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Estado de Minas ALIMENTAÇÃO

Pesquisa da USP reforça que pipoca de micro-ondas pode causar Alzheimer

Estudo analisou moléculas associadas à doença no cérebro de ratos, identificando o composto diacetil, presente no alimento industrializado


04/04/2022 16:26 - atualizado 04/04/2022 17:15

Pipoca
Os ratos entraram em contato com o composto por 90 dias, com uma dosagem semelhante ao nível médio de consumo humano (foto: Reprodução/Pixabay)

Um estudo feito pelo Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP, após analisar por 90 dias, células do cérebro de ratos que consumiram o alimento, descobriram moléculas do composto diacetil. Ele é o responsável pelo gosto e aroma amanteigado da pipoca de micro-ondas. O resultado da pesquisa reforça a tese de que o consumo regular e em altas concentrações da substância pode gerar danos cerebrais, como o Alzheimer.

Análise cerebral
Imagem à esquerda mostra o cérebro de ratos que não consumiram o diacetil. Já à direita, exibe o cérebro dos animais que ingeriram o composto, indicando forte presença de moléculas associadas ao Alzheimer (pontinhos em vermelho) (foto: Lucas Ximenes/IQSC)

Análise

Segundo o autor da pesquisa e doutorando do IQSC, Lucas Ximenes, o diacetil afeta várias partes do cérebro, mas causa mais danos no hipotálamo - parte do cérebro que controla funções essenciais. Além disso, durante a análise, os cientistas identificaram grande parte de proteínas beta-amiloides, que normalmente são encontradas em pacientes com Alzheimer.

O estudo buscou utilizar quantidades diárias mais parecidas com o consumo humano, para diminuir a divergência nos resultados. Lucas enfatiza que a situação de quem trabalha nas fábricas de pipoca pode ser ainda mais preocupante, já que essas pessoas inalam o composto - altamente volátil, ou seja, que evapora rapidamente - mais diretamente, com mais frequência.

Diacetil nos alimentos

O diacetil pode ser encontrado em diversos alimentos, como cafés, cervejas, chocolates, leites, iogurtes, margarinas, temperos em pó do macarrão instantâneo, salgadinhos, bolachas, biscoitos e alimentos congelados (lasanha, hambúrgueres, pães de queijo) . Ele costuma ser usado como conservante ou flavorizante, para conferir aroma e sabor.

Além da pesquisa demonstrar que o composto causa doenças cerebrais, o autor da pesquisa completa que outros estudos já mostraram perigo para o sistema respiratório, como a bronquite obliterante. A enfermidade, inclusive, ganhou o nome de “doença da pipoca de micro-ondas” e, se não for tratada, pode até levar à morte.

As pessoas afetadas pela toxicidade do diacetil geralmente desenvolvem falta de ar e enrijecimento do tecido pulmonar, que podem ser confundidos e diagnosticados como asma ou bronquite. É uma doença grave que se não for tratada oferece riscos à vida.

Emanuel Carrilho, que orientou o estudo da IQSC, explica que um agravante é o fato de essas consequências virem após uma idade avançada, as crianças dificilmente terão danos cerebrais por conta do diacetil. "O processo é de longo prazo, por mais pipoca que ela coma, ainda não será uma exposição tão grande.É importante ressaltar que a dose aplicada por peso do animal, é baseada nos mercados consumidores europeus e americanos", argumenta.

De acordo com o professor, pessoas em situação de insegurança alimentar, que têm uma tendência maior em consumir produtos industrializados, têm maiores chances de fazer parte do grupo de risco para danos na saúde causados por esse conservante. "Tenho observado um agravamento do índice de obesidade, essas pessoas em situação de insegurança alimentar tendem a consumir produtos industrializados de menor valor nutricional e maior potencial de dano à saúde", explica.

*Estagiária sob supervisão da subeditora Fernanda Borges


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