
“O termo denomina aqueles jovens que passam muito tempo dentro desse cômodo, com quase nenhuma interlocução com as pessoas que moram na mesma casa, com muita dificuldade de dizer o que sentem e um potencial de violência contra si ou contra o outro muito intenso, muito forte”, explica o autor.
Resultado de uma pesquisa com 3.115 meninos e meninas entre 11 e 18 anos, dos quais 238 relataram ter sido vítimas de bullying ou cyberbullying, o livro faz um alerta para a urgência de escuta qualificada, atenta a sinais não verbais e às emoções, e desconstrói mitos de que as gerações atuais seriam mais fracas que as anteriores.
A geração do quarto, explica o autor, apresenta um diagnóstico de adultos negligentes com o bem-estar e a saúde mental de meninos e meninas na fase de transição para a vida adulta, incapazes de se colocar no lugar do outro.
A ausência deste afeto agrava as consequências do bullying, o que pode resultar, nos casos em que as queixas das vítimas não são devidamente acolhidas – seja pelos pais ou pela escola – em sentimentos de vingança contra o outro ou contra si próprio na forma de autolesões, ideação suicida ou suicídio.
A ausência deste afeto agrava as consequências do bullying, o que pode resultar, nos casos em que as queixas das vítimas não são devidamente acolhidas – seja pelos pais ou pela escola – em sentimentos de vingança contra o outro ou contra si próprio na forma de autolesões, ideação suicida ou suicídio.
Segundo Hugo, o termo “quarto” é uma metáfora à atitude de se isolar para aquela violência, de não saber expressar essa dor e pedir ajuda.
“Na adolescência, há uma tendência ao isolamento, isso é natural. O que ocorre agora é que a geração quarto se isola em sofrimento profundo, porque há sofrimento, não sabe se comunicar verbalmente, face a face. Seguindo a metáfora, o quarto é o exemplo de um lugar de refúgio para os adolescentes das gerações nascidas até o século 20, mas que com o advento das redes sociais e dos dispositivos móveis, se transformou em portais para um mundo de possibilidades, distante do controle parental”, completa.
“Na adolescência, há uma tendência ao isolamento, isso é natural. O que ocorre agora é que a geração quarto se isola em sofrimento profundo, porque há sofrimento, não sabe se comunicar verbalmente, face a face. Seguindo a metáfora, o quarto é o exemplo de um lugar de refúgio para os adolescentes das gerações nascidas até o século 20, mas que com o advento das redes sociais e dos dispositivos móveis, se transformou em portais para um mundo de possibilidades, distante do controle parental”, completa.
“Eu me liguei num grupo de caras que, como eu, pensa que é melhor não ficar perdendo tempo com sermão. Eu ponho o fone de ouvido e, quando eles vêm com aquela conversa, finjo ouvir, mas não escuto, quer dizer, escuto a música, o som, o barulho que der”, revelou R., de 14 anos, natural do Rio de Janeiro, em relato que está no livro.
Portanto, estabelecer um diálogo baseado na confiança torna-se imprescindível, como recomenda o autor a uma das mães que entrevistou. “Não ouça julgando, simplesmente ouça, não ouça comparando, simplesmente ouça, não ouça aconselhando, simplesmente ouça, não ouça se antecipando à resposta, respire e ouça”, esclarece Hugo.
“Escutar, nesse caso, não implica orientar simplesmente, mas se dar conta de que aquela menina, aquele menino, a nossa filha, o nosso filho, a nossa aluna, o nosso aluno, a nossa enteada, o nosso enteado são pessoas repletas de emoções e que por alguma razão, muitas vezes alheia a nós, à nossa vontade, elas e eles não estão confortáveis, mas vulneráveis, e querem nos pedir ajuda ainda que não consigam, não saibam, não falem.” Hugo recomenda que os pais que se sintam incapazes de administrar esse suporte busquem ajuda.
AUTOCONHECIMENTO
O comportamento dos adolescentes e jovens, defende o autor, é uma consequência do que a população fez e não fez com os projetos civilizatórios. E, após apresentar e analisar inúmeros casos ao longo da obra, Ferreira elencou caminhos para acabar com essa negligência por parte dos pais e da escola, que passa por 5 pilares: cuidado, autoconhecimento, convivência, dialogicidade e amorosidade.
Hugo diz ser fundamental que as escolas trabalhem a consciência emocional de seus alunos e que as famílias continuem esse processo em casa, pois “as crianças precisam saber lidar com elas”. Ele reforça ainda que o autoconhecimento tem uma relação direta com a ancestralidade. “A criança deve saber de onde veio, quem são seus familiares, qual a sua matriz. Quando a criança conhece sua história, sua capacidade de se defender e não ofender é potencializada. A pessoa que tem consciência de si raramente é vítima de bullying”, salienta.
O pilar da convivência, esclarece Ferreira, tem como objetivo disseminar o respeito pelas diferenças, ainda mais no ambiente escolar, onde coexistem vários grupos diferentes. Já a dialogicidade relaciona-se com o exercício da escuta e a aprender a ouvir. Por último, mas não menos importante, a amorosidade são as emoções essenciais de serem trabalhadas, como a compaixão. “Sem ela, o indivíduo não consegue entender que todo mundo sofre assim como ele sofre, logo, sem essa compreensão, vem a vontade de fazer todo mundo sofrer igual ele sofre”, finaliza o autor.

Autor: Hugo Monteiro
Ferreira
Editoria: Record
154 páginas
Preço: R$ 44,90