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Estado de Minas CAUSA DE CEGUEIRA

Glaucoma: exames para diagnóstico de doença que causa cegueira aumentam

Conselho Brasileiro de Oftalmologia reforça a importância do diagnóstico e tratamento precoce da doença, principal causa de cegueira evitável no mundo


26/05/2022 11:00 - atualizado 26/05/2022 11:14

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Glaucoma é o responsável pelo maior número de casos de cegueira evitável no Brasil e no mundo (foto: PublicDomainPictures por Pixabay )
Nesta quinta-feira, 26 de maio, comemora-se o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, problema responsável pelo maior número de casos de cegueira evitável no Brasil e no mundo. Durante todo o mês, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) tem impulsionado ações para reforçar a importância do diagnóstico e tratamento precoce da doença. 

Superada a emergência epidemiológica provocada pela COVID-19, o Sistema Único de Saúde (SUS) começa a sentir os efeitos da retomada na rotina de consultas, exames e procedimentos oftalmológicos. Parte desse movimento resulta da necessidade de atender demandas represadas durante a pandemia.

Um bom exemplo desse fenômeno foi apontado pelo CBO, que observou alta no número de exames voltados ao diagnóstico do glaucoma no primeiro trimestre de 2022. Os dados extraídos da base oficial do Datasus apontam um crescimento de 28% no volume de procedimentos, em comparação ao mesmo período de 2021.

De acordo com os números analisados pelo CBO, no País, foram feitos 1.248.579 exames para identificar o glaucoma no primeiro trimestre de 2022. O número é maior que os registrados no mesmo período dos anos 2019, 2020 e 2021.

Na avaliação dos especialistas do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, esse quadro sugere que a rede pública tem sido acionada para atender as demandas represadas nas fases mais críticas da pandemia, superando, inclusive, o desempenho registrado antes da chegada do SARS-CoV-2 ao Brasil. 

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(foto: Infográfico)
 

Cuidados necessários

O glaucoma é a principal causa de cegueira evitável no mundo. O problema surge em consequência do aumento da pressão intraocular e a perda da visão ocorre pela destruição gradativa do nervo óptico, estrutura que conduz as imagens da retina ao cérebro.

Para o presidente do CBO, Cristiano Caixeta Umbelino, os exames para aferir a pressão intraocular devem estar na agenda de cuidados clínicos de os brasileiros. "O glaucoma é uma doença silenciosa e progressiva. Por isso, reforçamos a importância da realização precoce dos exames para o seu diagnóstico. Embora não tenha cura, o acompanhamento oftalmológico já nas fases iniciais pode garantir o seu controle e livrar o paciente de um quadro de cegueira permanente”, alerta.
 
O Conselho Brasileiro de Oftalmologia avalia que haja cerca de 1,5 milhão de pessoas com glaucoma no Brasil. No entanto, lembra o presidente da entidade, existe um grande contingente de casos que não foram ainda diagnosticados.

No mundo, estima-se que, em 2020, havia 80 milhões de pessoas com glaucoma instalado. Uma projeção da Associação Internacional de Prevenção da Cegueira (IAPB, do nome em inglês) indica que o total de pacientes com essa doença chegará a 112 milhões até o ano de 2040, em todo o mundo.

Dados absolutos

No primeiro trimestre de 2019, antes da chegada do coronavírus, o banco de dados do SUS registrava 990.124 exames relacionados à doença. Em 2020, no mesmo período, observava-se uma tendência de aumento nos cuidados relacionados ao glaucoma, com crescimento de 6,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. No entanto, ainda em março daquele ano, a crise sanitária no Brasil interrompeu a evolução positiva dos números e, em 2021, os registros apontam o pior desempenho para um primeiro semestre desde 2019.

Ao analisar a distribuição geográfica dos exames para glaucoma realizados nos primeiros trimestres dos últimos quatro anos, é possível verificar que a melhora da cobertura em 2022 se estende a todas as regiões do País. Em números absolutos, com o melhor desempenho registrado no primeiro trimestre de 2022, o Sudeste contabilizou 562.699 exames, número 22% maior que o feito no mesmo período do ano anterior (459.711).
 
Já os estados que lideraram a produção ambulatorial no primeiro trimestre de 2022, em termos absolutos, foram São Paulo (377.114), Pernambuco (167.357) e Rio Grande do Sul (117.052). Os estados com desempenho menos expressivo no mesmo período foram Mato Grosso (962), Roraima (1.006) e Distrito Federal (1.204).

Dentre os procedimentos clínicos mais recorrentes para o diagnóstico e tratamento do glaucoma na rede pública, o mapeamento de retina é destaque, sendo responsável por mais de 85.7% dos registros. Mas o exame que mais teve alta proporcional no comparativo entre 2021 e 2022 foi a tomografia de coerência óptica, com variação positiva de 88%.

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(foto: Infográfico)

 
Na avaliação do CBO, o aumento na procura por cuidados relacionados ao glaucoma é fruto das ações de conscientização realizadas nos últimos anos. “A cada ano, inclusive durante a pandemia, dedicamos o mês de maio à intensificação de ações de conscientização acerca do glaucoma. Além de uma ameaça direta à visão, essa é uma doença silenciosa, por isso investimos em medidas educativas para que cada vez mais brasileiros possam entender a importância do diagnóstico e tratamento precoce desse problema”, alerta Cristiano Caixeta, presidente da entidade. 

24h pelo Glaucoma

A  divulgação desses dados pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) ocorre pouco após a realização da campanha 24 Horras pelo Glaucoma, que essa entidade organizou em parceria com a Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG), com foco no diagnóstico e no tratamento precoces dessa doença ocular, no último sábado (21). Por mieo do canal no Youtube do CBO, foram transmitidas reportagens em vídeo, entrevistas com especialistas e esclarecimentos sobre uso de medicamentos, realização de tratamentos e formas de acesso ao atendimento no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). 

Acompanhamento rigoroso

Carolina Gracitelli
A oftalmologista Carolina Gracitelli, do Vera Cruz Oftalmologia,alerta que as pessoas com histórico familiar em parentes de primeiro grau devem ter cuidado redobrado (foto: Matheus Campos/Divulgação)


“Descobri o glaucoma quando tinha 42 anos, após um acidente no qual o assoalho da órbita do meu olho se rompeu. Não tive sintomas, apenas conhecia o antecedente familiar da doença, do avô materno”, conta o engenheiro de alimentos Gilberto Guitte Gardiman, de 67 anos, sobre a detecção da pressão alta nos olhos. “Desde então, sigo fazendo o tratamento, que consiste na aplicação de colírios e no monitoramento periódico por meio de exames”. 

Gilberto faz parte das 80 milhões de pessoas em todo o mundo (pouco mais de 1% da população global) que sofrem com glaucoma. Segundo a oftalmologista Carolina Gracitelli, do Vera Cruz Oftalmologia, há vários tipos de glaucoma, tais como o de ângulo aberto, ângulo fechado, secundário e congênito. “O mais comum é o primário de ângulo aberto, em que a visão vai se perdendo aos poucos e não se consegue recuperar o que foi perdido. Por isso, o quanto antes for diagnosticado, mais chances de evitar a perda definitiva da visão e, portanto, é importante fazer visitas regulares a um especialista".

A médica esclarece ainda que, por ser uma doença assintomática, a enfermidade é a principal causa de cegueira irreversível no mundo. Ela alerta para os fatores de risco: “No início, o paciente não sente nada, não há sinais visíveis no olho. As pessoas com histórico familiar em parentes de primeiro grau devem ter cuidado redobrado. Genética, idade avançada, aumento da pressão intraocular, algumas etnias, miopia e diabetes são outros gatilhos”, detalha.

Para Carolina Gracitelli, a prevenção está na frequência com que se vai ao oftalmologista. “Todas as pessoas acima dos 40 anos e aquelas que têm alguns fatores de risco devem fazer um exame oftalmológico completo a fim de detectar sinais prematuros do glaucoma, entre outras doenças”.
 
A oftalmologista esclarece, ainda, que o diagnóstico é feito com um exame completo que mede a pressão intraocular, examina a parte do segmento anterior e o fundo do olho. “No Vera Cruz Oftalmologia temos disponível exames para fazer de forma muito eficiente o diagnóstico e o acompanhamento da doença. Usamos um aparelho chamado Campo Visual, que mede a perda da visão do paciente e mapeia onde há dificuldade de enxergar. Temos a tomografia de coerência óptica, que quantifica a perda dessas células responsáveis pela visão; a retinografia, que faz uma foto da estrutura do fundo do olho - o nervo óptico; e a paquimetria que mede a espessura da córnea”, explica.

Para controlar a doença, Gilberto mantém um controle rigoroso de cuidados com a higiene no entorno dos olhos e faz o uso constante de colírios indicados pelo médico, sempre adaptando horários e atividades para não comprometer o uso da medicação. “Não tenho medo da doença. Ao longo destes anos, as médicas e os médicos que me acompanharam conseguiram manter a pressão dos olhos em bons níveis na maior parte do tempo. E, com eles, aprendi a resolver problemas de vermelhidão nos olhos e nas pálpebras, secura nos olhos, tersóis. Sigo a vida me adaptando”.



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