresno abordou temas políticos e chegou a criticar o então presidente Jair Bolsonaro (PL). “O presidente basicamente quer te exterminar”, canta a banda em uma das músicas. O vocalista Lucas Silveira também já chegou a brigar publicamente com defensores do ex-presidente.


“A gente está lutando pelo que a gente acha que é certo, ainda mais agora que a gente está precisando de mais pessoas que se manifestem assim”, disse Thiago. A banda nega que os fãs façam alguma pressão para que os membros se manifestem politicamente. Os músicos, na verdade, afirmam que parte do público prefere que eles não entrem no assunto. 


Mas, para Lucas, a maior parte da plateia dos shows é alinhada politicamente com eles. “A gente é uma banda que tem vários fãs LGBT, por exemplo, e a gente acaba sendo educado por essas pessoas”, explicou. Eles ainda acreditam que toda pessoa pública deve esclarecer seu posicionamento político. “É natural que a gente se manifeste e quem é bolsominion tem que se manifestar também”, pontuou o vocalista.