elenco de Castelo Rá-Tim-Bum

Parte do elenco original se reuniu para um episódio especial de Castelo Rá-Tim-Bum, que vai ao ar hoje

Nadja Kouchi / TV Cultura e Oreo
Com a proximidade da comemoração dos 30 anos do lançamento de “Castelo Rá-Tim-Bum”, a TV Cultura prepara uma série de ações para celebrar o maior sucesso da casa. As celebrações começam neste sábado (25/2), às 22h, com a exibição de um episódio especial, em que a equipe se reúne depois de três décadas.


O “comeback” do castelo só foi possível graças a uma ação publicitária da Oreo, que recuperou a magia dos anos 1990 em uma campanha em 2022. Depois, a marca de biscoitos decidiu patrocinar o novo episódio.


Com o anúncio do especial, os fãs pedem para que o elenco se reúna para produzir novos episódios. Para a alegria de quem ama o castelo, a possibilidade existe e é confirmada tanto pelo ator Cássio Scapin, que deu vida ao Nino, quanto por Enéas Pereira, vice-presidente da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura.

 


Ao Estado de Minas, os dois refletiram sobre a possibilidade da continuidade da história e deram detalhes de como será o reencontro de logo mais.


‘Existe muita história para ser contada’

Estado de Minas: Qual é a sensação de voltar ao cenário do Castelo?

Cássio Scapin: Foi uma delícia voltar ao cenário do Castelo Rá-Tim-Bum. Primeiro porque é um cenário lindo, impactante. E também porque, na primeira vez, ele foi desmontado em tempo recorde porque a TV Cultura é uma TV estatal e, mudando o governo, imediatamente os trabalhos e as políticas têm que mudar. A primeira fase do Castelo foi quase que exterminada, foi como se o Doutor Abobrinha tivesse um rolo compressor sobre o castelo. E agora reencontrar tudo feito é muito bom, uma sensação muito prazerosa de voltar lá de novo.

 

EM: Como foi reencontrar com os colegas de elenco e equipe 30 anos depois?

CS: Nós continuamos nos encontrando porque todos estão na área. Continuamos trabalhando ou encontrando no teatro, prestigiando o trabalho alheio ou fazendo um trabalho juntos. É sempre muito amistoso. O Castelo Rá-Tim-Bum começou já com essas pessoas todas se conhecendo. Algumas amizades são mais velhas que o próprio Castelo. Foi muito bom saber que está todo mundo junto. Algumas pessoas partiram deste mundo, nos deixam cheio de saudade e fizeram falta no dia (do reencontro), aguçaram nossa memória, carinho e afeto. 

 

EM: Tem alguma história curiosa sobre o Castelo que você poderia dividir?

CS: Teve um episódio em que o Tio Victor (Sérgio Mamberti) dormiu dentro de um bolo, e a gente teve um princípio de incêndio por causa das velinhas. Ele não acordou na hora que ele tinha que acordar e levantar. Enfim, tem várias coisas engraçadas e curiosas que aconteciam, e coisas que não eram propriamente na frente das câmeras, nos bastidores que eram muito divertidas.

 

EM: Você toparia fazer novos episódios da série?

CS: Fazer um revival do Castelo? Mas é claro que eu toparia! Eu fiz o espetáculo que era o ‘Admirável Nino novo’, que era um revival, mas só do ponto de vista do Nino, que o tempo passou, e ele não cresceu, e para onde foram todas essas pessoas que conviviam com ele. O revival do Castelo cabe muito bem, mas ele tem que ser pensado, a partir do ponto em que estávamos, com todos os personagens do Castelo e não do ponto zero. A gente hoje pode incluir novas tecnologias de comunicação e de acesso de comunicação, de atingir o público. Desde um streaming grande até pequenas pílulas que as pessoas podem ver a qualquer momento, usar as tecnologias novas que hoje estariam incorporadas no Castelo. E usar pensando num modo efetivo e mais eficaz para educar. Eu acho que é bem possível e acho que quem fizer terá um sucesso garantido.


Cássio Scapin

Cássio Scapin durante gravação do especial

Nadja Kouchi / TV Cultura e Oreo

EM: Você vê o potencial do Castelo hoje em dia? A TV aberta receberia bem essa continuidade?

CS: Sim, eu acredito que o Castelo teria espaço sim, não sei se exatamente da mesma forma que foi concebida da vez anterior, porque as ferramentas são outras. Mas eu acho que, além da TV aberta, ele ocuparia espaço nos streamings. É um produto com muito potencial, muito material que deve ser explorado. Eu acho uma falta de inteligência a gente ainda não estar pensando em um projeto sério, da continuidade da história ou da vida desses personagens. Você pode gerar uma série a longo prazo, como os Waltons. Só falando de entretenimento, o Castelo tem uma vantagem que é uma formação cultural, um pensamento um pouco mais refinado. Não é uma coisa só para se divertir, como não era quando foi realizado.


EM: O que o Nino representa para você?

CS: O Nino para mim é, primeiro, o moleque que eu fui. Eu trabalhei no Nino em cima das referências que eu tinha de infância. Eu era um garoto que via muita televisão, então, eu trabalhei em cima dessa memória afetiva dos programas e dos personagens que eu gostava. Mas, principalmente, eu já era ator há muito tempo, no teatro, e o Nino representa para mim o contato com a grande massa. Apesar de não ter sido feito em uma TV privada, foi em uma TV estatal, que tem uma penetração menor, mesmo assim ela teve um alcance gigantesco, que era impensável na época. Então, o Nino para mim foi a projeção em grande escala do meu trabalho de ator.

O que esperar do reencontro?

Estado de Minas:  O que os fãs podem esperar do reencontro?

Enéas Pereira: Antes de tudo, muita emoção. Será um reencontro de quase uma hora entre amigos e profissionais que estiveram presentes na criação de um dos mais prestigiados programas infantis da televisão brasileira e que agora, quase 30 anos depois, se reveem lado a lado no mesmo espaço que os consagrou junto ao imaginário dos fãs.

 

EM: Como surgiu a ideia para o reencontro? Foi por causa da ação publicitária da Oreo somente ou a exposição que passou por vários lugares, inclusive BH, teve alguma influência?

EP: Tudo isso teve influência, ação publicitária inicial, exposições itinerantes pelo Brasil, mas o fator preponderante não foi nada disso e sim o desejo da TV Cultura em fazer uma homenagem a todos os que participaram dessa linda história, especialmente nesse momento em que nos aproximamos dos 30 anos de lançamento do programa. Esse sim foi o fato definidor para o episódio de reencontro. Vale lembrar que essa ação é apenas a primeira de muitas que se realizarão ao longo de 2023 e 2024 em comemoração aos 30 anos do Castelo.


EM: Teve algum ator que não topou participar?

EP: “Não topou” eu diria que é um termo incorreto. Alguns atores não puderam participar, seja por questões de cronograma, seja por questões contratuais atualmente assumidas com outros parceiros. Mas todos, indistintamente, presentes ou não ao episódio de sábado, serão homenageados pela sua participação na história original.

Nino abraçando tio Victor

Atores já falecidos, como Sergio Mamberti (Doutor Victor) serão homenageados em especial

Nadja Kouchi / TV Cultura e Oreo
 


EM: Algum dos bonecos ou parte do cenário precisou ser refeito?

EP: Sim. Refizemos todos os cenários que utilizamos para esse episódio, tanto o hall do Castelo como a biblioteca, afinal são mais de 30 anos entre o fim da primeira exibição e hoje. O mesmo vale para os bonecos e a árvore da Celeste. O que não foi totalmente refeito, foi bastante reformado. Mas uma coisa interessante nesse ponto: refeito e reformado pelos criadores originais, principalmente que tange aos bonecos e aos adereços de cenário.


EM:  Quais outras ações podemos esperar para as comemorações dos 30 anos?

EP: Olha, serão inúmeras. Algumas eu posso já adiantar, outras encontram-se em estudo ou em fase de estruturação. Entre as que posso mencionar já adianto uma série de programas curtos com a Morgana e a Celeste, que entrarão diariamente na programação infantil de forma rotativa. Há também uma grande exposição sendo planejada totalmente imersiva com o que há de mais moderno na relação interativa com o público. Outra ideia que vem sendo trabalhada é a realização de um longa-metragem dirigido por Cao Hamburger em comemoração aos 30 anos do lançamento original.

Porteiro do Castelo Rá-Tim-Bum

Os bonecos, como o Porteiro, e parte do cenário precisaram ser refeitos para o especial

Nadja Kouchi / TV Cultura e Oreo
 


EM: Existe alguma chance de o Castelo voltar a ser produzido?

EP: Sempre existe. Essa é uma ideia que volta e meia ressurge aqui na TV Cultura. No entanto, em minha opinião, é necessário que seja um projeto que faça tanto sentido hoje, como o anterior fez há 30 anos. Um puro e simples remake do original é pouco. Há que se explorar o universo do Castelo diante dos dias de hoje e suas questões fundamentais ao universo infantil e das famílias. Nessa linha, com certeza, o Castelo pode e deve voltar a ser produzido para as crianças brasileiras hoje.