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Estado de Minas MÚSICA

Gaia Wilmer Sextet lança "Nosso carnaval"

Grupo instrumental formado em São Paulo pouco antes da pandemia faz sua estreia em disco e já se prepara para gravar novo trabalho em dezembro


11/10/2022 04:00 - atualizado 10/10/2022 21:08

Sentados no chão coberto por folhas secas, os integrantes do Gaia Wilmer Sextet sorriem para a câmera
O sexteto tocou recentemente em BH, no Savassi Festival (foto: Zé de Holanda/Divulgação)
 
Augusto Pio
 
“Nosso carnaval” é o nome do disco de estreia do grupo Gaia Wilmer Sextet, recém-lançado nas plataformas digitais, com 10 faixas. Ao lado da compositora e saxofonista Gaia Wilmer estão os músicos Maiara Moraes (flautas), Josué dos Santos (flauta e saxofones), Fábio Leal (guitarra), Fi Maróstica (baixo) e Cleber Almeida (bateria e percussão).

Gaia conta que o grupo surgiu com o objetivo de desenvolver um repertório que valorizasse as suas influências, sua liberdade de criação, mas sempre com foco na cultura regional brasileira, utilizando a linguagem tradicional como base. "Assim, juntando minha experiência como compositora, meu conhecimento de música brasileira e a profunda ligação dos músicos integrantes com as mesmas referências", diz. 

O sexteto foi formado em São Paulo, pouco antes do início da pandemia. “Morei bastante tempo fora do Brasil, porém nunca havia residido em São Paulo, onde vivo agora, mas, quando vinha ao Brasil, sempre passava por Sampa, cidade na qual tenho grandes amigas musicistas e onde há um cenário propício para a música instrumental.”

Quando morou nos EUA, a saxofonista fez parte de um octeto em Nova York. “Quando chegava a Sampa, acabava tocando sempre as mesmas músicas do grupo norte-americano, só que com os músicos paulistas. Eu já tinha vontade de montar um grupo em Sampa. Acabei vindo morar no Brasil pouco antes de começar a pandemia e resolvi falar com alguns músicos paulistas, contando a minha ideia. Então montei o grupo feliz da vida. Quando iam começar a rolar os shows, veio a pandemia e adiou os nossos planos."

Por um momento, ela duvidou do futuro do sexteto. “Já nem sabia mais se ia rolar ou não, porém recebi um convite para gravar o disco. Aí retomei todo o projeto de novo. Montei o grupo e o repertório. Em outubro do ano passado, fomos ao estúdio gravar esse álbum.”

''Acabei vindo morar no Brasil pouco antes da pandemia e montei o grupo, feliz da vida. Quando iam começar a rolar os shows, veio a pandemia e adiou nossos planos''

Gaia Wilmer, saxofonista e compositora


Repertório

A compositora assina todas as faixas do disco, exceto “Garrote” (Hermeto Pascoal) e “Quarta-feira de cinzas” (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes). O grupo se apresentou recentemente em BH, na programação do Savassi Festival.

Gaia conta que o que escreve, normalmente, acaba envolvendo coisas que estudou ou suas influências de música brasileira, alguma relação com o jazz contemporâneo, outras de improvisação livre e de música erudita. “Isso está, de alguma maneira, em todos os trabalhos que faço. O octeto que tinha em Nova York, embora tocasse bastante coisa brasileira, acho até que pendia um pouquinho mais para o mundo jazzístico atual. E com esse sexteto que queria fazer e fiz em São Paulo, com músicos brasileiros, minha ideia era que ele pendesse mais para a música brasileira.” Ela observa, no entanto, que “esse não é um disco de forró, maracatu, choro, de nenhum desses gêneros, especificamente”. 

Quando o sexteto estava gravando “Nosso carnaval”, teve aprovado em edital em São Paulo o projeto de um novo álbum, que deverá ser gravado em dezembro. O repertório do próximo disco será em homenagem ao escritor e musicólogo paulista Mário de Andrade (1893-1945). “Estou fazendo tudo em cima das viagens que ele fez, pesquisando gêneros de música brasileira”, conta Gaia.

Para compor, ela diz que usa mais o piano. “Às vezes, uso a flauta também. Não sou flautista, mas a uso bastante para compor. Acho que fico mais livre na flauta, talvez por não ser o meu instrumento.” Antes de se tornar saxofonista, Gaia estudava relações internacionais.

A virada de sua carreira para a música foi casual. “Sempre gostei bastante de música e, em certa época, em um intervalo de estudos de filosofia e escrevendo minha monografia, estava escutando o saxofonista norte-americano Paul Desmond (1924-1977). Naquela hora, me imaginei tocando, como se fosse ele. Pensei, de repente, podia até tentar tocar sax só de curtição mesmo, pois minha ideia era continuar fazendo relações internacionais e depois mestrado, doutorado, aquelas coisas”, relembra.

Ela procurou uma escola de música em Florianópolis e acabou se tornando aluna da mineira Sílvia Everaldo. “Foi ela a minha mentora, minha mãe musical. E foi por causa dela que a minha vida mudou radicalmente.”
 

“NOSSO CARNAVAL”

• Gaia Wilmer Sextet
• Disponível nas plataformas digitais


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